Com 11.683 atletas com contratos ativos registrados na CBF em 2018 – destes, apenas 132 mulheres -, os clubes brasileiros arcaram com salários da ordem de R$ 1 bilhão. O custo envolve valores na carteira de trabalho, sem considerar direitos de imagem, que podem representar até 40% dos vencimentos, mas aponta a desigualdade não só de gênero – com apenas 1,1% dos contratos a jogadoras profissionais – como entre atletas profissionais.

Do total de R$ 1 bilhão em salários CLT anuais, apenas 7% dos atletas concentram 80% destes valores – ou seja, uma fatia de R$ 800 milhões para poucos. Os dados são parte de extenso estudo “Impacto do futebol brasileiro”, realizado pela consultoria Ernst Young para a CBF.

Estudo divide faixas salariais dentro dos atletas com contratos profissionais ativos — Foto: Reprodução

Estudo divide faixas salariais dentro dos atletas com contratos profissionais ativos — Foto: Reprodução

O estudo também redimensionou a concentração de renda em poucos atletas:

  • 55% dos atletas profissionais recebem aproximadamente R$ 1 mil;
  • outros 33% entre R$ 1.001 a R$ 5.000.
  • Menos de 1% têm na carteira de trabalho salários acima de R$ 500 mil – são 13 atletas ao todo, de acordo com a EY, que se baseou em contratos registrados na CBF.
"Mapa de calor" de localidade dos jogadores registrados na CBF — Foto: Reprodução

“Mapa de calor” de localidade dos jogadores registrados na CBF

Em média, jogador da região Sudeste recebe mais de 10 vezes do que um atleta do Norte — Foto: Reprodução

Em média, jogador da região Sudeste recebe mais de 10 vezes do que um atleta do Norte

Futebol no PIB: 0,72%

O relatório também aponta para o tamanho do setor no produto interno bruto do país. De acordo com os dados coletados pela EY, com clubes, federações, com a própria CBF e outros meios envolvidos na chamada cadeia produtiva do futebol, a modalidade movimenta R$ 52,9 bilhões – o que representa 0,72% no PIB brasileiro. São estimados 156 mil empregos gerados.

– É possível triplicar esta importância do futebol brasileiro no PIB nacional. É o que presidente Rogério Caboclo tem dito. Queremos ser tratados como player fundamental na economia nacional – disse o secretário-geral da CBF no encontro da sede da entidade, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.

– Em um ano de governo ainda não recebi nenhum agente deste setor do esporte em Brasília. Só assim podemos destravar nós, tratar de alguma questão trabalhista, na Receita… Nos visitem em Brasília. Só vocês (do esporte) podem dizer o que estão trabalhando. O estudo mostra que mesmo na pior crise econômica da história é um setor que segue em crescimento – disse o representante do ministro Paulo Guedes, que foi convidado, mas não foi à reunião.

Secretário do Ministério da Economia pediu visitas em Brasília para debater soluções ao futebol brasileiro — Foto: Raphael Zarko

Secretário do Ministério da Economia pediu visitas em Brasília para debater soluções ao futebol brasileiro — Foto: Raphael Zarko

OS MAIORES SALÁRIOS DO FUTEBOL BRASILEIRO (Dados de Setembro/2019)

9º lugar: Ramires (Palmeiras) – R$ 1 milhão por mês

Volante de duas Copas do Mundo, 2010 e 2014, Ramires chegou ao Palmeiras recentemente junto ao Jiangsu Suning, após rescindir com o clube chinês. Apesar de hoje ter o 9º maior salário do futebol brasileiro, o atleta aceitou diminuir drasticamente seu vencimento mensal. Enquanto ganhava R$ 3,6 milhões no futebol asiático, Ramires passa a receber R$ 2,6 milhões a menos – totalizando R$ 1 milhão no Palmeiras. Em 2012, venceu a Liga dos Campeões pelo Chelsea.

8º lugar: Diego Tardelli (Grêmio) – R$ 1 milhão por mês

O atacante gremista é outro que chega do futebol chinês e por isso vem ao Brasil com alto salário. Sem ainda ter se firmado no clube comandado por Renato Portallupi, Tardelli recebe R$ 1 milhão no Grêmio. No Shandong Luneng, da China, o experiente jogador recebia aproximadamente o dobro.

7º lugar: Vitinho (Flamengo) – R$ 1 milhão por mês

Sem ainda ter caído nas graças da torcida e reserva no time de Jorge Jesus, Vitinho ganha R$ 1 milhão no Flamengo após ser comprado junto ao CSKA Moscou por R$ 43 milhões. Com contrato até meados de 2022, o atacante é a segunda contratação mais cara da história do rubro-negro carioca.

6º lugar: Pedro Rocha (Cruzeiro) – R$ 1 milhão por mês

Na faixa dos que ganham R$ 1 milhão no Brasil, Ramires e Tardelli vieram do futebol chinês, enquanto Vitinho e Pedro Rocha chegam da Rússia. O atacante do Cruzeiro estava no Spartak Moscou e chegou por empréstimo à Raposa. Para contar com o atacante nesta temporada, a diretoria celeste desembolsou ainda R$ 3,2 milhões por Pedro Rocha. O vencimento mensal tem o mesmo valor dos tempos de Spartak.

5º lugar: Hernanes (São Paulo) – R$ 1,1 milhão por mês

Assim como Ramires do Palmeiras, Hernanes é volante e atuou pela Seleção Brasileira em duas Copas do Mundo, em 2010 e 2014. Atualmente, o jogador defende as cores do São Paulo em sua terceira passagem pelo clube, no qual é o principal ídolo do elenco comandado por Cuca. Aos 34 anos, o profeta recebe R$ 1,1 milhão por mês e é outro que se desligou do futebol chinês para retornar ao Brasil – estava no Hebei Fortune.

4º lugar: Fred (Cruzeiro) – R$ 1,2 milhão por mês

Mesmo com 35 anos, Fred ainda é um dos principais centroavantes do Brasileirão e conta com 18 gols até o momento na temporada 2019. O rei dos stories desembolsa R$ 1,2 milhão todos os meses para entrar em campo pelo Cruzeiro. Este valor inclui salário, direitos de imagem e luvas.

3º lugar: Dudu (Palmeiras) – R$ 1,2 milhão por mês

Eleito o melhor jogador do último Campeonato Brasileiro, o atacante goiano Dudu, do Palmeiras, tem o 3º maior salário entre os atletas que disputam o Brasileirão. O seu vencimento mensal está na casa dos R$ 1,2 milhão de reais. No valor, está incluso um prêmio pela renovação de contrato com o alviverde, até o fim de 2023, depois do ponta ter recusado uma proposta do futebol chinês.

2º lugar: Gabigol (Flamengo) – R$ 1,25 milhão por mês

Gabriel Barbosa, enfim, pode ser chamado pelo seu sobrenome que o marcou: Gabigol. O atacante do Flamengo vive a temporada mais goleadora da carreira, com 28 gols marcados no ano, e, como “brinde”, recebe R$ 1,25 milhão por mês. Vale lembrar que o atleta está emprestado até o fim de 2019 pela Internazionale de Milão, da Itália, mas o Flamengo paga integralmente a folha salarial de Gabigol e ainda tentará exercer a compra do atacante ao término do ano.

1º lugar: Daniel Alves (São Paulo) e Arrascaeta (Flamengo) – R$ 1,5 milhão por mês

O jogador com o maior salário do futebol brasileiro não poderia ser outro. Trata-se do lateral-direito Daniel Alves, de 36 anos, que desde agosto defende as cores do São Paulo. Dani é o maior vencedor da história do futebol, com 40 títulos na carreira. Em uma aquisição do atleta sem custos, já que Daniel teve seu contrato junto ao Paris Saint-Germain (PSG) encerrado, o tricolor paulista paga R$ 1,5 milhão mensalmente ao lateral da Seleção Brasileira. A folha também inclui salário, direitos de imagem e luvas.

A maior transação entre clubes do futebol brasileiro envolve o meia uruguaio Giorgian De Arrascaeta. O meia deixou o Cruzeiro no início de 2019 para se juntar ao Flamengo. Para isso, o rubro-negro desembolsou 13 milhões de euros (R$ 55 milhões) por Arrasca. Uma das sensações da temporada e integrante do trio ofensivo que vem fazendo sucesso no Fla, ao lado de Bruno Henrique e Gabigol, o meia uruguaio tem o maior salário do futebol brasileiro. Claro, empatado com Daniel Alves. São R$ 1,5 milhão por mês no bolso do jovem de 25 anos.


Outros salários com o valor menor que R$ 1 milhão!

10º lugar: Lucas Lima (Palmeiras) – R$ 955 mil por mês

11º lugar: Luan (Grêmio) – R$ 900 mil por mês

12º lugar: Rodriguinho (Cruzeiro) – R$ 800 mil por mês

13º lugar: Filipe Luís (Flamengo) – R$ 800 mil por mês

14º lugar: Guerrero (Inter) – R$ 770 mil por mês

15º lugar: Gil (Corinthians) – R$ 750 mil por mês

16º lugar: Rafinha (Flamengo) – R$ 750 mil por mês

(Globo Esporte)