Em dezembro de 2019…o Flamengo precisará vencer o Al Hilal, campeão da Liga dos Campeões da Ásia neste ano, para o tão sonhado reencontro com o Liverpool. O Flamengo é o amplo favorito e a equipe árabe, que foi treinada por Jorge Jesus no início do ano, fará de tudo para ser chato e vender caro o resultado do jogo nesta terça (17), às 13h30 (horário de MT), que terá transmissão ao vivo da TV Globo.
Treinado por Razvan Lucescu, filho do lendário Mircea Lucescu, o Al Hilal se forma taticamente num típico 4-2-3-1, com uma linha de meias móvel e muito rápida geralmente formada por Al Dawsari na esquerda, o brasileiro Carlos Eduardo pelo centro e o peruano Carillo no lado direito. O centroavante é o francês Gomis, que fez o único gol da vitória contra o Esperánce e o italiano Giovinco, lesionado, pode pintar nessa linha de três meias.
Trata-se de um time com bons valores individuais e um jogo coletivo bem interessante. Três pontos se sobressaem:
- A predileção por jogar pelo chão, começando pelo goleiro (e correndo riscos)
- A força concentrada no lado direito, com as projeções de Carillo e o jogo físico de Gomis
- A possibilidade de sofrer gols de várias maneiras, em especial pelo lado direito da defesa
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Construção do Al Hilal é organizada para atrair a marcação — Foto: Leonardo Miranda
A postura do Al Hilal contra o Flamengo pode ser bem diferente daquela que o time vem mostrando. Nada de ficar atrás, explorando contra-ataque. A ideia é sair com a bola no chão, trocando passes do goleiro Al Maiouf e passando bastante por Cuellar. O ex-Fla, que não foi titular constantemente na campanha do título, é quem busca a bola dos zagueiros, fazendo os laterais ficarem abertos para alargar o campo. O brasileiro Carlos Eduardo, com a curiosa camisa 3, é quem mais recua da linha de três para pensar esse primeiro passe da defesa ao ataque.
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Organização do Al Hilal na saída de bola — Foto: Leonardo Miranda
Essa organização tem um objetivo claro: deixar os jogadores de ataque sempre perto dos zagueiros, buscando as tabelas curtas e combinações entre si. Aí pode morar um possível perigo para o Flamengo, que mostrou algumas dificuldades contra defesas que colocam velocidade e exploram esse jogo focado no centro do campo.
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Al Hilal se organiza para atacar por dentro — Foto: Leonardo Miranda
Dos últimos 20 gols, ao menos 27% foram feitos em jogadas assim, de ataques que começam em Cuellar e terminam na “bagunça organizada” que o trio de meias e o centroavante causam na linha de defesa do adversário. Esses atacantes têm um papel tático fundamental, porque eles participam da grande pressão que o Al Hilal faz nos adversários. O time agride na saída de bola, sufoca e sobre com cinco ou seis jogadores. Será que essa postura irá se repetir com o Flamengo ou Lucescu irá adotar uma estratégia mais reativa, de esperar e articular contra-ataques?
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Centroavante do Al Hilal pode gerar perigos — Foto: Leonardo Miranda
Alguns jogadores merecem destaque individual no time: André Carillo e Gomis. O primeiro foi treinado por Jorge Jesus no Benfica e é o mais móvel e rápido dos três meias do 4-2-3-1 do time. Ele pode tanto servir para ocupar espaços quando a jogada está por um lado, entrando na área do lado oposto para finalizar, como pode fazer jogadas com o lateral. Seus cruzamentos foram responsáveis por quatro dos sete gols construídos pelo chão no gráfico acima.
É um jogador de inteligência, velocidade e bom passe, alterna muito de lado nos jogos e participa bastante dos gols feitos pelo time. Dos últimos vinte marcados, Carillo participou de ao menos quatro desses sete gols feitos a partir de jogadas construídas no chão. É uma peça vital.

O gol de Al Hilal 1 x 0 Espérance pelo Mundial de Clubes 2019
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Defesa do Al Hilal — Foto: Leonardo Miranda
Olhando os últimos dez gols levados pela equipe árabe, o Al Hilal não parece ter uma fraqueza, mas sim uma série de erros cometidos nos gols que sofre. Dos últimos dez gols levados, cinco nasceram de lances onde a jogada foi interrompida e uma falta, escanteio ou pênalti foi marcado logo a seguir. O restante se deu das mais variadas formas, com destaque para a bola aérea na defesa.
Cobrança de falta: 2
Bola aérea: 2
Contra-ataque: 2
Escanteio: 1
Roubada de bola no campo de defesa: 1
Desses gols sofridos com a bola rolando, um padrão se repete: os riscos tomados ao sair jogando. Como o Al Hilal sai com o goleiro, muitas vezes a marcação avança e a saída fica apertada demais. O lado direito concentra perdas de bola, em especial com o Al Burayk. Na imagem abaixo, o exato momento em que o Al Hilal perde a bola para o Al Ettifaq dobrando a marcação no lateral. Forçar por esse setor, com Bruno Henrique ou Gabigol mais abertos, pode ser uma possível solução de Jorge Jesus.
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Lado direito da defesa do Al Hilal pode ser o ponto fraco — Foto: Leonardo Miranda
E aí, vai dar zebra? O Flamengo vai sofrer contra o Al Hilal ou já dá pra garantir que pega o Liverpool? Saberemos apenas no primeiro duelo da semifinal do Mundial Interclubes nesta terça (17), às 14h30, com transmissão ao vivo da TV Globo, do Globoesporte.com e do SporTV.
(Globo Esporte)