Sem espaços em hospitais e em cemitérios, Manaus, capital do Amazonas, vive em estado de caos. A situação, agravada por escândalos de corrupção e de desvio de verbas públicas, reacendeu também uma discussão que esteve em pauta em 2014, ano da Copa do Mundo do Brasil: a região, carente de tantas transformações estruturais, precisava mesmo de um estádio “padrão Fifa”?
O episódio #21 do Jogo em Casa, podcast diário produzido pelo GloboEsporte.com em tempos de pandemia, conversa com médicos, jornalistas e especialistas na região para entender o impacto que a construção de um estádio “elefante branco” (alusão à falta de uso) teve nas contas públicas e como o investimento adequado poderia ter diminuído a crise de saúde no estado, agravada pelo coronavírus.
“Meu único sentimento, vendo um estádio daquele tamanho (Arena da Amazônia) e faltando o básico na saúde, meu sentimento é de revolta”
A fala acima é da Bruna Maia. Médica, ela trabalhava em dois hospitais diferentes em Manaus na linha de frente do combate à pandemia. Agora, porém, ela está isolada em casa porque está com suspeita de ter contraído a Covid-19.
– A saúde do Amazonas pede socorro. Nós já temos visto isso acontecer há muito tempo, falta de equipamento, de material, chega no hospital muitas vezes não tem medicação, já cheguei no hospital e não tinha algodão, não tinha luva para os profissionais trabalharem – desabafa Bruna Maia.
– A gente se dedica, sabe?! Eu vejo o quanto isso é grande, a vida das pessoas, uma coisa imensa, e o estádio de futebol acabou sendo mais importante do que a saúde, a infraestrutura para a população mesmo – concluí Bruna. (Globo Esporte)