A associação que representa os frigoríficos exportadores de carne bovina (Abiec) disse nesta terça-feira (9) que os preços da proteína no mercado brasileiro em 2020 devem diminuir em relação a outubro e novembro, mas seguirá mais cara em relação aos meses entre janeiro e setembro.

“Eu acho que (na média) nós não vamos retroagir nos preços da arroba e nem no preço de carne. Não vai ficar nos patamares do momento de oscilação maior (outubro e novembro), mas não vai voltar aos preços ortodoxos de antes. Vai encontrar um ponto de equilíbrio”, disse o presidente da Abiec, Antônio Camardelli, durante coletiva em São Paulo.

A associação afirma que, para 2019, 25% da produção brasileira de carne bovina será vendida ao exterior, uma situação inédita no setor. A média histórica está entre 20% e 22%. Com o resultado, 75% do que foi produzido ficou no mercado interno.

Exportações recordes

Segundo a associação, as exportações serão recordes em 2019. Com dados preliminares para dezembro, a venda de carne de boi para o exterior deve chegar a 1,82 milhão de toneladas, alta de 11,7% em relação a 2018. Em receita, o valor alcança US$ 7,45 bilhões (+13,3%).

Levando em conta apenas o mês de dezembro, a estimativa da associação é que o volume de exportação seja o segundo maior do ano, alcançando 185,3 mil toneladas, atrás apenas das 197,5 mil toneladas de outubro.

Somente para a China, as exportações até novembro subiram 39,5%, chegando a 410,4 mil toneladas contra 294,2 de 2018. Em receita, a alta é de 59,75%: US$ 2,17 bilhões contra US$ 1,36 bilhão do ano passado.

Para Camardelli, a venda de carne bovina para os chineses já teria aumentado naturalmente este ano por conta do grande volume de frigoríficos autorizados este ano (22), mas que a crise de peste suína africana no país foi um “agravante” no processo.

O dirigente afirmou que, para 2020, as vendas para China devem ser de 600 mil toneladas, o que representaria um aumento em torno de 30% em relação a 2019.

Mesmo com o número maior, a previsão da Abiec é de que as exportação serão estáveis, girando em torno de 50 a 60 mil toneladas por mês, sem picos de vendas como os que ocorreram entre outubro e novembro deste ano.

“Esse ‘soluço’ de outubro, novembro e dezembro proporcionou esse desajuste (de preços). A expectativa é que haja uma acomodação de demanda e volumes”, diz Camardelli.

“Os preços também já sinalizaram uma diminuição da China. A expectativa é que ainda haja uma ‘zona cinzenta’ até o ano novo chinês, depois se estabilize”, completa o presidente da Abiec.

Ano novo chinês e peste suína: os motivos dos preços recordes da carne bovina no Brasil

Na próxima semana, uma comitiva do setor de inspeção sanitária da China (GACC, na sigla em inglês) virá ao Brasil para ajudar os frigoríficos a entenderem os questionários do país e facilitar a habilitação de novas plantas.

A Abiec disse que não deverá haver a autorização de novos frigoríficos na visita.

Setor projeta novo recorde em 2020

Para 2020, a estimativa do setor é que o ritmo de crescimento das exportações se mantenha e gere um novo recorde.

A projeção é de que o volume negociado suba 13%, chegando 2,06 milhões de toneladas, com faturamento de US$ 8,5 bilhões de dólares (+15%).

A Abiec também informou como deverão ficar as cotas de importação de carne bovina do Brasil dentro do acordo entre União Europeia e Mercosul, anunciado em junho e que ainda aguarda aprovação dos parlamentos de todos os países envolvidos.

No pacto, o bloco sul-americano terá direito a exportar com taxação menor 99 mil toneladas, sendo 55% resfriada e 45% congelada.

Na divisão, o Brasil terá direito a exportar 42,5% da cota, na frente de Argentina (29,5%), Uruguai (21%) e Paraguai (7%).

Somando a Cota Hilton, de 10 mil toneladas de cortes especial sem tarifas, que o Brasil tem direito. Com isso, os frigoríficos do país terão possibilidade de vender 52 toneladas de carne bovina em condições mais competitivas.

Embargo dos EUA à carne in natura

Sobre a manutenção do veto dos Estados Unidos à carne bovina in natura do Brasil, a Abiec acredita que os americanos devem dar uma resposta definitiva até o fim do primeiro trimestre de 2020.

Camardelli disse que a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, apresentou todos os esclarecimentos dos frigoríficos brasileiros ao governo americano em novembro, quando ela visitou o país. Porém, ainda não há uma nova data de inspeção das indústrias brasileiras de carne.