Há 102 anos, o futebol brasileiro parava por conta da Gripe Espanhola. À época, a comunicação entre clubes e torcedores era quase que unicamente feita através dos jornais, que também sofriam com a pandemia. Mais de um século depois, a “revolução digital” trouxe novas formas de levar os clubes até o sofá das casas. Sem futebol desde março, em decorrência da Covid-19, as agremiações apelam para jogos virtuais, reprises de partidas históricas e o “grito da moda”: as lives. E suas redes sociais deram um salto nesses dois últimos meses.
Um bom exemplo disso é o Flamengo. De acordo com o ranking digital divulgado pelo Ibope (veja top 20 no fim da matéria), o Rubro-negro carioca atingiu, em abril deste ano, a marca de 30,3 milhões de torcedores na somatória do combinado de suas redes. Quase um milhão a mais do que tinha ao fim de fevereiro, quando eram 29.586.668, antes do início da pandemia.
Os números, em parte, são resultado de ações com vídeos exclusivos e participações de artistas famosos, em que o clube trouxe um conteúdo mais elaborado, como a “live” entre Gabigol e o humorista Tirulipa, além de um sócio-torcedor. Uma tentativa de aproximar ainda mais quem não pode ver os craques em campo. Com isso, o clube manteve a liderança no ranking à nível nacional e, consequentemente, também entre os clubes do Sudeste.
Mas não só o Flamengo vive esta realidade. Em um cenário em que boa parte da população adere ao isolamento social, recomendado pela Organização Mundial da Saúde, 85% dos clubes da Séria A, elevaram seus números neste mês. É o caso do Ceará, que apostou em um ar descontraído, ao mostrar a rotina dos atletas e lançar jogos virtuais.
A estratégia de publicação, se olharmos os concorrentes, não é tão diferente. Mas com cerca de três postagens por dia, em diversas plataformas, o clube acertou em cheio o gosto do torcedor. Com isso, ultrapassou o rival, Fortaleza, deixando a 19ª posição pela 18ª. O clube, inclusive, registrou o maior crescimento do Nordeste, e uma das cinco maiores evoluções do Brasil no último mês, ganhando mais de 10 mil inscritos em relação a março.
Por outro lado, há, também, aqueles que, mesmo com várias medidas, não têm conseguido atrair muitos olhares. Líder no Nordeste, o Sport retransmitiu a final da Copa do Nordeste de 2014, em que foi campeão, lançou produtos para crianças e até mesmo um jogo virtual entre os times campeões de 1987 e 2008. Mas teve uma reposta tímida da torcida. Apenas 4.231 pessoas aderiram às redes no último mês.
No Sul
Vice-líder no Rio Grande do Sul, o Internacional joga suas fichas no Instagram, rede social responsável por 85% da evolução dos clubes de acordo com o ranking do Ibope. Mesmo com ações simples, como quiz e joguinhos para colorir, o Colorado alcançou 71.085 inscritos a mais que fevereiro, período anterior a pandemia, quando tinha 5.526.404.
O crescimento fez com que o Inter se aproximasse da Chapecoense. Ainda assim, ambas as equipes permanecem distantes do líder da região, o Grêmio, que ganhou 69.095 novos seguidores desde fevereiro.
Não é preciso muito esforço para notar que dentre os 20 primeiros, quase todos seriam da Série A. Mas três clubes da Série B cavaram espaço na lista, caso de Cruzeiro (9º), Chapecoense (10º) e Vitória (17º). Até porque a Raposa sofreu o rebaixamento no ano passado, pela primeira vez na história. O clube mineiro cresceu em 27.191 o número de seguidores, enquanto o baiano, ganhou 15.872 a mais desde o fim de fevereiro.
As equipes da Série C, por sua vez, aparecem apenas a partir da 22ª posição, em que o Santa Cruz lidera, com 1,1 milhão de seguidores. O Tricolor apresentou um aumento de 14.719 inscritos na pandemia. Uma curiosidade é que, antes mesmo de aparecer uma equipe da Série D, que é o caso do ABC, em 31º lugar, o ranking conta com um time sem divisão nacional: o Íbis, conhecido como “pior time do mundo”. São 477 mil inscritos, em 30º colocado.
Com concorrentes nas Séries A e C do Brasileiro, as regiões Norte e Centro-Oeste alçaram o menor número de clubes no ranking digital. Juntos, tem cinco equipes. Uma vez que o Ibope acompanha os 20 times da elite nacional e os 30 demais com as maiores bases digitais do país no ano. Interessante é que, entre elas, apenas o Goiás ultrapassa a marca de um milhão de inscritos. Ainda assim, todos apresentaram crescimento durante a pandemia.
- Flamengo – 30.396.931
- Corinthians – 23.325.728
- São Paulo – 15.147.555
- Palmeiras – 11.202.880
- Santos – 8.461.263
- Grêmio – 8.278.872
- Vasco – 7.158.323
- Atlético-MG – 7.042.266
- Cruzeiro (Série B) – 6.824.361
- Chapecoense (Série B) – 5.767.892
- Internacional – 5.597.489
- Fluminense – 3.524.372
- Botafogo – 3.399.409
- Sport – 3.337.732
- Bahia – 3.305.021
- Athletico – 2.650.802
- Vitória (Série B) – 1.948.737
- Ceará – 1.917056
- Fortaleza – 1.901.109
- Coritiba – 1.640.045
Dados foram divulgados pelo IBOPE/Repucom e são referentes à soma de todas as redes sociais. (Globo Esporte)