Os dirigentes e jogadores de futebol da Ligue 1 e Ligue 2 francesas chegaram a um acordo para uma redução provisória dos salários dos atletas. O objetivo é preservar as finanças dos clubes durante a crise de saúde e financeira causada pela pandemia do novo coronavírus.
A proposta é escalonada de acordo com a faixa salarial e prevê que os atletas que recebem mais de 100 mil euros (R$ 568 mil) por mês tenham 50% dos vencimentos cortados, como é o caso de boa parte do elenco do PSG. Cada negociação depende que o jogador aceite o acordo, mas o sindicato dos atletas acredita que não haverá grande resistência.
– A ideia é que os jogadores adiem o recebimento de parte dos salários de abril para permitir que os clubes avancem. É um esforço provisório dos jogadores em uma situação dramática de saúde – confirmou o presidente do sindicato dos jogadores (UNFP), Philippe Piat, à agência AFP.
Depois de uma reunião na manhã desta terça-feira com o Ministério da Economia para resolver as últimas pendências, os representantes dos clubes e dos jogadores concordaram com uma recomendação pela qual os atletas aceitam uma redução temporária nos salários.
Os jogadores cobrariam quando os clubes receberem o dinheiro dos direitos televisivos, atualmente suspensos pelas emissoras Canal + e BeIn Sports, segudo explicou Piat, confirmando informações dos jornais “Le Monde” e “L’Equipe”.
A redução temporária, somada às economias já obtidas graças ao sistema governamental de desemprego parcial que muitos clubes aceitaram, será calculada com base em uma escala progressiva, ainda a ser definida, levando em conta o nível de salário recebido.
Assim, jogadores que ganhem menos de 10.000 euros (R$ 56,8 mil) no quadro da paralisação parcial da atividade, que representa 70% do salário bruto mensal, não serão afetados pela redução.
A partir daí, serão estabelecidas quatro seções:
- 20% de remuneração em abril para quem ganha entre 10 mil e 20 mil euros por mês
- 30% para quem ganha entre 20 mil e 50 mil euros
- 40% para quem tem renda entre 50 mil e 100 mil
- 50% para quem ganha mais de 100 mil euros por mês.
No entanto, a proposta é uma recomendação simples, uma vez que, de acordo com a lei trabalhista francesa, uma pessoa não pode ser forçada a aceitá-la. No entanto, a UNFP acredita que não haverá oposição à sugestão.
Ao contrário de outros países europeus, especialmente a Inglaterra, onde os clubes que aceitaram medidas parciais de desemprego foram amplamente criticados, na França não houve debate.
Segundo o jornal “L’Equipe”, Neymar ganha cerca de 3 milhões de euros (R$ 17 milhões) por mês. Mbappé tem vencimentos estimados em 1,9 milhões (R$ 10 milhões). Mas ambos estão na ponta de cima da cadeia da Ligue 1. De acordo com o mesmo diário, metade dos jogadores que atua na primeira divisão francesa ganha cerca de 35 mil euros (R$ 198 mil) por mês. (Globo Esporte)