O Sport conseguiu, na Justiça do Trabalho, a suspensão dos pagamentos da dívida com o goleiro Magrão, por três meses após a volta das atividades. Medida solicitada pelo clube, sob a justificativa da crise causada pela Covid-19. A decisão, no entanto, aconteceu contra a vontade do camisa 1, que mostrou-se revoltado com a direção rubro-negra, em entrevista ao Canal do Nicola.

– A gente vê um pouco de mal caráter da parte das pessoas que estão tomando a frente dessa situação em relação ao Sport. Porque havia um acordo, onde eu aceitei a situação, entendi o problema do clube, mas agora que é para pagar o acordo que tinha feito, eles começam a falar que não tem condições. Então é complicado. Foi feito um acordo e esse acordo foi desonrado. Vamos ver se a gente entra em um acordo pelo menos um pouco amigável.

Procurado, o Sport ainda não se posicionou sobre o tema.

Quando o Rubro-negro solicitou a suspensão do processo, em 13 de maio de 2020, Magrão posicionou-se contra, impugnando a manifestação do clube. O pedido do Leão, no entanto, foi aceito pela juíza Maria Carla Dourado de Brito Jurema.

Na ocasião, a repactuação entre clube e atleta, deferida em 20 de abril, deixou de valer. No acordo, o Sport havia adiado as parcelas de abril e junho para 2023, assim como metade dos valores correspondentes a maio e julho. O pedido de suspensão ocorreu dois dias antes de quando deveria pagar os outros 50% de maio.

“Está difícil para todo mundo e quando eles me procuraram para reduzir, eu falei: ‘Não tem problema, eu aceito’. Quando foi para receber agora um pedaço, eles entraram de novo, dizendo que não tem condições de pagar. Aí eu falei: ‘Pera aí’. Estou querendo ajudar, mas a gente vê que algumas pessoas usam a pandemia, as dificuldades, para fazer safadeza” – disse Magrão.

O começo do problema

O valor do processo, ajuizado pelo goleiro no ano passado, corresponde a R$ 5 milhões. Mas duas semanas após o início da briga na Justiça do Trabalho, Sport e Magrão entraram em acordo, acertando um parcelamento sobre um montante de aproximadamente R$ 1,8 milhões. Na entrevista, o camisa um explicou o motivo por ter recorrido aos meios legais quando deixou a Ilha do Retiro.

– Fiquei praticamente seis meses sem receber e não vi da parte deles uma vontade de solucionar o problema. Não sei se por achar, pelo tempo que eu estava no clube, que eu não estava ligando, mas tenho família, projetos na vida e estava precisando dos meus salários. E pelas conversas que a gente estava tendo, eles não mostraram preocupação, que queriam resolver essa questão. Eles iam empurrar com a barriga e aí eu falei, tudo tem um limite.

Maior campeão da história do clube, acumulando, entre os títulos, a Copa do Brasil de 2008, Magrão passou 14 anos no Sport. No ano passado, estava no banco de reservas, durante a Série B, quando deixou o Leão, em junho.

– Infelizmente acabei saindo de uma maneira que não gostaria, mas sempre deixei claro o amor, respeito, carinho, pelo torcedor e pelo clube. Independentemente de alguns dirigentes terem arrebentado o clube. Queria sair de uma maneira diferente, mas não me arrependo, porque provavelmente lá na frente iria me arrepender se não tivesse tomado essa atitude. Meu problema é com as pessoas. Infelizmente sabemos que nem todo torcedor consegue raciocinar de uma maneira clara. O que eu pude fazer, eu fiz, pelo clube. (Globo Esporte)