Ser mulher…
É viver mil vezes em apenas uma vida.
É lutar por causas perdidas e sempre sair vencedora.
É estar antes do ontem e depois do amanhã.
É desconhecer a palavra recompensa apesar dos seus atos.
Silvana Duboc, poetisa
Neste domingo, 8 de março, comemoramos o Dia Internacional da Mulher. Acolhi a estrofe dessa poesia – que é bastante intensa e extensa – porque se encaixa muito bem no perfil da maioria das mulheres brasileiras e retrata com muita precisão uma pessoa simples, ao qual presto minha reverência: Maria Socorro Barbosa da Silva.
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Técnica em Enfermagem e agente comunitária de saúde de Cuiabá, dona Maria Socorro é uma obstinada na luta por uma sociedade mais justa e fraterna. Trabalha na criação de clubes de mães no Coxipó da Ponte, vasta e histórica região da cidade. Na certeza de que sua luta surte resultados, já conseguiu criar 10 clubes que ajudam mulheres a melhorar a renda familiar, com cursos como confeitaria, corte e costura, entre outros.
Os clubes de mães prestam, em verdade, os trabalhos sociais e humanitários em várias vertentes. Um dos que reputo como dos mais importantes, sobretudo nos dias atuais, diz respeito à orientação dessas mulheres na área de saúde, o encaminhamento das gestantes para o pré-natal, exames preventivos de câncer de mama, colo do útero, vacinas necessárias etc.
Dali também saem orientações de como se protegerem contra a violência doméstica, que é uma patologia crônica em nosso país. Aliás, ao prestar reverência às mulheres pela sua luta e coragem, impossível não adentrar a esta temática tão dilacerante. No ano passado foram 3.739 homicídios dolosos de mulheres. Já fomos pior, com mais de 4 mil casos de mortes, mas, como se vê, seguimos muito mal.
O feminicídio é um crime de ódio que precisa ser enfrentado, não apenas do ponto de vista do endurecimento das leis – como já temos feito – mas, sobretudo, com a construção de uma rede de proteção eficaz, que começa justamente com o apoiamento necessário às denúncias. Precisamos, verdadeiramente, eliminar da vida das mulheres essa triste realidade, que atua como uma nódoa sobre a nossa nação.
Também devemos continuar perseguindo o princípio da equidade de “direitos”entre homens e mulheres. A última pesquisa divulgada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), constatou que pouca coisa mudou nos últimos 27 anos. As desigualdades, não só no Brasil como em todo o mundo, mostravam que as mulheres continuavam tendo menos oportunidades na hora de disputar uma vaga de emprego e o salário menor que dos homens. Pela pesquisa, as chances de uma mulher conseguir emprego são 26% inferior aos dos homens.
Portanto, ‘ser mulher’ especialmente no Brasil, é sim ‘viver mil vezes em apenas uma vida’, ‘é lutar por causas perdidas e sempre sair vencedora’, ‘é estar antes do ontem e depois do amanhã’, e, com certeza, ‘é desconhecer a palavra recompensa apesar dos seus atos’.
Ao homenagear todas as mulheres pelo 8 de Março, em nome dessa obstinada lutadora Maria Socorro, quero, mais uma vez, reafirmar meus propósitos de estar sempre alinhado à luta em defesa de uma sociedade justa e fraterna, onde a igualdade e o respeito prevaleça. Não é dia de comemoração: são tempos de reflexão!
Wellington Fagundes é senador por Mato Grosso e líder do Bloco Parlamentar Vanguarda
*WELLINGTON ANTÔNIO FAGUNDES é senador da República por Mato Grosso pelo PL e vice-presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Municípios.
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