Foi bom para você? Depois de 755 paralisações de jogo para análise do VAR, o Brasileirão acabou. Deixou como marcas a intervenção média de 1min29s por paralisação, as 183 mudanças de decisões (uma mudança a cada duas partidas) e 35 jogos (9%) com acréscimos menores do que o tempo consumido exclusivamente pelo VAR, sem contar todas as outras paralisações. Nas 183 mudanças, 31 gols foram validados e 47 gols, anulados.
– O primeiro desafio foi em relação ao tempo. Vencido esse desafio, passamos para a linha de interferência. E depois de entendermos qual era a linha de interferência, a aceitação foi maior. O número de erros capitais baixou de 188 no ano passado para 36 neste ano. Hoje o gol é analisado com muito mais detalhes do que acontecia anteriormente – afirmou o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba. Como erros capitais entenda decisões equivocadas da arbitragem, como um cartão vermelho mal aplicado ou um pênalti ou mal marcado ou que deixou de ser marcado quando deveria ter sido.08
O presidente da Comissão de Arbitragem, Leonardo Gaciba, dá palestra a atletas do São Paulo — Foto: Divulgação / São Paulo FC
– Em nenhum momento a Fifa prometeu perfeição. Estamos lá para não haver o erro inquestionável, o resto continua fazendo parte. Haverá um residual de erros, apesar da ferramenta poderosa. O público em geral terá de entender que há jogadas em que não há consenso nunca, pois depende de interpretação e, nessas jogadas, o árbitro de vídeo não deve interferir. Devemos nos preocupar com os erros em que há consenso – disse Gaciba.
O que o VAR mudou no Brasileirão-2019
Mudanças | Motivos |
28 | gols validados por anulação de impedimentos marcados |
2 | gols validados por anulação de faltas |
1 | gol validado porque a bola não saiu de campo |
26 | gols anulados por impedimentos antes não marcados |
21 | gols anulados por faltas não marcadas |
3 | cobranças de pênalti anuladas porque goleiro se adiantou |
55 | pênaltis marcados |
15 | pênaltis anulados |
2 | cartões amarelos em lances não punidos anteriormente |
5 | cartões amarelos em lances anteriormente punidos com vermelhos |
9 | cartões vermelhos em lances não punidos anteriormente |
11 | cartões vermelhos em lances anteriormentos punidos com amarelos |
5 | correções na identificação de atletas punidos |
Ao VAR o que é do VAR!
Aqui apresentamos o tempo consumido exclusivamente pelo VAR durante as análises do videoárbitro e do árbitro. O tempo para a bola voltar a entrar em jogo muitas vezes depende também da boa vontade dos atletas.
Tempo consumido pelo VAR quando houve mudança
Vídeoárbitro | Árbitro | Eventos | Tempo médio | |
Só videoárbitro | 2h19min24s | – | 65 | 2min09s |
Árbitro analisou | 3h04min50s | 2h24min46s | 118 | 2min48s |
Total | 5h24min14 | 2h24min46s | 183 | 2min34s |
Vídeoárbitro | Árbitro | Eventos | Tempo médio | |
Só videoárbitro | 9h23min27s | – | 544 | 1min02s |
Árbitro analisou | 42min12s | 40min29s | 28 | 2min57s |
Geral | 10h05min39s | 40min29s | 572 | 1min08s |
Tempo consumido pelo VAR em geral
Vídeoárbitro | Árbitro | Eventos | Tempo médio | |
Geral | 15h29min53s | 3h05min15s | 755 | 1min29s |
Jogos com maior número de paralisações para análise do VAR
rodada | jogo | VAR árbitro | VAR videoárbitro | Total de paralisações |
26 | Goiás 2 x 2 Corinthians | 1 | 8 | 9 |
14 | Botafogo 2 x 1 Athletico-PR | 3 | 4 | 7 |
16 | Avaí 1 x 1 Corinthians | 1 | 6 | 7 |
21 | Atlético-MG 1 x 2 Vasco | 1 | 6 | 7 |
23 | Palmeiras 1 x 1 Atlético-MG | 0 | 7 | 7 |
1 | Ceará 4 x 0 CSA | 2 | 4 | 6 |
14 | Palmeiras 2 x 2 Bahia | 2 | 4 | 6 |
18 | CSA 2 x 0 Chapecoense | 0 | 6 | 6 |
36 | Avaí 1 x 1 Fluminense | 0 | 6 | 6 |
Se na média o campeonato teve uma mudança a cada dois jogos, naturalmente em outros a média foi superada por muito. O recorde de mudanças foi de três, em quatro jogos diferentes, a maioria deles já no segundo turno da competição.
Jogos com maior número de mudanças de decisões pelo VAR
rodada | jogo | VAR árbitro | VAR videoárbitro | Total de mudanças |
1 | Fluminense 0 x 1 Goiás | 3 | 0 | 3 |
22 | Corinthians 1 x 0 Vasco | 1 | 2 | 3 |
24 | Cruzeiro 0 x 0 Fluminense | 3 | 0 | 3 |
29 | Internacional 1 x 1 Athletico-PR | 1 | 2 | 3 |
Jogos paralisados pelo VAR por mais tempo
Rodada | Jogo | Total de paralisações | Tempo de paralisação |
14 | Botafogo 2 x 1 Athletico-PR | 7 | 14:54 |
14 | Palmeiras 2 x 2 Bahia | 6 | 13:37 |
29 | Internacional 1 x 1 Athletico-PR | 5 | 12:12 |
26 | Goiás 2 x 2 Corinthians | 9 | 11:43 |
1 | Ceará 4 x 0 CSA | 6 | 11:31 |
1 | Fluminense 0 x 1 Goiás | 4 | 10:49 |
24 | Cruzeiro 0 x 0 Fluminense | 4 | 10:01 |
21 | Atlético-MG 1 x 2 Vasco | 7 | 09:27 |
31 | Vasco 1 x 2 Palmeiras | 4 | 09:22 |
30 | Chapecoense 0 x 3 São Paulo | 4 | 09:14 |
Dos 380 jogos do Brasileirão, 219 tiveram ao menos uma paralisação para consulta ao VAR no primeiro tempo (58%). Desses 219 jogos, em 84 os acréscimos ou foram menores do que o tempo consumido pelo VAR ou menor que um minuto (38%).
– A tendência é aumentar ainda mais o tempo de jogo. Hoje, o público em geral não se espanta mais com cinco minutos ou seis minutos de acréscimos. Aumentar ainda mais esse tempo é uma questão didática com os envolvidos com a arbitragem – afirmou Gaciba.
Número de jogos por rodada em que os acréscimos ao final de cada tempo foram menores do que o tempo consumido pelo VAR — Foto: Espião Estatístico
Ao longo da competição, Leonardo Gaciba criou uma metáfora para as equipes de arbitragem compreenderem qual era o nível de intervenção que a entidade buscava.
Ainda assim, a média de paralisações para análise do VAR aumentou na segunda metade da competição. No primeiro turno, ficou em 18 paralisações de jogo por rodada, marca que subiu para 22 no segundo turno. O que diminuiu ao longo da competição foi a média de tempo consumido pelo VAR.
– O mais importante é que o público tem a percepção de que despencou o número de erros, que o agarra-agarra dentro da área praticamente está extinto do futebol, que a média de faltas baixou em relação à edição do ano passado, que houve queda no número de cartões em relação ao ano passado, principalmente se levado em consideração a punição para comissões técnicas neste ano. A tendência é melhorar. Para um primeiro ano com o VAR no Brasileirão, foi muito bom. Na Inglaterra houve dois anos de treinamentos, mas ao usarem em tempo real, também houve problemas e críticas.
Tempo médio consumido pelo VAR em cada paralisação por rodada — Foto: Espião Estatístico