Lucas é um diligente e brilhante escritor sagrado. É ele que mais se ocupou com as informações históricas sobre o nascimento e infância de Jesus. Gloria luminosa, alegria e paz pelo nascimento de um Salvador, dominam o seu anúncio evangélico.
Na narrativa do nascimento de Jesus ele escreve: “Eis que lhes anuncio a Boa Notícia, uma grande alegria para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vocês um salvador, que é o messias do Senhor” (Lc 2,10-11). Esta é a grande mensagem do Natal. Cada ano revivemos esta contagiante alegria pela encarnação do Filho de Deus na história humana.
Assim proferiu São Leão Magno, Papa: “Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida; uma vida que, dissipando o temor da morte, enche-nos de alegria com a promessa da eternidade”. Entretanto, é o evangelista João que melhor elaborou a teologia da encarnação de Jesus. Esta teologia se fundamenta, sobretudo, no sublimíssimo prólogo do seu evangelho, aqueles catorze versículos iniciais do primeiro capítulo, dos quais dizia Santo Agostinho, deveria ser escrito com letras de ouro.
O excelso evangelista, nesse texto, revela-nos a origem divina e eternidade de Jesus salvador, sua entrada no mundo e sua rejeição pelos homens. Afirma João: “Veio para os seus, e os seus não o acolheram (Jo1,11)”. O texto revela-nos, também, que Jesus é a sabedoria de Deus encarnada na humanidade. Ele é a palavra eterna feita homem, conforme registra o texto bíblico: “E o verbo se fez carne e habitou entre nós”(Jo 1, 14).
Pela encarnação, a salvação prometida por Deus torna-se realidade concreta em Jesus Cristo, o único mediador desta salvação. Parafraseando as palavras do profeta Isaias, o Salvador esperado é o “Emanuel” (Is.7,14), isto é, o “Deus-conosco”.
Portanto, nosso Deus é presença visível em Jesus. Porquanto, Jesus é o rosto humano de Deus e rosto divino do homem. Esta afirmação teológica do profeta Isaías nos faz compreender que Jesus não é uma saudosa memória do passado, uma ideia ou um ser abstrato. Porém, uma pessoa viva, real, concreta e atuante em nossa vida e na história humana. Ele é o Senhor da história e alegria do mundo, ontem, hoje e sempre!
É por isso que a festa do natal se reveste de certa magia e ternura, despertando nas pessoas sentimentos cristãos, muitas vezes adormecidos, tais como: encontros festivos, confraternizações, amigo oculto e gestos de solidariedade. São, verdadeiramente, sentimentos que encantam e enobrecem a alma humana. Estes frutos maravilhosos e radiosos do natal, enriquecem nossas relações interpessoais e nos enchem de alegria.
O profeta Isaías, em outro poema messiânico nos apresenta o salvador como: “Conselheiro admirável, chefe perpétuo e príncipe da Paz”(Is. 9,5). Conforme esta profecia, Jesus se apresenta como o príncipe da paz, aquele que veio para reunir os povos da terra numa só família. É o grande sonho da fraternidade humana! Ele é o ponto de comunhão de todos os homens e a medida de todas as culturas!
Por isso, natal é, também, a festa da paz, da harmonização familiar e social. Em tempos de polarizações ideológicas, o natal é uma ocasião para o reencontro fraterno e carinhoso com todas as pessoas. Pois, todos somos irmãos em Cristo Jesus!
Finalmente, cuidemos para não transformar o natal só em festa de comensalidade e consumo, ofuscando o brilho luminoso do aniversariante festejado! Para tanto, acolhamos o divino Salvador com alegria, na obediência da fé e na experiência do amor ao próximo!
O augúrio de feliz Natal, é a expressão mais declinada e verbalizada nos lábios das pessoas neste tempo festivo. Que esta, melodiosa e cordial saudação seja, verdadeiramente, expressão da incontida e justificada alegria Natalina! Alegria esta, que não vem de nenhum outro lugar a não ser de Deus, pelo encontro com seu adorável Filho, Aquele que consolida e potencializa uma alegria perene no mundo.
*PADRE DEUSDÉDIT MONGE DE ALMEIDA é sacerdote diocesano e pároco da Paróquia Coração Imaculado de Maria (Cuiabá-MT).