Entre os dias 4 e 6 de outubro aconteceu a famosa 77ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (SOEA) na cidade de Goiânia, Goiás. A tônica do evento evidencia o que já deveria estar claro para todos nós: o caminho para o desenvolvimento de um país está diretamente associado ao campo das engenharias e seu fortalecimento.
Os principais desafios de países emergentes como o Brasil, com seus variados problemas ambientais, sociais e econômicos, materializados na falta de infraestrutura e logística, desindustrialização e uberização da economia, crescimento urbano desordenado e ocupação irregular do solo etc. foram amplamente debatidos durante a semana. A reunião da seleta expertise da engenharia nacional se impõe e se coloca como ponto chave para o desenvolvimento brasileiro, para retomarmos e avançarmos ao posto de 6ª economia mundial, da qual tanto nos orgulhávamos no passado recente.
Apontando para uma mudança de paradigmas necessária e urgente, onde antes estava posto a supervalorização da burocracia estatal, entendemos que as carreiras de Engenharia, Agronomia e Geociências precisam retomar sua valorização, dignidade e protagonismo. Protagonismo que assumiu em todos os momentos de grande desenvolvimento econômico e ascensão na qualidade de vida dos brasileiros ao longo da história do país.
Pensadores como Amartya Sen, cientista indiano e ganhador do Nobel de Economia em 1998, e Ignacy Sachs demonstram há um bom tempo que a economia de um país deve ser desenvolvida observando o bem-estar social do seu povo, que passa pelo cuidado ao meio ambiente, condições de trabalho, saúde e habitação dignos. Neste diapasão, novos imperativos se associam as necessidades socioambientais e se impõem, devido a emergência climática que nosso planeta enfrenta. Portanto, crescimento é importante, mas não há prosperidade de uma nação sem o desenvolvimento sustentável.
Novos conceitos estão sendo incorporados no campo, nas cidades, nas empresas: como ESG (governança, cuidado ambiental e social), Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS), Compliance, Green Buildings, Mercado de Carbono, BigData, BlockChain, Internet das Coisas, 5G etc. A engenharia moderna está alinhada a estes conceitos, cada vez mais transdisciplinar, criativa, digital e disruptiva.
Não será tarefa trivial colocar o Brasil novamente nos trilhos do desenvolvimento. Para superarmos a década perdida, a crise econômica pós-pandemia, além dos recentes problemas e conflitos geopolíticos é mais que necessário ter os engenheiros e as engenharias como aliados. Portanto, urge valorizar a engenharia, a agronomia e as geociências em nosso país. Desenvolver nosso parque industrial e nossa infraestrutura é conditio sine qua non para a superação da sistêmica e profunda crise econômica, quiçá ambiental e social em que vivemos.
Neste sentido, a inovação, a sustentabilidade e a conectividade serão não só combustível como também a bússola, orientando a atuação governamental, científica e profissional, para alcançarmos a erradicação da pobreza e o fim da fome, realizarmos a almejada igualdade de gênero, uma agricultura cada vez mais sustentável, o desenvolvimento de infraestrutura de água potável e saneamento, energia limpa e cada vez mais acessível a todos, promovendo a saúde e bem-estar. A engenharia nacional no centro será força motriz com seu vetor de competências e atribuições necessárias para redução do aquecimento global, manutenção das vidas terrestres e aquáticas, criação de tecnologias que tornam as instituições cada vez mais eficazes e transparentes.
Inovação, Sustentabilidade & Conexão, a engenharia faz.
André Luís Torres Baby é Engenheiro Florestal e Mestre em Sustentabilidade, Conselheiro do Crea-MT
Walter Aguiar Martins Júnior é Engenheiro Eletricista e Especialista em Sustentabilidade, Conselheiro do Crea-MT