No último domingo do mês de janeiro é comemorado o Dia Mundial contra a Hanseníase e no dia 31 de janeiro é o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase. Mas afinal por que é importante falar sobre a doença?

 

 

Antigamente conhecida como lepra, a hanseníase é uma doença crônica, transmissível, de notificação compulsória e investigação obrigatória em todo território nacional. Infecciosa, ela é  causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen. A doença foi identificada no ano de 1873 pelo cientista Armauer Hansen e é uma das doenças mais antigas, com registro de casos há mais de 4000 anos, na China, Índia e Egito.

 

A terminologia hanseníase é iniciativa brasileira para diminuir o secular preconceito atribuído à doença, adotada pelo Ministério da Saúde em 1976. Desta forma, o nome Lepra e seus adjetivos passam a ser proibidos no País.

 

 

Dados do Ministério da Saúde apontam que o Brasil ocupa a 2ª posição do mundo, entre os países que registram casos novos, ou seja, a doença permanece como um importante problema de saúde pública brasileira.

 

 

A infecção por hanseníase pode acometer pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade. Porém, a sua transmissão se dá por meio de convivência próxima e prolongada com o doente da forma transmissora, chamada multibacilar, que não se encontra em tratamento, por contato com gotículas de saliva ou secreções do nariz.

 

Tocar a pele do paciente não transmite a hanseníase. Cerca de 90% da população têm defesa contra a doença.

 

O período de incubação (tempo entre a aquisição a doença e da manifestação dos sintomas) é de seis meses a cinco anos.

 

 

A maneira como ela se manifesta varia de acordo com a genética de cada pessoa. Com a capacidade de infectar grande número de indivíduos, a hanseníase atinge principalmente a pele e os nervos periféricos com capacidade de ocasionar lesões neurais.

 

A hanseníase pode se apresentar com manchas mais claras, vermelhas ou mais escuras, que são pouco visíveis e com limites imprecisos, com alteração da sensibilidade no local associado à perda de pelos e ausência de transpiração.

 

Quando o nervo de uma área é afetado, surgem dormência, perda de tônus muscular e retrações dos dedos, com desenvolvimento de incapacidades físicas. Nas fases agudas, podem aparecer caroços e/ou inchaços nas partes mais frias do corpo, como orelhas, mãos, cotovelos e pés.

 

 

A doença tem cura e se não tratada, pode deixar sequelas. Hoje, em todo o mundo, o tratamento é oferecido gratuitamente. O diagnóstico é feito pelo médico e envolve a avaliação clínica dermatoneurológica do paciente, por meio de testes de sensibilidade, palpação de nervos, avaliação da força motora, entre outros. Se necessário, será feita a baciloscopia –  coleta da serosidade cutânea em orelhas, cotovelos e da lesão de pele- e ainda pode ser realizada biópsia da lesão ou de uma área suspeita.

 

 

Ter hábitos saudáveis, alimentação adequada, evitar o álcool e praticar atividade física associada a condições de higiene, contribuem para dificultar o adoecimento pela Hanseníase.  A melhor forma de prevenção é o diagnóstico precoce e o tratamento adequado.

Natasha Crepaldi é médica, especialista e mestre em dermatologia, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).