O início do meu ano novo deu-se com uma viagem fascinante pela Califórnia, grandioso estado norte-americano que me encanta, tanto pelo tamanho quanto pelo domínio que exerce na cultura moderna, simboliza a diversidade e a prosperidade dos Estados Unidos. Ali se encontram florestas, montanhas de neve, desertos, vinícolas, praias e o parque tecnológico mais evoluído do mundo.

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Além disso, possui quatro das mais avançadas cidades do mundo: Los Angeles, cidade dominada pela riqueza, fama e glamour, como se vê em Hollywood, atrai mais de 50 milhões de pessoas por ano. San Francisco é a cidade com colinas, conhecida pela névoa que dura o ano todo, pela emblemática ponte Golden Gate, por seus bondinhos e por suas coloridas casas vitorianas. San Diego, local da primeira missão espanhola, é um grande porto comercial e militar, com porta-aviões, cruzadores, barcos de pesca, transatlânticos e belíssimos iates. San José, colônia espanhola da Califórnia, se tornou importante centro comercial e cultural do sul da baía de San Francisco e o coração do Vale do Silício. Todas fundadas por jesuítas.

Apesar dos Estados Unidos serem o país do automóvel, provido de uma das maiores redes de autopistas do mundo, a ferrovia nunca foi esquecida, como aconteceu no Brasil. Com 224.792 quilômetros, os americanos possuem a maior malha ferroviária do mundo.

Na Califórnia, os trens lendários “Coast Starlight” e “Pacific Surfliner” da Amtrack seguem rotas com paisagens impressionantes no litoral. Uma grande aventura de trem na costa oeste, cerca de 1.800 quilômetros, pode ser feita entre Los Angeles e Seattle. O trem Coast Starlight passa por Santa Bárbara, a área da baía de San Francisco, Sacramento (capital da Califórnia), Portland (Oregon) até chegar em Seattle (Washington), na divisa com o Canadá.

O cenário ao longo da rota Coast Starlight é insuperável. Os dramáticos picos cobertos de neve da Cordilheira das Cascatas (Cascade Range) e do Monte Shasta (com 4.322 metros), florestas exuberantes, vales férteis e longos trechos da costa do Oceano Pacífico fornecem um panorama deslumbrante para sua viagem. É amplamente considerada pelos críticos, uma das mais espetaculares de todas as estradas de ferro.  Outra viagem belíssima pode ser feita pela “Pacific Surfliner”, a partir de San Luís Obispo, Santa Bárbara, Los Angeles até San Diego, na divisa com o México. Oferece uma vista única na paisagem marítima do sul da Califórnia.

Existem outras opções para viajar de trem pela Califórnia: O “Capitol Corridor” fornece uma rota fácil no sentido leste-oeste que atravessa o norte do estado. A “San Joaquim” corta o amplo e ensolarado Vale Central, com conexões ao Parque Nacional de Yosemite. O “Caltrain”, no norte da Califórnia, oferece serviço regular entre San Francisco e San José. No sul da Califórnia, o “Metrolink” oferece serviço em sete linhas regionais que ligam Los Angeles, Ventura County, Antelope Valley, San Bernardino, Riverside, Orange County e o Inland Empire. Trens dedicados a determinados temas e em locais específicos, como o “Trem do Vinho” na Vale do Napa, também oferecem uma maneira única de ver alguns dos principais destinos da Califórnia.

Mas, se você quiser atravessar o imenso país de trem, o estado da Califórnia propicia três opções. A partir de San Francisco passando por Sacramento, Salt Lake City, Chicago até Boston. E duas outras saindo de Los Angeles: uma via férrea passando por San Bernardino, Albuquerque, Kansas City até Filadélfia. E a outra rota por Tucson, El Passo, San Antonio, Houston, New Orleans até Orlando – Miami.

Olhamos os Estados Unidos da América com admiração por seu desenvolvimento e poderio, e a maioria de nós brasileiros acham que estamos a anos luz de distância e nunca seremos como eles, apesar de muitos desejarem. Esquecemos, porém, que os norte-americanos chegaram a esse ponto aos poucos e em um processo que resultou em muitas decisões. As viagens turísticas são feitas hoje nos trens porque nos tempos passados eles tomaram a decisão de não abandonar as linhas férreas e conservar seu patrimônio.

No Brasil, seguimos em direção oposta. Decidimos abandonar nossas ferrovias e jogamos nosso patrimônio no lixo. Recentemente, por exemplo, um acordo firmado entre a Fundação Cultural de Rondônia, o Iphan e a Associação dos Ferroviários da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré permitiu que as locomotivas, vagões e demais equipamentos – que foram abandonados ao longo do Estrada de Ferro – sejam vendidas como inservíveis, pois foram transformadas em inservíveis por decisões erradas dos gestores.

O mesmo aconteceu e continua acontecendo ao longo do país. Quantas ferrovias ainda podemos salvar? Quantas ferrovias podíamos ter salvo nos últimos anos?

Belezas naturais nós também temos. Culinária, história e muito mais. Tudo poderia estar ligado por ferrovias, mas abandonamos. O Paraná é um dos poucos estados que permanece com uma viagem que reúne milhares de visitantes todos os anos. Que se deslumbram com a beleza da Serra do Mar, na viagem de Curitiba a Morretes.

Mas muitos de nós brasileiros não acreditam em nosso país. Por isso, ficam achando sempre que os outros são melhores. Uma pena! Por isso, parabenizo os Estados Unidos e lamento pelo Brasil.

VICENTE VUOLO é economista, cientista político e coordenador do Movimento Pró-VLT.