Não é só a dívida que preocupa o Corinthians. A queda de arrecadação está diretamente relacionada à perde de resultados esportivos, num momento em que as premiações dos campeonatos ganham relevância. O Corinthians perdeu 9% de receita em 2019, em comparação com 2018, segundo o estudo recém lançado pela Value Sports. Assim, o alvinegro paulista caiu da terceira para a quinta colocação no ranking de receitas dos clubes brasileiros.

O São Paulo também perdeu 2% em comparação com o estudo anterior e desceu para a sétima colocação. Com isto e com a premiação acumulada pelos bons resultados na Libertadores — chegou às quartas-de-final — e pela venda de jogadores como Nico López, por US$ 8 milhões, o Internacional subiu na classificação e agora é o terceiro colocado. Digamos, o terceiro clube mais rico do país, abaixo apenas de Flamengo e Palmeiras.

O Internacional teve R$ 441 milhões de receita, acima do quarto colocado, o Grêmio (R$ 440 milhões), Corinthians (R$ 425 milhões), Santos (R$ 399 milhões) e São Paulo (R$ 398 milhões). Os líderes de 20’19 foram o Flamengo (R$ 950 milhões) e Palmeiras (R$ 641 milhões)

“A premiação ganhou muita importância e hoje representa 7% das receitas dos clubes, bem perto dos patrocínios, que perderam relevância e agora alcançam 9%”, diz o analista Amir Somoggi, da Value Sports. Sem contar vendas de jogadores, o Corinthians voltaria à terceira colocação com o Inter em quarto. Mas é importante ponderar que, se os corintianos não venderam atletas, foi porque não houve procura. Talvez pela competitividade baixa em competições nacionais e internacionais.

Apesar do crescimento de receita, o Internacional ainda preocupa por ter a segunda maior dívida entre os times do Brasil. Dos R$ 794 milhões devidos pelo Colorado, R$ 330 milhões são referentes ao estádio. Mas o clube não precisará desembolsar nenhum centavo para quitar este valor, porque está vinculado à amortização da dívida com o consórcio Brio, que administra o Beira Rio. Banco Pactual e Andrade Gutierrez têm o direito de explorar os novos espaços, como camarotes, lojas e edifício garagem. À medida em que os anos passam, este valor desaparece, porque o pagamento se dá com a exploração dos espaços.

O Internacional teve, no entanto, déficit de R$ 3 milhões em 2019, pelo estudo da Value Sports. Menor do que o déficit do São Paulo, de R$ 156 milhões, e do Corinthians, de R$ 177 milhões. O fato de o Inter superar os dois rivais paulistas lembra o período do meio da década de 2000. Na época, o plano de sócio torcedor fez o Internacional arrecadar R$ 33 milhões por ano, numa época em que o Corinthians arrecadava aproximadamente R$ 30 milhões com o patrocínio da Samsung.

O então presidente Fernando Carvalho comemorava o resultado do programa de sócios, porque era impossível empatar a receita de patrocínio, residindo em Porto Alegre, mercado muito inferior ao paulista. Por outras frentes, mas também por causa dos sócios, o Internacional agora consegue superar Corinthians e São Paulo e se tornar o terceiro clube de maior arrecadação do Brasil. (Globo Esporte)