Hoje, dia do trabalho, olhemos para o príncipe de Nazaré: São José Operário, o pai adotivo do Senhor Jesus e verdadeiro esposo da rainha do mundo.
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Com efeito, ele foi escolhido pelo Pai eterno para ser o guarda fiel e providente dos seus dois maiores tesouros: o Filho de Deus e a virgem Maria. E cumpriu com máxima fidelidade sua missão. Jesus era conhecido entre os seus, como o “filho do carpinteiro”.
Este apelido de José nos lembra de que o trabalho é parte da identidade humana. Hoje, também, sobretudo nas pequenas cidades, as pessoas são conhecidas pelo ofício de trabalho que realiza: a costureira, o pedreiro, o pintor, médico, o engenheiro, a cabelereira etc.
Somos conhecidos pelo que fazemos. Na perspectiva cristã, o trabalho dignifica e santifica o homem, e aperfeiçoa a obra criadora de Deus. Pois, o amor ao trabalho ajuda moldar o caráter da pessoa humana; de certa forma vai apetrechando o ser humano de virtudes. Isto diz respeito aos trabalhos cotidianos.
Pois os homens e mulheres que, ao procurar o sustento para si e suas famílias, exercem suas atividades de maneira à bem servir a sociedade
Pois os homens e mulheres que, ao procurar o sustento para si e suas famílias, exercem suas atividades de maneira à bem servir a sociedade. Assim o trabalho se torna um prolongamento da obra do criador, um serviço a seus irmãos e uma contribuição pessoal para a realização do plano de Deus na história.
Alguma lição pode tirada da vida de são José operário. A primeira é a lição do silêncio. Precisamos cultivar a estima pelo silêncio, essa admirável e indispensável condição do espírito. Somos hoje, assediados por tantos clamores, ruídos e gritos da vida moderna barulhenta e hiper-sensibilizada.
Deus fala através do silêncio humano. Em tempo de pandemia do novo coroanavírus, aproveitemos para um mergulho em nossa vida pessoal, através do silêncio e do isolamento social. São José foi o santo do silêncio.
O evangelho não registra nenhuma palavra dita ele. Construiu sua santidade na simplicidade, no escondimento e no silêncio de Nazaré. A segunda é a lição do trabalho. Olhando para S. José, compreendemos e celebramos a lei redentora do trabalho humano. É preciso reestabelecer a nobreza do trabalho. Esta atividade humana que não é um fim em si mesmo. Mas um meio de realização humana e transformação do mundo.
A encíclica social “Laborens Exercens”(exercício do trabalho) de são João Paulo II (1981), em comemoração aos 90 anos da “Rerum Novarum”( das coisas Novas), do Papa Leão XIII, reafirma a tese central desta Encíclica: a primazia do trabalho sobre o capital. Primazia fundada na dignidade da pessoa humana que se realiza pelo trabalho.
Ressalta o S. João Paulo II que o trabalho humano é a chave essencial pata tornar a vida humana mais humana e, só o trabalho, legitima a propriedade. Pelo trabalho o homem humaniza a natureza, realiza-se em sua dimensão familiar e como construtor de uma Pátria e de uma cultura. O desafio básico é submeter o trabalho ao homem e não o homem ao trabalho. Saudamos todos os trabalhadores e trabalhadoras pelo seu dia! Que são José Operário, no céu, rogue por todos os trabalhadores e trabalhadoras!
*PADRE DEUSDÉDIT ALMEIDA é pároco da Paróquia Coração Imaculado de Maria; assessor eclesiástico da Pastoral Familiar do Regional Oeste 2 e cura da Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus (Cuiabá)