Um dia após a reunião entre a prefeitura do Rio, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) e clubes que disputam o Campeonato Carioca, os dirigentes se reuniram, desta vez virtualmente, em arbitral para decidir os rumos da competição. Foi aprovada a extensão do prazo para regularização de atletas em diretrizes e novas datas ainda a serem divulgadas.

No debate do arbitral da Ferj, a justificativa colocada era que seria preciso resguardar a saúde dos atletas e permitirem aos clubes renovarem os elencos, pois há casos de jogadores e comissão técnica já sem contrato.

Federação realizou arbitral por videoconferência devido à quarentena — Foto: Caio Filho

Federação realizou arbitral por videoconferência devido à quarentena — Foto: Caio Filho

Os clubes – com votos da maioria, mas sem unanimidade (pois não tiveram votos a favor de Botafogo e Fluminense – admitiram a possibilidade de jogar fora do Rio de Janeiro caso a cidade não possa abrigar os jogos por causa da pandemia. Fluminense e Botafogo protestaram e lembraram que mudança desta no regulamento só poderia passar por unanimidade, não pela maioria. Insatisfeito, o Tricolor estuda quais medidas vai adotar.

No documento em que pediram a impugnação, Botafogo e Fluminense lembraram artigo de regulamento da Ferj, que diz: “Após sua aprovação, o Regulamento de cada competição será disponibilizado no sítio próprio da FERJ na Internet, juntamente com a respectiva tabela de jogos, só podendo ser alterado pelo Conselho Arbitral por decisão unânime dos seus integrantes, em reunião especialmente convocada para esse fim e desde que a alteração seja realizada antes do início do campeonato, dentro dos prazos legais, de modo a assegurar a transparência, credibilidade e imutabilidade dos critérios democraticamente estabelecidos pelas equipes disputantes.”

Mas o Regulamento Geral de Competições de 2020, no artigo 14, permite a mudança “depois de aprovada e publicada a tabela no site da FERJ”, em caso de alteração de data, horário, local dos jogos e o mando de campo por “por decisão unânime do Conselho Arbitral, no caso da categoria de profissionais” ou também por “ocasiões nas quais se verificar a existência de caso fortuito ou força maior”, o que a Ferj alegou no encontro.

Marcelo Barros, presidente da Portuguesa da Ilha do Governador, reprovou o posicionamento de Fluminense e Botafogo:

– Eu sinceramente lamento. Porque a gente está se preocupando com a vida também. Não tem nada sendo feito com irresponsabilidade. Tivemos várias reuniões, fora as reuniões do médicos para podermos votar com segurança. Com planejamento.

Sobre a longa duração da reunião, cerca de três horas e meia, Barros afirmou:

– Discordância existe. Mas a democracia existe. Os presidentes votaram, tiveram tempo para falar. Mas a democracia vence. A totalidade vence a minoria. E conseguimos aprovar as medidas para o retorno. Tudo dentro de uma responsabilidade imensa, com médicos renomados.

Presidente do Madureira, Elias Duba também alfinetou a dupla Botafogo e Fluminense pela tentativa de impugnar alguns itens do arbitral, mas disse que “foi tudo tranquilo”:

– Em algumas questão eles votaram contra. Mas votaram contra até o que votaram a favor antes. Antes eram a favor do arbitral. Agora tentaram impugnar. Mas no geral votaram a favor em alguns pontos. Foi tudo tranquilo.

Duba anunciou a volta dos trabalhos no Madureira nesta quarta-feira e acredita no dia 14 de junho para o retorno do campeonato:

– Voltamos aos treinos na quarta. Vai ficar por essa data a volta. Acredito que 14 mesmo. Tem algumas questões que ficaram pendentes. Mas alguém ainda vai para Brasília amanhã para saber se vão votar o não a situação dos contratos.

Discussão sobre redução de intervalo de jogos

O item que tratava de intervalo inferior entre as partidas do que o estabelecido hoje (66h) por acordo entre sindicatos e entidades de futebol foi retirado de pauta. Há discussão sobre a redução para 48h, mas decidiu-se por nova deliberação com o Sindicato de Atletas do Rio de Janeiro, além de busca por amparo legal para a mudança.

Outra questão que ainda vai ser discutida é a possibilidade de ampliação de contrato de atletas. A Ferj ainda aguarda retorno de Brasília, do governo federal, para o pleito de mudança temporária no contrato por tempo mínimo – hoje em três meses – para atletas. (Globo Esporte)