O número de feminicídios em Mato Grosso aumentou 279% nos últimos três anos, de acordo com relatório divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O aumento foi gradativo ano a ano. Foram 29 processos abertos por feminicídio em 2016; 83 em 2017, 108 em 2018 e 110, no ano passado.
“Acho que a violência sempre existiu, mas agora está aparecendo porque há confiança no trabalho da Justiça. As mulheres estão tendo mais coragem de denunciar, estão procurando mais e confiando mais nas autoridades”, avalia.
Sobre o número de casos de feminicídios, a defensora acredita que já era alto, mas que não eram registrados da forma devida.
“A maior diferença é que antes os casos eram registrados como homicídios, e não eram caracterizadas nas situações às que pertenciam. Isso mudou e hoje é possível ver, de forma mais exata, o número de mulheres que são mortas somente por serem mulheres”, diz.
Nesse mesmo período, entre 2016 e 2019, 70 mil novos processos por violência doméstica começaram a tramitar na Justiça de Mato Grosso. Em 2019, foram 20 mil novos casos de violência doméstica, o que corresponde a 50% a mais que em 2016.Rosana defende que, na maioria dos casos de feminicídio, o homem não aceita a liberdade que a mulher tem atualmente.
Mato Grosso está entre os 3 estados com maiores taxas de feminicídio no Brasil — Foto: Arte/G1
“A mulher está cada vez mais independente e isso gera inconformismo no homem, porque a mulher independente não aceita abuso, não aceita violência. Em muitos casos, o homem não aceita essa independência e passa a agredi-la, até decidir tirar a vida dela”, pondera.
A defensora pública afirma que o mais importante, nesses casos, é a mulher acreditar que as ameaças são reais, desde o início.
“Quando a mulher começa a passar pela violência, ela já tem que entender e acreditar que a violência e a ameaça são reais, e que o agressor pode tirar a vida dela. Elas precisam entender isso e denunciar, o mais rápido possível”, alerta.
Ela também explica que, em muitos casos, as medidas protetivas podem ser eficazes.
“Mas o agressor conhece a rotina da mulher, então ela não pode pegar a medida protetiva e simplesmente achar que o problema acaba por ali. Ela deve estar alerta e, ao sinal de qualquer tentativa de aproximação do agressor, deve pedir ajuda às autoridades, para que seja feita a eficácia da medida protetiva”, explica.
De acordo com os dados do CNJ, mais de 7 mil medidas protetivas foram concedidas a mulheres em situação de perigo, em 2019.