A imprensa brasileira vem sofrendo nos últimos anos um ataque ominoso vindo da Presidência da República. Começou com Lula que se dizia perseguido pela Globo, Veja, Folha de São Paulo e por outros ícones do jornalismo e prosseguiu com Bolsonaro que fala as mesmas coisas dos mesmos veículos e de quase todos os outros.

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Lula dizia que a imprensa era de direita a serviço das elites brasileiras. Bolsonaro garante que a imprensa é de esquerda e deturpa todas suas declarações com o fim de desestabilizar o governo.

Com esta recorrente cantilena os eleitores da esquerda passaram a rejeitar a imprensa, seguidos depois da turma da direita – que adoravam as matérias que desancavam o Lula – mas agora cospem fogo quando a mesma imprensa malha o Bolsonaro.

 

Reunidas em grupos nas mídias sociais, conforme a ideologia de cada uma e sem interesse nos jornais tradicionais as pessoas só recebem posts agradáveis ao grupo: os lulistas engrandecendo o seu líder maior, e os bolsonaristas, veiculando os textos desfavoráveis ao Lula e convenientes ao atual Presidente.

 

Isto é péssimo porque a imprensa nacional com seus jornalistas profissionais, comentaristas especializados e colunistas experientes tem a capacidade de garimpar a notícia, despi-la dos ruídos, buscar o contraditório e por fim apresentá-la limpa aos olhos e ouvidos dos consumidores.

 

Não que a imprensa esteja livre de ideologias.  Cada canal, emissora ou redação pode ter sua própria visão da sociedade e da política e transmiti-la em suas matérias sem incorrer em nenhum deslize ou mácula, porque essa liberdade é a essência do jornalismo.

 

Aqui no Brasil os meios de comunicação se pretendem independentes e costumam alardear isenção política. Nem sempre conseguem esse ideal, claro, mas não é problema porque afinal cada assinante lê o jornal que quer, muda o canal de televisão conforme seu gosto e ouve as emissoras de rádio que lhe convém.

 

Entretanto o extremismo político, que tem criado inimizades onde havia respeito fraterno, levou grande parte das pessoas a odiar também a mídia dizendo uns “que os jornais são todos de esquerda”, e outros, que não os leem porque “são tudo de direita”.

 

Seria ótimo que as pessoas lessem mais jornais. Está cada vez mais fácil fazê-lo e também barato porque não é mais necessário o jornal impresso com todos os seus inconvenientes e porque são caros. Assinaturas de jornais on-line que são baratas, práticas e acessíveis aos smartphones que todo mundo tem.

 

A imprensa livre e profissional é uma das maiores dádivas da democracia. É por ela que ficamos sabendo das sentenças duvidosas dos tribunais, das enganações dos políticos, do mau uso do dinheiro público e até sobre as brigas dos moradores da “Casa dos Horrores” aqui de Cuiabá, que estão querendo mandar um inquilino embora.

 

Agora, se você acha que os jornais são de esquerda e que todos os profissionais da imprensa viraram comunistas, por certo está contaminado pelo Bolsonavírus. Esse patógeno provoca uma aversão a repórteres, uma aguda intolerância à mídia e um fascínio doentio pelos pequenos textos das redes sociais.

Por enquanto não há antídoto contra esse vírus.

 

Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor