O presidente do Cruzeiro, Wagner Pires de Sá, afirmou estar tranquilo quanto ao pedido de uma nova Assembleia Geral Extraordinária no Cruzeiro para votar o afastamento dele do cargo. O dirigente afirma que tem apoio de “quase 300 conselheiros” e recuou quanto à declaração, dada na segunda-feira, afirmando que, agora, não pensa em renunciar ao mandato.
– Eu estou muito tranquilo quanto a isso. Não vai ser isso que vai me dar ou me fazer tomar alguma decisão. Quem me colocou na presidência foram os conselheiros, a pedido dos conselheiros. Tive uma maioria de votos, então qualquer coisa eu teria que escutar a esses conselheiros. Hoje são cerca de quase 300 conselheiros que nos apoiam. Se tivermos que tomar alguma decisão, teria que ser com a participação deles. Mas não é uma coisa que não passa ainda pela minha cabeça. Fico entristecido com essa situação que passa o Cruzeiro, com essa queda para a Série B. Quero continuar e dar ao Cruzeiro a volta por cima. – afirmou Wagner em entrevista ao Grupo Globo.
Na última segunda-feira, o dirigente afirmou estava “repensando seriamente” na continuidade no cargo, mas que iria ainda ouvir seus apoiadores.
– Estou repensando seriamente. Mas ainda vou ouvir meus pares, conselheiros, que são quase 300, 200 e tantos conselheiros que me apoiam. E colocar se compensa continuar ou se tem alguém que possa ou queira receber o clube na condição que a oposição deixou. O diálogo meu com eles é aberto e tranquilo. Vamos analisar isso – disse o dirigente, um dia após o rebaixamento do Cruzeiro.
Wagner Pires de Sá prometeu que o clube terá uma administração organizada, com despesas controladas. Atualmente, o clube deve dois meses de salários aos jogadores e tem uma dívida que chega a R$ 700 milhões.
O presidente do Cruzeiro disse que, agora, vai trabalhar conjuntamente com Zezé Perrella, que assumiu integralmente a gestão do futebol e se licenciou da presidência do conselho deliberativo.
– Vamos atingir uma administração organizada do Cruzeiro, saneada, com despesas controladas, controlando orçamentos, vamos reestruturar o Cruzeiro. Conversei muito com o Perrella, ele sabe das dificuldades que encontrei, quando assumiu também a gestão do esporte, do nosso departamento de futebol, e nós vamos juntos levantar o Cruzeiro. A torcida, com toda razão, tem direito de xingar, mas a gente fez, faz esforços para que a gente possa levar o Cruzeiro à posição que ele merece – afirmou o dirigente.
Wagner Pires de Sá foi questionado se a preocupação com a família e a saúde não pesam na decisão. Ele afirmou que considera uma obrigação continua para retomar o Cruzeiro à Série A, mesmo sabendo que será conhecido como o presidente que levou o time ao inédito rebaixamento.
– A minha cabeça fica doida porque eu fui o presidente que deixei o Cruzeiro na Série B. É uma obrigação minha tirá-lo da Série B, leva-lo para o lugar onde ele deveria estar. E te falo, com condições de fazer igual aos outros. Aprender a cair e levantar. A gente aprende muito quando apanha. Eu não sou desistir. Quando eu assumi o Cruzeiro, eu tinha um propósito. Eu não vou me acovardar agora. Pedir demissão, sair, era muito tranquilo. Acabava e tal. Mas isso não passa pela minha cabeça. Eu quero é dar um pouco mais do meu esforço para levantar novamente o Cruzeiro. Fazer da fênix: da cinza ao renascimento.
No mandato de Wagner Pires de Sá, que vai até o fim de 2020, o Cruzeiro acabou sofrendo o primeiro rebaixamento à Série B, além de ter ampliado o montante das dívidas. Alguns dirigentes, como o próprio presidente, estão na mira do Ministério Público, Polícia Civil e Polícia Federal, mas ainda não houve conclusão das investigações. (Globo Esporte)