Os recursos liberados pelo Fundo Constitucional do Centro Oeste (FCO) para a indústria mato-grossense em 2019 cresceram 144% em relação ao ano anterior. De acordo com dados do Banco do Brasil, foram 128 projetos – 83% a mais do que os 70 aprovados em 2018. O valor total dos recursos passou de R$ 117 milhões, um salto considerável frente os R$ 47,9 mi liberados em 2018.
O presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Gustavo de Oliveira, credita parte desse resultado à retomada da confiança do industrial. “O empresário, diante de cenários positivos, assume o risco. Tem apetite por contratar, investir, modernizar, desenvolver. Precisamos de boas condições de investimento, taxas de juros razoávies, prazos adequados, mas é fundamental termos boas perspectivas”, pontua.
A taxa de crescimento do setor industrial ficou bem acima da variação dos recursos globais liberados pelo FCO empresarial para Mato Grosso, que também foi positiva: ao todo, foram R$ 824,6 milhões, 29% a mais que os R$ 641,6 mi liberados em 2018. Assim como no setor industrial, o número total de projetos aprovados no FCO empresarial subiu 83% – de 1296 para 2376.
Tendência de recuperação
O resultado confirma a tendência de recuperação que já vinha desde 2017, quando o FCO empresarial chegou a R$ 441 mi, revertendo a curva descendente que havia levado o fundo a um dos piores resultados em 2016, no ápice da crise econômica, quando apenas R$ 191 milhões foram liberados. O resultado de 2019 é o melhor dos últimos seis anos, superando em 14% os R$ 721 mi alcançados em 2014.
Ainda de acordo com as informações do Banco do Brasil, os setores da indústria que mais realizaram operações de FCO em 2019 foram a indústria química (R$ 30,6 milhões), a de alimentos de origem vegetal (R$ 18,7 milhões) e a de refino do petróleo e destilação de álcool (R$ 12,6 milhões).
Juros e prazos
O FCO é uma fonte de recursos importantes para a indústria, em função da taxa de juros mais baixa e do prazo de pagamento, que pode chegar a 12 anos, com até três anos de carência. Podem ser financiados praticamente quaisquer itens, inclusive equipamentos usados ou importados.
A facilidade do acesso ao recurso varia de acordo com a complexidade do projeto. Operações de crédito que envolvem o financiamento de máquinas, equipamentos e caminhões tendem a ser analisadas e liberadas em menos tempo do que operações que contemplem construção civil, por exemplo. Pontos como cadastro, limite de crédito da empresa junto ao banco, qualidade do projeto de viabilidade econômica e análise setorial também são determinantes para a aprovação das operações de FCO Industrial.
Além do Banco do Brasil, cooperativas de créditos também podem operar esses recursos, porém, em 2019, cerca de R$ 200 milhões que deveriam ser operados pelas cooperativas acabaram não sendo empregados. A Fiemt e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) estão trabalhando pra que em 2020 as cooperativas de crédito possam injetar esses recursos na economia de Mato Grosso.
Expecativa otimista
A expectativa da instituição financeira é de aumento nas operações do FCO Industrial para Mato Grosso em 2020, em função dos bons resultados de 2019, que sugerem um cenário econômico favorável ao setor produtivo como um todo, com reflexo direto no processo de concessão de crédito para a região.
“A indústria mato-grossense já intensificou o ritmo, aumentando a produção por cinco meses seguidos. O índice de confiança bateu recorde. A agilidade na liberação de recursos é fundamental para consolidar a retomada do investimento. Isso é que move a roda da economia”, finaliza Gustavo.