Planejamento e gestão da porteira para dentro são as palavras de ordem na pecuária, principalmente quando o intuito é aproveitar o mercado aquecido, como o visto ao final de 2019 diante o ‘boom’ das exportações para a China. De acordo com especialistas, o pecuarista deve encarar a atividade hoje como uma empresa e não mais como um “hobby”, pois “boi dá dinheiro”.
Mato Grosso é detentor de um rebanho bovino de aproximadamente 30 milhões de cabeças. Em 2019, segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), foram abatidas 5,6 milhões de cabeças, sendo outubro o maior pico de envios aos frigoríficos com 538,6 mil cabeças diante a aproximação das festas de final de ano e, principalmente, o ‘boom’ das exportações para a China diante o surto da gripe suína africana, país para o qual somente em dezembro foram encaminhadas em torno de 30 mil TEC (toneladas equivalente carcaça).
Os ganhos da porteira para dentro foram o foco do evento “Boi que deixa dinheiro – Ferramentas e números da porteira para dentro” realizado pela Silveira Consultoria no dia 04 de fevereiro em Cuiabá (MT). O evento contou com mais de 400 participantes entre pecuaristas, empresas e especialistas na cadeia produtiva de Mato Grosso, Goiás, Acre, Rondônia e Mato Grosso do Sul.
O objetivo do encontro, conforme Luiz Guilherme Silveira e Maurício Piona, consultores da Silveira Consultoria, foi o fazer o pecuarista abrir a sua cabeça para este novo momento em que a pecuária brasileira, em especial a mato-grossense, vive. “Não é somente produzir o boi. O pecuarista tem que produzir margem e essa margem tem que realmente entrar no bolso dele. Nosso intuito foi mostrar para o pecuarista que ele realmente pode ganhar dinheiro com ferramentas atuais, que vão desde pastagem a suplementação de precisão a partir de mercado e gestão”, frisa Maurício Piona.
Na avaliação de Luiz Guilherme Silveira é preciso “encarar a pecuária como uma empresa. Através de indicadores é possível saber onde se está errando e o que está indo bem”.
Fundador da Silveira Consultoria e engenheiro agrônomo, Antônio Carlos Silveira ressalta que o Brasil está dando um “salto” em sua economia e a pecuária também. “Quem não faz gestão, na minha opinião, está com os dias contados. Fazenda hoje não é mais para hobby ou para luxo. Fazenda hoje tem que dar dinheiro”.
Buscas de melhorias
Renan Antonelli, gestor e médico veterinário da Fazenda Santa Ernani, localizada em Barra do Bugres (MT), pontua que toda oportunidade que traga conhecimento ao produtor é de suma importância, “pois as tecnologias hoje são muitas as utilizadas na pecuária e com a nossa margem cada vez mais apertando temos que saber como aplicá-las e quais cabem em nosso sistema de produção”.
Pesquisador na Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) em Colina (SP), Flávio Resende foi um dos especialistas convidados para o evento da Silveira Consultoria. Em sua palestra “2019 foi o ano do boi China, e em 2020? Quais estratégias da porteira para dentro para produzir e deixar margem”, Flávio Resende destacou que o pecuarista ainda comete uma série de erros. “O pecuarista tem de entender que quem paga as contas da fazenda é o ganho de peso médio diário dos animais. Às vezes brincamos que o pecuarista é meio ‘guloso’, pois ele coloca mais gado do que a fazenda suporta e com isso ele acaba achatando esse ganho médio diário de todos os animais e fica com pequenos prejuízos em cada um destes animais, que ao juntar tudo se tem um prejuízo maior. É preciso estratégia e planejamento. É isso o que falta”.
Palestrante no “Boi que deixa dinheiro – Ferramentas e números da porteira para dentro” o zootecnista, mestre em produção animal e diretor do Inttegra, Antônio Chaker, abordou “Fazenda na mão e dinheiro no bolso: passo a passo para ganhar 10 vezes mais” e salientou que o produtor também deve filtrar as informações e novidades que chegam a cada dia. “Ele precisa ver o que melhor se encaixa na sua propriedade e traga melhor ganho médio diário”. O médico veterinário e responsável pelo blog Notícias do Front, Rodrigo Albuquerque pontuou sobre “O boi deixa dinheiro, mas para quem?” e destacou também que é preciso haver equilíbrio. “A única saída é intensificar, equilibrando produção e gestão”.
Durante o “Boi que deixa dinheiro – Ferramentas e números da porteira para dentro” um dos pontos levantados por especialistas foi quanto a gestão de pastagem via satélite, tema este apresentado por Jalme de Souza Fernandes Junior, da SigFarm Intelligence, em sua palestra “Gestão de pastagem via satélite: a ferramenta que pode transformar o seu negócio”.
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