Após aprovação do Conselho Deliberativo no início da semana, o Flamengo, em coletiva virtual, apresentou oficialmente o Banco de Brasília (BRB) como novo patrocinador master na manhã desta quarta-feira. O presidente Rodolfo Landim e o vice de comunição e markenting Gustavo Oliveira, ao lado de Paulo Henrique Costa, presidente do BRB, destacaram a “parceria inédita e histórica” no futebol brasileiro.
De acordo com Landim, o conjunto de ações tem um valor garantido de R$ 32 milhões, mas existe a expectativa por um aumento da receita com o passar do tempo.
– É difícil falar nesse momento (o valor anual), temos uma série de produtos que estamos desenvolvendo. O que podemos dizer a vocês é que o Flamengo tem a garantia de um mínimo de R$ 32 milhões, mas temos um plano de negócios e à medida que esses produtos chegam ao mercado a ideia é que essas receitas possam ir aumentando. Diria algo realista, não otimista, R$ 50 milhões por ano em 3 anos. Espero um resultado positivo, mais surpreendente ainda, para que a gente possa ter valores ainda maiores – disse o presidente do Flamengo.
O novo formato de parceria, segundo Landim, não significa um movimento do clube para se transformar em S/A. A visão das partes envolvidas na negociação é na divisão de receitas a partir de produtos financeiros a serem desenvolvidos em conjunto.
– O Flamengo não tem planos de se transformar em S/A, é uma associação desportiva. Não temos nada contra que outros clubes se transformem em empresas, mas a posição do Flamengo é de que quer permanecer como associação desportiva. Sobre o BRB, é muito cedo para falar algo, começar a desenvolver esses produtos, a divisão de receitas já foi explicada, e dependendo de como isso evoluir a ideia é trabalhar para formalizar uma empresa. Mas isso ainda é muito novo, são coisas para decidir mais tarde. O momento é trabalhar para desenvolver esses produtos.
A diretoria anunciou no dia 19 de junho o acerto com seu novo patrocinador por um período de três anos. O valor mínimo garantido se dá pelo direito de exclusividade de exploração dos negócios previstos no acordo envolvendo torcedores, imagem e negócios corporativos com o clube.
O Conselho aprovou na noite de segunda-feira o contrato. Em votação online, com recorde de participação, houve 1.083 votos a favor, 31 contra e uma abstenção.
VEJA OUTROS TRECHOS DA COLETIVA
INÍCIO DAS NEGOCIAÇÕES
Rodolfo Landim: “Começou de fato no ano passado numa visão muito focada em patrocínio, mas as discussões começaram a evoluir em março para outro conceito, de parceria. Aproveitar a lealdade do nosso torcedor para desenvolver produtos. Esse conceito evoluiu e agora estamos muito felizes de poder assinar esse contrato”.
Paulo Henrique Costa (BRB): “A questão chave é o engajamento da torcida. A gente fechou um contrato que não tem limite. Existe um plano de negócios base e a gente acha que vai superar”.
Paulo Henrique Costa, presidente do BRB, em apresentação oficial do Flamengo — Foto: Marcelo Cortes/Flamengo
VALOR GARANTIDO NO CONTRATO
Gustavo Oliveira: “Esse é o dinheiro mínimo que o Flamengo vai receber. Mas a gente acredita que será muito mais. Não só a gente acredita, o mercado acredita. As ações do banco valorizaram 64% depois da assinatura do contrato. Hoje o banco vale R$ 1,2 bilhão a mais do que antes de assinar com o Flamengo. O mínimo garantido vai ficar muito para trás. Não teremos de devolver dinheiro caso os resultados não cheguem a R$ 96 milhões em 3 anos”.
INÍCIO DA PARCERIA
Paulo Henrique Costa (BRB): “Nossa saudação muito especial a toda a Nação Rubro-Negra. Com imenso orgulho que a gente trata de uma parceria comercial e estratégica visando um banco digital e um conjunto de produtos exclusivos desde cartões, conta corrente, produtos de crédito e um conjunto de ações de relacionamento para aproximar ainda mais essa torcida fantástica de um clube tão querido. Uma parceria história, inédita. Nenhum outro clube de futebol tem uma parceria desse tamanho em que unimos nossas forças e dividimos todos os resultados ao longo dessa caminhada. Agradecemos o voto de confiança. Uma fonte perene e de longo prazo de recursos para o Flamengo, para que continue a ser o maior e melhor time de futebol do Brasil, com a maior torcida do mundo”.
NOVOS PATROCÍNIOS
Gustavo Oliveira: “A pandemia dificultou bastante o mercado, mas continuamos trabalhando. Temos dois espaços, a manga e o calção, um deles praticamente fechado. Mas estamos trabalhando para trazer mais receita para o Flamengo”.
MOTIVO DA APOSTA NO FLAMENGO
Paulo Henrique Costa (BRB): “Os valores não comparáveis. Pode se tornar uma empresa mais na frente e trazer um ativo muito grande para o Flamengo. A gente acredita que existe um espaço para ter um banco digital diferenciado, exclusivo para os 40 milhões de torcedores do Flamengo. A gente entende que esse modelo não existe no mercado hoje. E claro que o BRB vai atingir um outro patamar. O BRB quer se expandir no território nacional, então nada melhor que ter um parceiro como o Flamengo”.
AMAZON
Rodolfo Landim: “O que a gente está buscando e concluindo nesse contrato é uma parceria comercial. E o que nos foi oferecido e discutido com a Amazon, isso sim era um contrato de patrocínio. O que a gente fez foi evoluir pura e simplesmente de um patrocínio para um contrato de parceria, tentando envolver toda a massa de torcedores para buscar mais resultado. Isso não impede que tenhamos contatos com a Amazon para desenvolver produtos no futuro. Mas como proposta de negócio, a proposta do BRB foi muito muito melhor”.
Gustavo Oliveira: “As redes sociais do Flamengo hoje tem 34 milhões, disparada a maior. A Fla TV é a quarta no mundo. Isso é um patrimônio. Isso é buscado pelos grandes anunciantes, patrocinadores. Todos os parceiros nossos buscam muito a parte de rede social. Então nada impede que uma empresa como a Amazon, Youtube, não trabalhe em um espaço de camisa mas nesse universo enorme de engajamento. A linha do presidente Landim é investir nessa área e fazer com que isso se torne um ativo importante”.
Rodolfo Landim, do Flamengo, e Paulo Henrique Costa, do BRB, assinam contrato de parceria — Foto: Marcelo Cortes/Flamengo
IMPACTO DA PARCERIA
Paulo Henrique Costa (BRB): “Valia 2,5 bilhões. O efeito de fato foi significativo, 64% de valorização, isso fez com que chegássemos próximos de 4 bilhões em valor de marcado. Quando a gente monta uma parceria desse tamanho, não existem limites para o que vamos construir. Existe uma estimativa inicial que essa parceria gere R$ 50 milhões por ano. Estamos construindo um negócio novo e ao final desse negócio, toda a base de clientes, produtos consumidos, serão meio a meio. E lá na frente discutiremos se faremos uma empresa, o que poderia ser um ativo extraordinário para o clube. O que posso dizer é que discutimos valores na casa de bilhão”.
CUSTOS x RECEITA EM 2020
Rodolfo Landim: “O Flamengo tem como previsão de custos operacionais com o futebol 230 milhões esse ano. Estamos falando de uma receita muito importante para o Flamengo, mas obviamente não é suficiente. O Flamengo vai precisar continuar contando com o apoio do sócio-torcedor, da sua torcida quando reabrir, das parcerias, transmissão, obviamente precisa de tudo isso para manter um equilíbrio entre nossas receitas e despesas”.
ESTRATÉGIAS
Gustavo Oliveira: “A gente está dando um passo de uma caminhada longa. Nesse primeiro momento já tem um comunicado com o BRB, o Flamengo já está divulgando nas redes sociais, mas para esse jogo de hoje não há nenhuma ação pontual. O time já entra com essa camisa, vamos ter a marca do backdrop, ou seja, a marca vai estar fortemente presente no jogo, mas não existe nenhuma ação específica”.
PROCURA DE OUTROS CLUBES PELO BRB
Paulo Henrique Costa (BRB): “O BRB vem sendo procurado por diversos times. Nesse modelo específico, nosso objetivo no momento é concentrar esforços, fazer com que essa parceria vá longe e produza os resultados que a gente espera”.
SÓCIOS-TORCEDORES
Rodolfo Landim: “A gente espera que com a volta do futebol a gente volte a ter no mínimo o mesmo número do ano passado, até porque a expectativa esportiva é a mesma, com um time reforçado. Mas junto com o BRB certamente vamos desenvolver algo nesse sentido envolvendo os nossos sócios-torcedores. Criar uma plataforma de relação direta com nossos torcedores com uma grande quantidade de produtos para ofertar. A ideia é envolver muito os nossos sócios-torcedores e outros torcedores também, independente de serem sócios”.
Gustavo Oliveira: “Queria fazer um agradecimento ao sócio-torcedor durante a pandemia. A queda não foi tão grande assim quanto estão dizendo. Quero agradecer a lealdade, dá para sentir a paixão desse pessoal. O sócio-torcedor será priorizado nessa volta e outras ações que estamos desenvolvendo”.
PANDEMIA
Rodolfo Landim: “É um momento complicado que está passando o país, a gente fica muito feliz de estar aumentando significativamente a receita. Muito importante para compensar as perdas que vamos ter esse ano, como bilheteria e que a gente já comentou de sócio-torcedor”.
CLÁUSULA DE FIM DA PARCERIA
Rodolfo Landim: “Isso ajuda a explicar uma má interpretação. É normal que isso ocorra nos contratos entre instituições. Quando se ter mudança de governança, os contratos podem ser rediscutidos. É natural que isso ocorra. Isso se transformou em algo positivo na minha percepção porque vale para os dois lados. Ou seja, quem quer que venha a assumir, também terá o direito de, se entender que o contrato não é bom, buscar uma oportunidade melhor para trazer mais recursos para o Flamengo. Diria que ao contrário do que foi dito, que seria algo só de um lado, que o Flamengo poderia ficar frágil, na verdade é dos dois lados. Foi a forma como a gente redigiu e a nova administração que assumir em 2022 terá o direito de avaliar isso”.
APROVAÇÃO NO CONSELHO
Rodolfo Landim: “O que foi discutido no Deliberativo, tivemos mais de mil sócios aprovando esse contrato. Então fico muito feliz, vamos dizer assim, todos os sócios entenderam a importância desse contrato, como é bom para o Flamengo. Existe um alinhamento muito grande em termos de ambição e de foco para que a gente possa desenvolver de fato todos esses produtos que estão planejados. Independente de qualquer coisa, aquele valor que foi publicado de R$ 32 milhões é o mínimo garantido. A gente quer ampliar e muito, mas não existe risco, como ocorreu com a Carabao, ter um dissabor nesse processo. A forma como estamos estruturando e a energia que estamos colocando em cima disso, a disposição dos nossos parceiros, tenho certeza que levará a resultados diferentes do que tivemos no passado”.
BASQUETE x FUTEBOL
Paulo Henrique Costa (BRB): “A fórmula do negócio é diferente do basquete. No basquete foi negociada sim uma cota de jogos em Brasília. No futebol estamos falando de uma parceria. Essas discussões não estão em contrato, mas se entendermos que é importante para a parceria e para a torcida, eventualmente pode acontecer”. (Globo Esporte)