No dia 3 de dezembro de 2019, dois irmãos gêmeos compartilharam um momento muito emocionante na cidade de Belgrado, na Sérvia. Nascido sem nenhum testículo, um dos homens de 36 anos recebeu um transplante de seu irmão idêntico em uma cirurgia com seis horas de duração.
O doutor Dicken Ko, um cirurgião de transplantes e professor de urologia na Universidade de Tufts, nos Estados Unidos, foi quem voou até a Europa para realizar o procedimento. O objetivo da cirurgia era permitir ao transplantado ter níveis mais estáveis de testosterona do que as injeções podem oferecer, fazer com que sua genitália parecesse mais natural e fosse mais confortável, além de permiti-lo tornar-se pai.
Procedimento
Durante a cirurgia, os médicos tiveram que cortar duas artérias e duas veias com menos de dois milímetros de largura cada. A equipe médica teve que correr contra o relógio, visto que para tudo dar certo o testículo precisaria ser recolocado em contato com o corpo em um período de tempo entre duas e quatro horas após ter sido desconectado do suprimento de sangue.
Cada vaso demora, em média, de 30 minutos a uma hora para ser reconectado. Porém, a habilidade dos cirurgeões permitiu com que o processo fosse realizado em apenas duas horas. Essa é apenas a terceira vez que um procedimento do gênero foi realizado. As duas oportunidades anteriores ocorreram na cidade de St. Louis, nos EUA. Os casos também se tratavam de irmãos gêmeos idênticos, onde um deles havia nascido sem testículos.
Fertilidade
Agora, apesar de produzir esperma por conta própria, o homem receptor do transplante ainda não pode ser pai pelos métodos tradicionais. Durante a cirurgia, a equipe médica não conseguiu encontrar no corpo originário do testículo os tecidos necessários para reconstruir os canais deferentes, que carregam o esperma para fora dos testículos. De toda forma, ele ainda pode optar por fertilizações in vitro para alcançar a paternidade.
Já o irmão doador do testículo não terá nenhum problema de fertilidade no futuro, mesmo agora tendo apenas um dos órgãos. Como os dois pacientes partilham a mesma genética, a equipe médica refuta qualquer possibilidade do corpo receptor recusar o transplante, o que requereria ao paciente tomar supressores imunológicos utilizados na maioria dos transplantes comuns.