Desde de 1985 na Nova República, Mato Grosso não teve nenhuma governadora eleita pela população. A única que chegou ao cargo máximo foi a governador em exercício Iraci Moreira França (PPS), então vice na chapa do governador Blairo Maggi.
Quando Maggi se licenciou, por determinação constitucional, em 2004 e, depois, em 2005, Iraci assumiu o comando do governo de Mato Grosso. Na campanha de 2002, o fato de ter Iraci França como vice-governadora, em sua chapa, foi crucial para a vitória de Maggi, à época Rei da Soja, mas ainda pouco conhecido do eleitor mato-grossense.
Então primeira-dama de Cuiabá, Iraci França representou a mulher na chapa majoritária e colocou o prefeito Roberto França, seu marido, como coordenador político da campanha, junto com o prefeito Jayme Campos (DEM), atual senador da Repúbilca por Mato Grosso.
Atualmente das 15 secretarias estaduais, apenas 3 são comandadas por mulheres. Dos 24 deputados federais, apenas um é mulher, Janaina Riva foi a parlamentar mais votada no estado, com mais de 50 mil votos.
De acordo com a Secretaria Estadual de Planejamento e Gestão (Seplag), o estado teve 10 governadores a partir de 1985 na Nova República. Entretanto, Iraci Araújo Moreira, tomou posse como governadora após substituir o ex-governador Blairro Maggi em 2004.
As três secretárias de Estado são: Rosamaria Ferreira de Carvalho Almeida, de Assistência Social e Cidadania (Setasc); Marioneide Angélica Kliemaschewsk, de Educação (Seduc); e Mauren Lazzaretti, do Meio Ambiente (Sema).
Sobre leis que assegurem a ocupação de cargos por mulheres, o estado não tem nenhum regimento interno ou lei que estabeleça que cargos de lideranças sejam ocupados por mulheres. Segundo o governo do Estado, não é necessário uma regra para isso e explicou que a mulher tem ocupado cada vez mais o próprio espaço no mercado de trabalho.
Na demonstração de ocupação de mulheres nos cargos públicos, atualmente dos 79.770 servidores ativos, 59% são mulheres. Já dos 6.212 cargos comissionados – os de confiança – 56% são ocupados por mulheres. Para o governo, esses números refletem o empoderamento feminino e o papel da mulher no mercado de trabalho e na sociedade.
Nos quase 185 anos da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), nenhuma mulher foi presidente da instituição e apenas uma vez ficou à frente sendo substituta. Em todos esses anos, apenas 14 cadeiras foram ocupadas por mulheres, e o total de homens somam 771 deputados federais já eleitos no estado.
Em 19 legislaturas, a Mesa Diretora teve 38 presidentes e nenhum foi mulher. Em maio de 2019, a deputada Janaina Riva (MDB) foi eleita vice-presidente do Poder Legislativo. Em todos os anos de história do Parlamento Estadual, nenhuma mulher participou da mesa. Janaina já chegou a comandar a Assembleia substituindo o presidente Eduardo Botelho (DEM).
Deputada estadual Janaína Riva (MDB), vice-presidente da Assembleia Legislativa (Foto: Marcos Lopes / AL-MT)
Na época, Janaina declarou que acreditava que as pessoas não sabiam que uma mulher tinha chegado a ocupar a Mesa Diretora, enfatizando a presidência, posto maior na Assembleia. A deputada foi eleita com mais de 50 mil votos, sendo a parlamentar mais votado no estado.
“Este é o momento de as mulheres se sentirem representadas e valorizadas. Nós precisamos nos empoderar mostrar que temos competência, equilíbrio suficiente e capacidade para fazer a diferença”, disse Janaina na época.
Na história da Assembleia, a primeira mulher a ocupar uma cadeira foi Sarita Baracat, após a divisão do estado. A ex-deputada Oliva Enciso, foi a primeira mulher na década de 50 a se tornar parlamentar, quando os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul eram um único estado.
“Ainda existe muito machismo e muito preconceito no ambiente de trabalho político, porque é um ambiente extremamente masculino, ocupado na grande parte por homens. É uma dificuldade muito grande a mulher crescer politicamente nesses ambientes que tem essa composição. Porque os homens têm uma afinidade de gênero e isso favorece na probabilidade de homens serem nomeados aos cargos”, explicou a deputada.
Janaina explica que conciliar o cargo de deputada com as outras áreas da vida pessoal é mais difícil por ser mulher. Ela ainda avalia que para a mulher entrar na vida pública é muito mais difícil devido a exposição da vida privada. Culturalmente a mulher é mais prejudicada porque a vida do lar é associada somente às mulheres, explicou.
Entre policiais militares e civis, 1.766 são homens e 840 mulheres em MT — Foto: Lenine Martins/Sesp-MT
Representatividade
De acordo com a Associação Mato-Grossense dos Municípios (AMM), nos 141 municípios no estado, apenas 16 tem prefeitas, o que corresponde a 11,3 % prefeituras ocupadas por mulheres. O estado também tem 21 vice-prefeitas.
Segundo a União das Câmaras Municipais de Mato Grosso (UCMMAT), o estado tem 1.216 mil vereadores e 190 vereadoras. Do total, apenas 13,5% são parlamentares mulheres. Como presidentes da Mesa Diretora, apenas 8 Câmaras de Vereadores tem mulheres no comando, percentual de 5,6%.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, dos 1.347 bombeiros militares, apenas 90 são mulheres. Dos 22 Comandantes de Unidades, apenas um é mulher. Porém, além das funções de comando de Unidades Operacionais há também mulheres em funções de chefia nas coordenadorias e diretorias da corporação, cujos critérios de ocupação de vagas seguem o critério hierárquico de antiguidade.
Entre policiais militares e civis, 1.766 são homens e 840 mulheres. Não há nenhuma legislação ou no regimento que estabelece reserva de vagas para mulheres em cargos de chefia, segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp).