Quando criança, quem era seu ídolo? Quem era a pessoa que você dizia “eu quero ser igual ela/ele quando eu crescer”? Na Escola Municipal de Educação Básica (EMEB) Firmo José Rodrigues os alunos são estimulados a sonhar desde pequenos a serem o que quiserem ser, até talvez, um campeão olímpico de judô, quem sabe? Exemplos eles tem de sobra, principalmente com a inauguração da nova sede do Instituto Reação nesta quarta-feira (04), criado pelo judoca Flávio Canto, que tem como embaixador em Cuiabá o também judoca David Moura e o apoio da Prefeitura de Cuiabá, por meio da Secretaria de Educação.
O centro de treinamento foi construído na Escola Municipal de Educação Básica (EMEB) Firmo José Rodrigues, localizada no bairro Três Barras, no terreno cedido em contrapartida pela Prefeitura de Cuiabá.
“Para mim como prefeito, para a Prefeitura de Cuiabá, é uma honra ser parceiro de um projeto como o Instituto Reação, que incentiva a prática do esporte, que incentiva o bom desempenho escolar, o respeito, que traz qualidade de vida para as nossas crianças do Três Barras e região. É com muita felicidade que os fazemos parte desta inauguração”, declarou o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro.
Paixão: sentimento que motiva, que dá coragem, que estimula uma ação e causa reação. Paixão está presente na vida do professor Keitel Jorge Moreira Junior desde quando em 1976, pela TV, ele viu as primeiras lutas nos Jogos Olímpicos de Montreal e, anos depois, quando acompanhou a vitória do ídolo Aurélio Miguel.
“A gente começou o judô nesta escola aqui lá por volta de 1998, na época a diretora comprou 12 placas de tatame para começar e fomos seguindo, comprando o restante aos poucos. Hoje temos tatame olímpico, as crianças recebem kimono, camiseta e vão receber também apoio psicopedagógico. É um sonho se realizando”, comentou o professor e diretor da EMEB, Keitel Moreira Junior.
O secretário de Educação, Alex Passos fez questão de destacar o esforço feito pelo professor Keitel para manter o projeto. “Em 2002 demos início ao projeto piloto com o professor Keitel que foi crescendo, crescendo e hoje culminou na entrega deste belíssimo projeto, que traz dignidade, disciplina e tantos predicados que a sociedade está em falta”, pontuou Passos.
Paixão contagia e por mais que não tenha pernas, corre o tempo. Quando Keitel veio trabalhar na EMEB Firmo por volta dos anos 1998, ele trouxe este sentimento com ele e passou a compartilhá-lo.
“Eu aprendi que a educação é a base de tudo e que pra ser um judoca você precisa ser organizado e educado”, conta Fabrício de 11 anos. O garoto não esconde que sente medo na hora de competir e mostra a mão tremendo como quem simula a situação só de lembrar do momento. E como superar isso? Ele dá a receita. “Sendo corajoso e enfrentando. Tem que entrar e lutar, é o único jeito, se você correr você está desclassificado. O judô me dá coragem. Eu lembro de como o sensei fala, como explica, de como a gente treina. Eu gosto muito do judô. Ser judoca é meu sonho. David Moura e o sensei Big são os atletas que eu admiro”, finalizou o garoto.
Esporte não é só o que as crianças tem aprendido no tatame. Rindo, a Clara Letícia conta como era “terrível” na escola antes de entrar para o judô e como descobriu sua própria força de superação com o apoio de amigos e professores.
“No começo eu fiquei com medo de apanhar, ai fiquei olhando todo mundo grande, eu me achava muito fraca, não conseguia aprender nenhum golpe e nem derrubar ninguém, ai pensei em desistir, pensei que não era pra mim, que eu ia me machucar muito e algumas pessoas falavam que eu era menina e não podia fazer. Mas ai depois de um tempo fui mudando de ideia, fui prestando atenção nas aulas, aprendendo um monte de coisa, os amigos e o sensei me apoiaram muito, disseram que ninguém nasce sabendo, todos os senseis vieram conversar comigo e ai eu desisti de sair. Minha mãe também conversou comigo e eu levantei a cabeça e continuei, sem ligar para o comentário dos outros. Ai por agora não tenho plano de sair do judô não, quero chegar até na faixa vermelha”.
Com o novo centro de treinamento, a expectativa é de que os trabalhos fora do tatame sejam ampliados, como os programas Faixa Preta, inteligência sócio emocional no esporte, de apoio às mães e mulheres, além de um programa de revelação de talentos.
“O que eu dou mais valor é a parte educacional, lógico que com o decorrer do treinamento, eles podem evoluir na questão técnica e podem se tornar grandes competidores, mas a parte social e educacional, a possibilidade de você ajudar a família na parte disciplinar, ensinar o respeito, a organização e educação, independente do competidor que eu fui, essa parte social foi marcante na minha história e quero que seja marcante na vida deles também”, explicou o professor Vinicius dos Santos Vilela, judoca há 21 anos.
Com a conclusão das obras, iniciadas em maio de 2019, será possível ampliar o atendimento para cerca de 200 crianças. O centro de treinamento tem 250 metros quadrados de área construída e um tatame olímpico de 192 metros. A unidade conta com banheiros masculino e feminino, sala de administração, depósito e mezanino. Para sua construção foram utilizados materiais adequados à prática do esporte além de telhas termo acústicas, revestimento de primeira, e outras novidades na área desportiva e recreativa.
“O Reação vem para formar faixas pretas dentro e fora do tatame e mostrar para essas crianças que elas podem ser o que elas quiserem, inclusive atletas de judô. Isso vale mais que uma medalha. Eu sou muito grato ao Flávio, a nossa parceira Unimed, ao secretário Alex, ao prefeito Emanuel Pinheiro por abraçar de verdade esse sonho de concretizar o Instituto Reação em Cuiabá. Toda essa ajuda nos motiva a ampliar e fazer sempre o melhor. Agradeço a tudo que está acontecendo e a todos que ajudaram e nos ajudam todos os dias, de coração”, comentou o judoca olímpico e embaixador do projeto em Cuiabá, David Moura.