O goleiro Bruno Fernandes, ex-Flamengo, deve mesmo defender as cores do Operário no Campeonato Mato-grossense edição 2020. O principal entrave era a autorização da Justiça mineira, mas nesta sexta-feira, o promotor de Varginha, Aloísio Rabelo de Rezende, emitiu parecer favorável pela liberação do goleiro para assinar contrato com o CEOV. O promotor destacou que obter um ‘trabalho fixo’, é uma das condições estabelecidas pela Justiça ao cumprimento da pena em regime semiaberto por parte do atleta que foi condenado a 20 anos e 9 meses pela morte de Eliza Samúdio. A autorização já foi assinada pela Justiça de Minas Gerais, segundo a diretoria do Operário que agora depende apenas da liberação da Justiça de Mato Grosso.
Veja mais:
Contratação do goleiro Bruno divide torcida do Operário; Diretoria se posiciona
Goleiro Bruno confirma acerto com o Operário-VG, mas ainda falta liberação da justiça
Conselho da Mulher repudia possível contratação do goleiro Bruno Fernandes
Conforme trecho extraído do parecer, o Ministério Público não se opôs ao requerimento do atleta, por entender que “a Justiça considerou que a obtenção de trabalho foi uma das condições assumidas para o cumprimento da pena do regime semiaberto tendo em vista a profissão que sempre exerceu o reeducando e o teor da proposta de emprego por ele apresentada”.
Com sua transferência para Várzea Grande prevista para os próximas horas, Bruno deve assinar contrato com o clube e será inscrito para a disputa do Campeonato Estadual. Ainda não se sabe se será liberado para a estreia do time na competição, marcada para o dia 21 deste mês (terça-feira), diante do Poconé, no estádio Dito Souza. “Isso agora só depende da Justiça de Mato Grosso que, acredito, vai autorizar”, afirmou o supervisor de futebol do Operário, André Xela. Segundo ele, Bruno vai cumprir pena em Mato Grosso e assim, ficará sob a responsabilidade do clube.
Posição da diretoria
Na direção do Operário, já é do conhecimento que o goleiro enfrenta reações negativas por parte de muitos torcedores, especialmente da ala feminina, no entanto, o clube se mostra decidido a não voltar atrás no investimento. “Não estamos trazendo o Bruno que cometeu um crime. O Bruno que estamos contratando é o atleta, o goleiro que terá um vínculo profissional e está disposto a ajudar o Operário a ser campeão”, afirma André Xela. “Essa divisão entre os torcedores é um fato normal e até mesmo o goleiro está preparado para enfrentar essa situação. Muitos são contra, mas muitos estão a favor”, afirma André Xela, revelando que uma enquete realizada pelo clube apontou que 85% da torcida aprova a contratação.
O supervisor afirma que o Operário não está fazendo nada irregular ou fora da lei. “Estamos trazendo o Bruno para Mato Grosso em uma ação que terá total aval da lei. Questionado sobre o fato do porque o clube não procurou outro goleiro à altura de Bruno e por valores mais acessíveis – especula-se que o ex-jogador do Flamengo terá um salário de R$ 4 mil até R$ 6 mil por mês, no Operário -, André Xela afirma que ele é a primeira opção por sua qualidade técnica. “O Operário está montando um time para ser campeão. Então, buscamos o que há de melhor no mercado de acordo com nossas condições e o Bruno se enquadrou dentro da margem do teto salarial e concordou com a filosofia do clube. Temos a certeza de que, com seu talento, será importante para o Operário”.
Bruno foi condenado a mais de 20 anos de prisão pelo sequestro, assassinato e ocultação do cadáver de Eliza Samudio. Em julho ele recebeu autorização da Justiça e passou para o regime semiaberto. Em agosto de 2019, assinou o contrato com o Poços de Caldas (MG), mas o acordo durou dois meses e dois jogos amistosos.
Ele estava cumprindo pena no regime semiaberto em Varginha (MG). Lá, chegou a defender o Boa Esporte por cinco partidas, em 2017. Antes do crime, se destacou pelo Atlético Mineiro e teve uma rápida passagem pelo Corinthians, até que chegou ao Flamengo, pelo qual conquistou o tricampeonato carioca, entre 2007 e 2009 e o Brasileirão de 2009.