Recomendo aos professores universitários que estão interessados em uma bolsa de pós-graduação comprar rapidamente um exemplar da Bíblia Sagrada e nela estudar com dedicação a criação do mundo. Isto não vai tomar-lhes muito tempo, afinal o relato completo ocupa só dois capítulos do livro de Gênesis é pode ser exigido como pré-requisito na hora da seleção.
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Há uma boa razão para seguir este conselho: o recém-empossado presidente da Capes, fundação ligada ao MEC que decide a concessão das bolsas de estudo, é um defensor incondicional do criacionismo, doutrina que aceita o mito de Adão e Eva e contesta a Teoria da Evolução das Espécies elaborada por Charles Darwin.
Os adeptos do criacionismo, para negar a origem religiosa da teoria, passaram a nominá-la de “Desenho Inteligente” ou “Design inteligente” tentando passar a ideia de que se trata de uma teoria científica. Entretanto a comunidade acadêmica ocidental repudia totalmente a tentativa de aceitar como ciência relatos pseudocientíficos.
Mas os criacionistas – defensores do design inteligente – insistem que a seleção natural exposta por Darwin, baseada em um processo evolutivo não direcionado, não consegue explicar algumas características dos seres vivos. A teoria da seleção natural – aceita no mundo científico (não no religioso) – afirma que os seres vivos são originários de um processo seletivo que não obedece a um projeto elaborado e executado por um criador.
Em uma época em que 7% dos brasileiros afirmam que a terra é plana a despeito das incontáveis provas em contrário, não é surpresa que estes e outros muitos creiam que o homem foi criado no Jardim do Éden.
Também não espanta que haja defensores do criacionismo no governo, pois somente 8% dos brasileiros acreditam plenamente no evolucionismo, isto é, que o homem como é hoje, evoluiu de formas anteriores de vida sem nenhum planejamento e sem qualquer propósito.
Mas essa crença absurda na criação divina não é um privilégio nosso, pois nos Estados Unidos 75% das pessoas aceitam totalmente o criacionismo e apenas 15% admitem a seleção natural de Darwin na sua plenitude.
Contudo é inaceitável que pessoas inimigas da ciência militem em áreas cuja ênfase é justamente a pesquisa, o aperfeiçoamento e o ensino dessa mesma ciência que eles negam. Dá até pra aceitar – embora discordando da tese- a ministra Pastora Damares dizer que foi um erro ter permitido o ensino do Darwinismo no Brasil porque ela, além de ser “terrivelmente evangélica”, não trabalha na educação. Entretanto para presidir um órgão – no caso a Capes – que decide quem pode ou não fazer mestrado ou doutorado em todas as áreas do ensino é necessário buscar uma pessoa que ponha a ciência acima da fé.
Agora, eu não vejo nenhum absurdo em um cristão refutar a seleção natural. Afinal é mais fácil acreditar na origem sobrenatural da vida do que aceitar – como eles aceitam – a tese bíblica de um Deus que foi gestado no ventre de uma judia virgem e tendo sido morto pelos incrédulos, virou o salvador do mundo.
*RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor em Mato Grosso.
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