A homossexualidade sempre existiu e sempre vai existir. Na antiguidade, inclusive, não só era tolerada com era comum nas comunidades mais avançadas culturalmente, como Roma e Grécia.
Sócrates, patrono da filosofia, que ofereceu sua vida em holocausto por defender a verdade e a justiça, tinha um companheiro, Alcebíades, do mesmo sexo e morreu em seus braços.
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Foi para o inferno o patrono da filosofia, que morreu defendendo os valores mais nobres da civilização e abriu mão de qualquer clemência em troca de sua honra e dignidade?
O que me impressiona em quem é contra a homoafetividade, por esse ou aquele trecho bíblico, é constatar que não consegue desenvolver uma tese lógica e razoável que dê sustentabilidade para sua crença, sem revelar sua ignorância alimentada por preconceitos absorvidos sem qualquer reflexão.
Fica apenas repetindo frases prontas, como se a complexidade da natureza humana pudesse ser descrita de forma acrítica, simplista e reducionista.
A Bíblia, assim como a Constituição, foi escrita por seres humanos, de uma determinada tradição cultural e com demandas sócio-econômicas e políticas de sua época, sendo que boa parte por escribas, muito tempo depois dos fatos, dezenas de anos.
E sem ajuda do “Anjo Gabriel”, em uma caverna, como “deu a Maomé”, fundador do Islã, mesclando o judaísmo, o cristianismo e a superestrutura árabe, posteriormente unificada como mulçumana.
Como ocorre até hoje com as religiões, que se adaptam ao texto e contexto do seu tempo e espaço, ao ponto do Papa Francisco ter de exortar os cardeais não lucrarem com a religião. Edir Macedo e companhia, que o digam!
O povo judeu, durante o cativeiro egípcio e no êxodo, precisava procriar, para ter número para se libertar, ocupar os territórios pretendidos e vencer as guerras contra outros povos, com muito derramamento de sangue e espólio de guerras.
Daí uma geração de 40 anos para que isso se concretizasse. O resto é misticismo, que nem os contos infantis.
É tão difícil entender que, não obstante à cor, nacionalidade, gênero, orientação sexual, entre outras condições e características de cada ser humano, o que importa do ponto de vista ético e moral é o caráter e os afetos humanos?
*PAULO LEMOS MELO DE MENEZES é advogado e filiado ao PT; professor universitário atualmente de Filosofia-Geral e Filosofia-Jurídica, articulista de opinião e palestrante; só que, principalmente, alguém que não deixou o cérebro descer para o intestino.
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