Em sessão extraordinária realizada na noite desta quinta-feira, em General Severiano, o Conselho Deliberativo aprovou por unanimidade a migração do futebol do Botafogo para o modelo de clube-empresa. “Os gritos de gol” e Fogo ecoaram às 10h04, quando o presidente do CD, Edson Alves Junior, anunciou a vitória. Como esperado, não houve rejeição ao projeto que é visto como a salvação do Glorioso, atualmente em quadro de penúria financeira.
O triunfo deu-se após longos discursos, questionamentos de vários conselheiros e beneméritos. Líder do projeto da Botafogo S/A, Laércio Paiva foi sabatinado por quase duas horas – depois da aprovação, foi aplaudido de pé. Além dele, os advogados Marcelo Trindade e André Chame também responderam a várias perguntas. Outra figura importante que teve com o microfone em mãos por muito tempo foi o eterno presidente Carlos Augusto Montenegro.
Para o projeto ser ratificado, os sócios precisam ainda referendá-lo. Uma Assembleia Geral Extraordinária foi agendada para o próximo dia 27. Estão aptos a participar os associados maiores de 16 anos com mais de um ano de vida associativa e em dia, conforme os artigos 45, 46 e 47 do Estatuto do Alvinegro.
– É uma data histórica, importante. Considero duas datas que o Botafogo está tendo a de 1942, da fusão, fazendo 72 anos. E agora 12 de dezembro de 2019. Isso é sensacional e emocionante. Estou muito contente com isso. Me orgulho de ser o presidente e por ter liderado esse processo.
Laércio Paiva, líder do projeto Botafogo S/A, foi um dos que mais falou — Foto: Vitor Silva/Botafogo
Antes da aprovação, informações importantes foram passadas aos conselheiros. O investimento inicial para tornar o futebol viável é de R$ 200 milhões. Por outro lado, Marcelo Saad, da empresa Laplace Finanças (contratada pelos comandantes da SPE), informou que a dívida do Botafogo pode superar R$ 1 bilhão.
– A dívida está somando em torno de R$ 1 bilhão. Nossa receita é R$ 100 milhões, R$ 120 milhões, mas só entram R$ 30 milhões, afinal, o resto é penhora. É Ato Trabalhista, é ex-jogador. Nem com os R$ 120 milhões você consegue contar. Não tem condição de sobreviver. Você não pode ter dívida de R$ 1 bilhão e só entrar R$ 40 milhões no caixa – comentou Carlos Augusto Montenegro, ex-presidente e integrante do Comitê Executivo de Futebol, para depois completar:
A divisão da dívida do Botafogo — Foto: Reprodução
Questionado pelo conselheiro Marcelo Guimarães, candidato à presidência em duas eleições, sobre o prazo de implementação, Montenegro afirmou que não é possível defini-lo e emendou com uma cornetada contra Léo Valencia e Victor Rangel, jogadores que ainda fazem parte do plantel alvinegro.
– Quanto mais rápido, melhor. Senão Léo Valencia, Victor Rangel e esse pessoal todo continua. Não tem cronograma. A gente espera que seja o mais rápido possível. É trabalho sério há cinco meses. Quanto mais rápido melhor, mas o mercado que decide – afirmou.
Carlos Augusto Montenegro discursa diante dos 113 conselheiros que estiveram presentes — Foto: Vitor Silva/Botafogo
Segundo o documento enviado aos sócios em 2 de dezembro, a nova estrutura societária será responsável por todo o departamento de futebol do clube, com suas dívidas e receitas, além do Estádio Nilton Santos. A reunião teve ainda em pauta a aprovação do último empréstimo bancário para o pagamento de salários atrasados e do orçamento para a reforma da quadra do complexo poliesportivo da sede alvinegra.
Durante a reunião, Carlos Augusto Montenegro e o vice-presidente executivo Luís Fernando discordaram sobre o tema do CT. Montenegro afirmou que os irmãos Moreira Salles tinham compromisso de dar metade do investimento em um CT e o Botafogo, a outra. Por fim, Luís Fernando afirmou que os campos de cima do CT serão concluídos entre março e abril. E que os de baixo até julho. (Globo Esporte)