O desejo é um elemento central na experiência humana, permeando as ações, pensamentos e emoções. Desde tempos imemoriais, filósofos e escritores têm explorado as profundezas do desejo, buscando entender suas origens, suas manifestações e suas implicações.

Platão foi um dos primeiros filósofos a abordar o desejo de maneira sistemática. Em seu diálogo “O Banquete”, apresenta o conceito de Eros, o desejo de alcançar a beleza e a verdade. Para ele, Eros não se limita ao desejo físico, mas se estende ao anseio pela sabedoria e pelo bem. O desejo platônico é uma força ascendente, que leva a alma a se elevar do mundano ao sublime, do corpóreo ao espiritual. Esse movimento ascendente do desejo reflete a busca humana pela completude e pela realização plena.

Leia Também:

– Dom Aquino Corrêa 

– Filosofia…

A Biografia de Dom Aquino Corrêa, em poesia

– Racionalismo e Existencialismo

– Ética na Inteligência Artificial

– Navegando nas Profundezas do Ser

– Linguagem Jurídica..

– Memórias…

– O poder 

– As Escolhas no Labirinto Existencial

– O Ego

– Os Pensadores da Civilização XIII

– A Existência Humana

– A Existência e os Propósitos da Vida

– Filosofia da mente

– Os pensadores da civilização V

– Há sentido na existência?

– Heidegger e Sartre

– Valer a pena…

– Admirar ou fanatizar?

– Dignidade humana

– Copa “sui generis”.

– Vida, sem sentido?

– Fatos fakes

– Não se deixe enganar!

– Ser feliz?

– Enxergar…

– PodBedelhar

– Conectados…

– A esperança de esperançar…

– Estado e Igreja 

– Direito à ironia

– Lutemos todos!

– Conhecimento em si

– Curupira, Pai do Mato, Caipora, cadê você?

– As flores estão alegres

– Felicidade pós liberdade

– A vida como ela é…

– Férias como reflexão

– O que te aprisiona?

– Viver melhor!

– O Kardec brasileiro

– Criminalidade

– De quem é a culpa?

– Liberdade como possibilidade

– Dia do rádio!

– No tempo dos sábios…

– Dualidade invisível

– Autonomia moral

– Existir e ser

– Paz e guerra

– A um passo da felicidade

– Os que lutam, a glória

– Humanos conceitos

– Os modelos mentais!

– Momentos de delírios…

– Política, moral e sanção

– Identidade social

– Toda honra, toda glória!

– Deus existe?

– Verdade? Não, fofoca

– Dignidade

– Fatos e ilusões!

– Súditos…

– Quem somos?

– Democracia e constitucionalismo

– Modernidade implacável

– Espinhos…

– Pensar e existir

– Verdade sobre si mesmo

– Corpos não mentem

– Fígado saudável, alma que suporta…

– Uma lógica, apenas!

– O mito da imparcialidade

– Versos e verdades

– Os Santificados…

– Mitos e verdades

– Direito e moral

– O real e o sonhado

– Verdade e consequência

– Ética e autenticidade

-Caráter e destino

– Sejas

-As cigarras!

-Se viver, verá!

-Mal, por misericórdia

-Intuição, valores

-Viver e melhor

-Qualquer pensamento, qualquer existência

-Um sonhador!!!

-Cuidado

-Eles Vivem?

-Paz e amor

-Consciência, de Chico

-Felicidade, a quem?

-Somos, missão e dever!

-Liberdade como pena

-Alegria, alegria…

-Do pensamento, felicidade!
-Sou por estar

-Liberdade sem asas

-Utopia para caminhar…

-Amar, de menos a mais
-Ouvir e calar
-Rir e chorar
-Somos e sermos…
-Violência circular
-Dever para com o povo
-A verdade que basta

Sigmund Freud, o pai da psicanálise, trouxe uma perspectiva diferente ao desejo. Ele o viu como uma força primordial, profundamente enraizada no inconsciente, moldando as ações e pensamentos de maneiras muitas vezes além da compreensão consciente. Em “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade”, Freud argumenta que o desejo sexual é uma das principais motivações do comportamento humano. Para ele, o desejo é tanto uma fonte de prazer quanto de conflito, pois os impulsos do id frequentemente entram em choque com as restrições do superego e da realidade externa.

Um dos principais representantes do existencialismo, Sartre oferece uma visão mais sombria do desejo. Em “O Ser e o Nada”, descreve o desejo como uma manifestação da falta fundamental que caracteriza a existência humana. Para ele, o desejo surge da condição de seres incompletos, que buscam, incessantemente, por preenchimento. No entanto, Sartre vê o desejo como condenado ao fracasso, pois a sua realização inevitavelmente gera novos desejos, perpetuando um ciclo interminável de insatisfação. “O desejo é falta tornada consciência de si”, afirma, sublinhando a intrínseca insaciabilidade do desejo humano.

No campo da literatura, Proust explora o desejo em sua obra monumental “Em Busca do Tempo Perdido”.Ele retrata o desejo como uma força que tanto inspira quanto atormenta. Seus personagens são movidos por desejos profundos que, ao serem realizados, muitas vezes revelam a futilidade e a transitoriedade do que antes parecia essencial. Proust mostra que o desejo é uma força que pode levar a momentos de intensa beleza e percepção, mas também a abismos de decepção e melancolia.

Em “O Segundo Sexo”, Simone de Beauvoir analisa o desejo sob a perspectiva de gênero, destacando como as estruturas patriarcais moldam e limitam os desejos das mulheres. Argumenta que o desejo feminino foi historicamente reprimido e distorcido, subjugado aos interesses e expectativas masculinas, e defende a necessidade de uma reavaliação e libertação, promovendo a igualdade genuína entre os gêneros.

Por outro lado, o poeta e ensaísta Charles Baudelaire oferece uma visão estética do desejo. Em “As Flores do Mal”, Baudelaire explora o desejo em sua forma mais hedonista e decadente, celebrando o prazer sensorial enquanto reconhece sua natureza efêmera e ilusória. Para ele, o desejo é uma chama que ilumina a escuridão da existência, ainda que por um momento, antes de se extinguir na inevitável realidade do tempo.

Em seu primeiro livro, “Mentira Romântica e Verdade Romanesca”, o filósofo contemporâneo René Girard argumenta que o desejo é essencialmente social e nasce da observação e imitação dos desejos dos outros. Essa visão desafia a ideia de desejos autênticos e individuais, apresentando-os como construções sociais e culturais.

Juntas, essas perspectivas revelam a profundidade e a universalidade do desejo, refletindo sua presença incessante e seu papel central na vida de todos: desejar o que não se tem e, tendo, novos desejos para desejar.

É por aí…

*GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO (Saíto)   é formado em Filosofia e Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); é membro da Academia Mato-Grossense de Magistrados (AMA), da Academia de Direito Constitucional (MT), poeta, professor universitário e juiz de Direito na Comarca de CuiabáE é autor da página Bedelho Filosófico (Face, Insta e YouTube).

E-MAIL:                    antunesdebarros@hotmail.com   ou    podbedelhar@gmail.com

 — — — —

CONTATO:               bedelho.filosofico@gmail.com

 — — — —

FACEBOOK:             www.facebook.com/bedelho.filosofico