O projeto de Reforma da Previdência que prevê o aumento da alíquota de contribuição dos servidores de 11% para 14% foi aprovado em primeira votação em sessão na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), na noite desta quarta-feira (8). A proposta isenta os servidores que ganham menos de dois salários mínimos.
O governo afirmou, em nota, que a alíquota de 14% segue a diretriz nacional da Reforma da Previdência e que estados e municípios não podem ter alíquotas diferentes. Outros aspectos da Reforma da Previdência, segundo o governo, serão discutidos depois da aprovação desse projeto de lei.
Entre os parlamentares, o projeto divide opiniões.
Com 14 votos favoráveis e nove contrários, a regra deve passar a valer a partir de julho deste anos e atinge também os aposentados e pensionistas que ganham até R$ 5.839, que antes eram isentos do pagamento. Também serão taxados os inativos que ganham acima desse valor.
Servidores manifestaram contra a proposta — Foto: TVCA/Reprodução
Para os servidores, a medida é inviável, principalmente para os que atualmente não pagam a contribuição.
O governo justificou que o aumento da alíquota é importante para melhorar a situação da previdência que tem um rombo acumulado há anos. Em 2019, o déficit foi de R$ 1,3 bilhão.
O deputado Carlos Avalone Júnior (PSDB) afirmou que os parlamentares estão tentando negociar com o estado.
“A Assembleia está negociando com o governo e com os segmentos. Já conseguimos que, com até dois salários mínimos, o servidor não precisará pagar nada na previdência. Quem ganha cinco salários mínimos pagará de acordo com os três salários, pois ou outros dois estarão isentos”, explicou .
Representantes do Fórum Sindical estiveram na sessão para pedir aos deputados para não aprovarem o projeto — Foto: TVCA/Reprodução
Representantes do Fórum Sindical dos Servidores Públicos de Mato Grosso estiveram na ALMT para pedir aos deputados para não aprovarem a reforma.
“Isso é muito ruim para o orçamento familiar dessas pessoas que vai começar a pagar aquilo que era subsídio fundamental para as despesas familiares”, avaliou a professora Josete Maria Cangussu.
Para Josete Cangussu, a dívida do governo de Mato Grosso não tem relação com os servidores.
“Querem cobrar uma dívida da previdência que não é nossa. Nós servidores pagamos todos os meses, desconta do nosso salário. O que fazem com esse dinheiro? Porque não capitalizaram esse dinheiro para ter recursos para pagar quem aposenta?”, questionou.
Projeto deve passar ainda por segunda votação — Foto: TVCA/Reprodução
Depois da sessão, o projeto da reforma passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) onde o deputado Lúdio Cabral (PT) pediu vistas. Ele tem 24 horas para analisar e devolver o projeto à CCJ. Isso significa que o projeto só pode ser votado depois desse período.
“O governo fala em déficit hoje, mas só faz conta do que arrecada hoje do que gasta com benefícios. O governo não faz a conta daquilo que foi arrecadado ao longo de 50 anos e que sofreu desvio de finalidade. Há uma dívida do estado com os servidores públicos, com o fundo previdenciário. Essa dívida precisa ser reposta”, ressaltou Lúdio.
Falta ainda a segunda votação, que deve acontecer até essa sexta-feira (10), quando os parlamentares entram em recesso.
VOTARAM A FAVOR:
- Sebastião Rezende (PSC)
- Eduardo Botelho (DEM)
- Dilmar dal Bosco (DEM)
- Wilson Santos (PSDB)
- Carlos Avalone (PSDB)
- Romoaldo Junior (MDB)
- Sílvio Fávero (PSL)
- Doutor Eugênio (PSB)
- Doutor Gimenez (PV)
- Faissal Calil (PV)
- Valmir Moretto (PRB)
- Ondanir Bortolini (PSD)
- Xuxu Dalmolin (PSC)
- Ulysses Moraes (DC)
VOTARAM CONTRA
- Paulo Araújo (PP)
- Thiago Silva (MDB)
- Lúdio Cabral (PT)
- Valdir Barranco (PT)
- Delegado Claudinei Lopes (PSL)
- Elizeu Nascimento (DC)
- João Batista (Pros)
- Max Russi (PSB)
- Doutor João José (MDB)