Considerado fiel da balança na eleição suplementar para o Senado da República por Mato Grosso, marcada para 26 de abril, o governador Mauro Mendes (DEM) corre o risco de criar um forte rival, ao final do pleito. “Eu vou defender o melhor para Mato Grosso”, disparou ele, nesta semana, em reunião com líderes do movimento comunitário, no Salão Clóves Vettorato do Palácio Paiaguás.
A resposta foi sobre quem ele vai apoiar para senador, na eleição suplementar. Pelo menos três pré-candidatos se colocam publicamente como sendo apoiados por Mendes: o ex-governador Júlio Campos (DEM), o vice-governador Otaviano Pivetta (PDT) e o ex-vice-governador Carlos Fávaro (PSD).
A vaga está para ser aberta pertence à ainda senadora Juíza Selma Rosane Santos Arruda (Podemos), cassada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e com sentença confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no final do ano passado.
Selma Arruda continua senadora por conta da burocracia institucional republicana, na Mesa Diretora do Senado, tendo como relator o senador Eduardo Gomes (MDB-TO). A previsão de que o caso seria julgado antes do dia 20 de agosto não se confirmou.
Mesmo assim, os pré-candidatos estão se movimentando. As pesquisas de opinião pública sobre tendência do eleitorado colocam Mauro Mendes forte cabo eleitoral para quem deseja substituir Selma Arruda.
No Palácio Paiaguás, alguns auxiliares defendem a neutralidade do governador, já que, em tese, qualquer um dos três será um aliado de primeira hora. Já se apoiar um e o vencedor for outro, tende a criar rusga e até se tornar um concorrente, no seu projeto de reeleição, em 2022.
A confirmação da pré-candidatura de Júlio Campos, seu colega de partido, tirou o governador da zona de conforto. Até então, estava “a cavalheiro” para apoiar Pivetta ou mesmo Fávaro, sem maiores desgastes.
Entre os aliados, há quem garanta que a vontade individual de Mendes é apoiar Carlos Fávaro. A maior prova disso teria sido o fato de a Procuradoria Geral do Estado (PGE) ter ingressado com mandado de segurança para assegurar-lhe a cadeira no Senado. E o próprio presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, concedeu liminar determinando a posse de Fávaro, no caso de uma eventual vacância.
O problema é que Fávaro é o principal rival político de Pivetta, seu vice, numa briga que se arrasta há anos. São confrontos que se arrastam desde batalhas pela Prefeitura de Lucas de Rio Verde – domicílio eleitoral de ambos.
Em 2016, inclusive, Fávaro teve participação decisiva na derrota de Pivetta, que buscava a reeleição, para o atual prefeito Flori Luiz Binotti (PSD). Pivetta era amplo favorito, mas Fávaro montou uma chapa com Binotti, tendo como vice-prefeito o atual deputado estadual Sílvio Fávaro (PSL).
Desta forma, a disputa pelo Senado se tornou uma sinuca de bico, para Mauro Mendes. Mesmo que ajude a eleger o próximo senador da República por Mato Grosso, na vaga da senadora cassada Selma Arruda, o governador corre o risco de criar dois ou mais adversários, descontentes com o ronco das urnas.
Isso porque claramente Júlio Campos, Piveta e Fávaro contam com o apoio do atual chefe do Poder Executivo de Mato Grosso e somente um sairá contente. É improvável que os preteridos mantenham a mesma estima por Mendes que tinham, quando o apoiaram, na vitoriosa campanha de 2018.