A Câmara de Diretores Lojistas de Cuiabá (CDL) completou no último 18 de abril 47 anos de vida. Mas, a rica história dos lojistas começa no século passado com a chegada da colônia sírio-libanesa.

De acordo com o brilhante médico infectologista e poeta Ivens Scaff, “foram esses imigrantes que abriram no atual centro histórico de Cuiabá o quadrilátero comercial árabe, entre a Avenida Getúlio Vargas e as ruas 13 de Junho, Generoso Ponce e Galdino Pimentel, onde centenas de lojas dos mais diversos tipos de comércios deram os primeiros passos lojistas da Capital.

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Esses jovens libaneses vinham de barco de Montevideo (Uruguai), Corumbá, Cáceres, Cuiabá. Os barcos eram movidos a caldeira, como o Itajaí e a Filosofina, batizado assim em homenagem a primeira mulher a dirigir em Cuiabá”.

As primeiras famílias ocupavam a região do bairro do Porto, concentrados na rua XV de Novembro, bairro este onde, hoje, está reservado um espaço para a estação de passageiros do VLT. Foi nesse local que o meu avô, o comerciante Francisco Palmieri Vuolo, imigrante italiano, instalou a “Casa Dorsa”. Além da família Vuolo, faziam parte do grupo que se instalou no tradicional bairro do Porto, as famílias Scaff, Bussik, Gataz, Feguri, Nadaf, Zahour, Haddad e Caliz. Outras famílias como Ahi, Affi e Malouf se instalaram no centro histórico.

É justo relembrar, neste momento, que a colônia sírio-libanesa teve um papel muito importante na administração do prefeito Vicente Emílio Vuolo (1962-1966). Naquela época, como a nossa capital não dispunha de fontes de recursos do governo federal, o então prefeito Vuolo buscou parcerias junto a iniciativa privada.

Há de se destacar a participação decisiva da colônia árabe com recursos para a desapropriação, estrada e ponte do moinho, no bairro do Coxipó da Ponte, onde foi construída a belíssima Cervejaria Cuiabana (primeira indústria de Cuiabá), ainda funcionando em perfeitas condições nos dias de hoje. Foi, também, graças aos árabes-cuiabanos (já que a grande maioria se casou com mato-grossenses), é que foi construída a Praça Alencastro com a fonte sonora-luminosa, única área de lazer do cuiabano, à época.

O grande estadista brasileiro D. Pedro II foi um grande admirador da cultura árabe. Ele esteve duas vezes no Oriente Médio: em 1871, visitou o Egito; e em 1876, o Líbano, a Palestina e a Síria. D. Pedro II foi, sem dúvida, o precursor dessa imigração. Eu, estive visitando no início de 2019, o Oriente Médio, fiquei encantado com a cultura e a história dessa civilização, com as especiarias, tecidos e a diversidade das atividades dos simpáticos comerciantes.

Mas, assim, como existem políticos visionários como D. Pedro II, existem políticos medianos como é o caso do atual governador do Estado de Mato Grosso. Ao invés de se preocupar com causas, como é a questão do VLT, ele administra sem compromisso com a coletividade, sem nenhum respeito a história de Mato Grosso.

É justo relembrar, neste momento, que a colônia sírio-libanesa teve um papel muito importante na administração do prefeito Vicente Emílio Vuolo

 

Depois de ignorar por completo o Instituto de Engenharia de Mato Grosso, o Rotary Clube de Cuiabá, que imploram pela retomada imediata das obras do VLT, o governador de Mato Grosso tratou, também, com descaso a CDL.

Na verdade, o governador ao anunciar durante a campanha política, a conclusão das obras do VLT encheu de otimismo os lojistas da capital. Mas, na verdade, depois que assumiu, jogou uma bomba no comércio local. Uma bomba estúpida e metuenda. É o produto de um governo falido. Apesar de estarem depositados nos cofres do estado R$ 300 milhões exclusivamente para o VLT, proveniente do empréstimo feito a CEF de 1 bilhão de reais, que o estado paga por ele.

O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Cuiabá, Nelson Soares Junior, classifica como primordial para o renascimento do comércio e do turismo, o VLT. Nelson acredita que a mobilidade urbana de Cuiabá precisa dotar de um transporte de última geração, ecologicamente correto, mais rápido, seguro, econômico e que transporta mais pessoas e não ocasiona o caos no trânsito.

O comércio é uma atividade das que mais gera empregos e a que mais democratiza a renda. Uma boa rede de transportes é vital para o comércio de rua. Modernizar o transporte de Cuiabá e Várzea Grande é uma aspiração dos progressistas comerciantes de nossas cidades, que desejam também que o turismo se desenvolva e mais riqueza corra nas ruas e lojas de nossa capital. Todos ganharemos com isso.

Por isso, desenvolvimento e VLT andam de mãos dadas.

*VICENTE VUOLO é economista, cientista político e coordenador do Movimento Pró VLT Cuiabá-Várzea Grande.

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