Dirigentes do Cruzeiro foram até o Ministério Público de Minas Gerais, na tarde desta segunda-feira, entregar um relatório de investigações de potenciais irregularidades do Cruzeiro entre 2018 e 2019. O documento teve parcial divulgação dos dados à imprensa. Feito pela empresa Kroll, o relatório apresenta R$ 39,2 milhões de pagamentos irregulares ou suspeitos pelo caixa celeste entre dezembro de 2017 e dezembro de 2019.
“A metodologia de investigação da Kroll abrangeu um estudo dos processos e procedimentos internos do Cruzeiro, seguido do mapeamento de conexões familiares e empresariais de 645 pessoas consideradas relevantes. Também foram coletados e analisados documentos corporativos, bases financeiro-contábeis e 214 GB de dados eletrônicos advindos de computadores do Cruzeiro. Ao todo, foram analisados 795 documentos, 1.116 transações financeiras e 803 comunicações eletrônicas”, diz parte do documento intitulado “Sumário do Relatório de Investigações”.
Parte do relatório da Kroll — Foto: Reprodução
Veja os números de destaque:
- R$ 13,2 milhões pagos em 13 comissões a intermediários que não estão cadastrados na CBF (algo vedado pelo Regulamento Nacional de Registros e Transferências do futebol brasileiro).
- Oferecimento de direitos econômicos de jogadores em garantia de pagamento de dívida em dois contratos (proibido pelo mesmo regulamento nacional), sendo que um envolveu um menor de 9 anos.
- Pagamento a familiares de jogadores amadores menores de idade, através de empresas de consultoria.
- Pagamento de comissão de R$ 500 mil a um empresário por negociação de atleta amador menor de idade.
- Fornecimento de 10% dos direitos de um menor amador a um intermediador, caso o atleta se tornasse profissional e futuramente fosse vendido pelo clube.
- Pagamento de R$ 7 milhões em comissão a intermediários por aumento salarial de jogadores que já pertenciam ao Cruzeiro. Relatório indica que um contrato previa pagamento de bonificação a intermediário todas as vezes que o atleta atingisse metas. A investigação destaca que não é prática irregular, mas é prejudicial ao Cruzeiro.
- As despesas do Cruzeiro tiveram salto de R$ 770 milhões entre 2016 e 2017 para R$ 1,1 bilhão entre 2018 e 2019. Houve aumento de 50% no pagamento de salários, na análise dos mesmos períodos.
Relatório da consultora Kroll, entregue na última sexta-feira — Foto: Reprodução
- R$ 80 mil pagos em cartões de créditos corporativos por causa de “despesas pessoais e não condizentes com as atividades performadas pelo Cruzeiro” como, por exemplo, “casa noturna de entretenimento adulto”. Além de R$ 1,5 milhão em pagamentos de notas de débito de dirigentes, sem descrição dos gastos nos registros.
- R$ 8,5 milhões pagos a empresas vinculadas a dirigentes e/ou seus familiares.
- R$ 6 milhões pagos a empresas vinculadas a 52 conselheiros, apesar de o estatuto do clube vedar a prática.
- R$ 2,1 milhões pagos a empresas de consultoria jurídica, tributária e de engenharia, com “descritivo genérico de atividades”, além de R$ 591 mil em comissão por negociação de contrato de patrocinadores.
(Globo Esporte)