A questão da existência e dos propósitos da vida é uma das indagações mais profundas e antigas que a humanidade já enfrentou. Desde os primórdios da filosofia, os pensadores têm buscado compreender o sentido da existência humana e o propósito subjacente a essa jornada.
A existência humana é uma experiência singular. Somos seres conscientes, capazes de refletir sobre nós mesmos e sobre o mundo que nos cerca. E isso nos diferencia das outras formas de vida, tornando-nos capazes de questionar e buscar respostas para as questões fundamentais da existência.
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-Sou por estar
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-Rir e chorar
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-Violência circular
-Dever para com o povo
-A verdade que basta
No entanto, essa mesma consciência também nos torna vulneráveis à angústia existencial. À medida que refletimos sobre a nossa própria finitude, sobre a inevitabilidade da morte e sobre a aparente falta de um propósito intrínseco à vida, muitos de nós nos sentimos perdidos e desorientados.
Uma das respostas mais comuns à angústia existencial é a busca por significado. Muitos filósofos e pensadores argumentam que a vida só adquire um propósito quando atribuímos significado a ela. Isso implica que cada indivíduo tem a responsabilidade de criar seu próprio propósito na vida.
O existencialismo, corrente filosófica que surgiu no século XX, destaca essa ideia. Jean-Paul Sartre afirmou que o homem está “condenado à liberdade”, o que significa que é livre para escolher os próprios valores e objetivos na vida. No entanto, essa liberdade traz consigo a angústia da responsabilidade, pois não podemos culpar ninguém além de nós mesmos por nossas escolhas e ações.
A busca por significado na vida pode levar as pessoas a explorar seus interesses pessoais, talentos e paixões. A realização pessoal e a busca da felicidade são frequentemente consideradas como objetivos legítimos. Afinal, se a vida não tem um propósito intrínseco, encontrar alegria e satisfação em nossas ações e relacionamentos pode ser uma maneira valiosa de dar sentido à nossa existência.
Também, a conexão com os outros desempenha um papel significativo na busca por significado. Relacionamentos interpessoais, amor, amizade e cuidado mútuo podem fornecer um profundo senso de propósito. Muitos argumentam que a construção de relacionamentos significativos e a contribuição para o bem-estar dos outros são formas valiosas de dar sentido à vida.
Para alguns, a busca por significado na vida vai além do âmbito pessoal e se volta para o transcendental. A religião, por exemplo, oferece sistemas de crenças que afirmam a existência de um propósito divino na vida humana. Através da fé e da adesão a princípios religiosos, muitas pessoas encontram orientação e significado.
Além da religião, a filosofia também explorou a possibilidade de um significado transcendental. Para Kant, a busca pelo “bem supremo” – a realização da moralidade e da virtude – pode ser vista como uma busca por um propósito transcendental que transcende a existência terrena.
No entanto, é importante reconhecer que a busca por significado na vida não é isenta de desafios e críticas. Alguns argumentam que a ideia de um propósito transcendental é meramente uma projeção de desejos humanos e não tem base objetiva. Além disso, a existência de sofrimento e injustiça no mundo levanta questões sobre como reconciliar a busca por significado com a realidade da dor e do mal.
O que se deve evitar é que a busca pelo significado pessoal possa levar ao relativismo moral, onde cada pessoa decide seus próprios valores e propósitos sem considerar as consequências éticas de suas ações.
É por aí…
*GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO (Saíto) é formado em Filosofia e Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); é membro da Academia Mato-Grossense de Magistrados (AMA), da Academia de Direito Constitucional (MT), poeta, professor universitário e juiz de Direito na Comarca de Cuiabá. E é autor da página Bedelho Filosófico (Face, Insta e YouTube).
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