Dialogando com profissionais da Educação Pública de todo Mato Grosso, sindicalizados ou não, dirigentes ou não, foi possível identificar diversas angústias e dúvidas aparentemente sem respostas, respectivas a pontos críticos de difícil ou impossível correção de rumo, só zerando o processo e reiniciar com uma metodologia razoável, não sem coordenação lógica, transparente, não obscurantista, democraticamente, não autoritariamente, ante o que já foi feito, sem consulta pública, apenas deliberação de cúpula.
Angústias e indignação com o rolo compressor vindo de cima para baixo, com o obscurantismo das informações, com a tomada de decisões para depois abrir o diálogo, sem participação prévia dos profissionais da Educação da Rede Estadual de Ensino, basicamente para fazer comunicados.
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Invertendo a lógica do planejamento estratégico, primeiro adquirindo plataforma virtual e definindo a política de ensino, arbitrariamente, para depois demandar as escolas para fazerem levantamento de informações e diagnóstico, sobre conectividade e recursos operacionais, principalmente tecnológicos, bem como para capacitação dos educadores, com ferramentas tecnológicas que a maioria nunca teve acesso e/ou contato algum, para num passe de mágica virarem técnicos de informação digital.
Houve o diagnóstico situacional da escola, sobre a conectividade dos alunos, dos professores, das disponibilidade dos responsáveis em acompanhar as atividades em tempo real, sobre os equipamentos que a escola não possui para atender os professores?
A secretaria pediu esses quantitativo antes da implantação do plano, dando tempo hábil para a escola fazer a análise situacional, de recursos tecnológicos e capacitação digital avançada, para decidir pelo uso ou não de plataforma virtual? Ou primeiro decidiu e depois perguntou, sem se importar com a resposta, impondo sua vontade, seja lá por qual motivação?
A Seduc levou em conta a situação das escolas rurais, índigenas e quilombolas e suas dificuldades de falta de Internet, equipamentos de informática, energia elétrica e distâncias quilométricas para entrega de apostilas?
Para o aluno que não tem Internet, a Secretaria apresentou algum plano de inclusão digital, exequível durante a pandemia, deixando novamente esses alunos de fora das ações pedagógicas?
Foi ou será feita capacitação para o manejo da plataforma Teams, com todos educadores diretamente com técnicos da Microsoft, ao invés de “multiplicadores” internos?
Foi feita formação específica para os docentes atuarem de forma remota distinta com esses alunos, no monitoramento, avaliação e correção?
Os professores terão de dispor de seus equipamentos particulares para atender as demandas da escola, como Internet, telefone, computador e demais custos, pagando do próprio bolso, com subsídios defasados e que não são para essa finalidade? Ou o Governo/Seduc vai dispor de uma verba indenizatória para financiar esse custeio e investimento público, para os educadores fazerem frente às despesas extraordinárias que terão?
Ou, pior e mais dramático, sem nenhuma alternativa, os educadores serão forçados ir para a escola trabalhar, mesmo com as escolas sem equipamentos tecnológicos e sem estrutura mínima para atender esses profissionais, além do risco de contrair covid-19, em plena pandemia, com pico previsto para setembro em Mato Grosso e término no Brasil em março de 2021?
As unidades escolares foram consultadas sobre a escolha da plataforma Teams, ou sobre qualquer outra que lhes fosse mais acessível? Ou a opção foi unilateral e de dentro de um único gabinete? Quanto custou para o Estado?
A entrega das apostilas feita pela escola, que expõem os profissionais da educação, no caso os técnicos, ao risco de contágio da Covid, não contribuindo inclusive para as campanhas de isolamento social, gerando movimentação nas cidades e oferecendo riscos a todos, não poderiam ser entregues pelos Correios, via convênio com a empresa?
A Seduc disponibilizou acesso real à plataforma da Microsoft que será utilizada no atendimento aos alunos até o presente momento aos educadores? Ou deixará para depois de iniciar as aulas?
Enfim, são uma série de questões em aberto, afora tantas outras, que precisam ser respondidas para ontem pelo Governo e pela Seduc, não só para os profissionais da Educação, mas para os alunos, país e toda população.
Por fim, ficará registrado e-mail abaixo, para que novos questionamentos, sugestões ou críticas, possam ser feitas, para serem abordadas na Live com o título “Exclusão Digital na Educação: Violação da Dignidade e Cidadania de Alunos e Professores”, nesta quarta-feira (29/07), às 20h, com a participação deste subscritor e outros, conforme a arte abaixo.

*PAULO LEMOS  MELO DE MENEZES é  Advogado e professor em Cuiabá; advogado especialista em Direito Administrativo com Ênfase em Planejamento e Improbidade Administrativa; especialista em Direito Eleitoral pela Universidade de Santa Cruz do Sul/RS, em convênio com o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), igualmente pela Fundação Escola do Ministério Público/MT, ex-títular da Comissão de Direito Eleitoral da OAB/MT, palestrante e seminarista em Direito Eleitoral, centenas de artigos de opinião publicados e experiência de 15 anos em advocacia eleitoral, inclusive como coordenador-geral na área jurídica. Só que, principalmente, alguém que não deixou o cérebro descer para o intestino.

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