Fundado há 16 anos e com uma notável história no futebol mato-grossense, o Luverdense, de Lucas do Rio Verde (333 quilômetros ao norte da capital), pode encerrar suas atividades. Este sábado (7), será decisivo para os rumos do clube que disputou a Série B no período de 2014 a 2017 e, por muitos anos, foi a principal ‘vitrine’ do futebol regional. A atual diretoria não pode ser reeleita e ninguém quer assumir a direção do Verdão do Norte.
A situação do clube é dramática com a situação da diretoria. O atual presidente, Helmute Lawisch está prestes a encerrar seu mandato e o clube mato-grossense, que caiu para a Série D, pode fechar as portas em 2020, caso não eleja uma diretoria na assembleia deste sábado.
Presidente do Luverdense desde sua fundação, Helmute que devido à legislação não pode se candidatar novamente, uma vez que está no cargo desde 2004, detalha qual tem sido o obstáculo de apontar um sucessor. “Há muita dificuldade em fazer futebol fora dos grandes centros. As receitas já são curtas para clubes de Série C e vão ficar ainda menores no próximo ano, quando disputaremos a Série D”, lamentou.
O drama ocorre meses depois de a equipe passar por uma campanha vergonhosa na Série C. O Luverdense venceu só um dos 18 jogos que disputou e amargou um rebaixamento dois anos depois de cair da Série B em 2017, com a 17ª colocação, em sua quarta participação. Melancólico para uma equipe que tem na bagagem três títulos estaduais e uma Copa Verde.
De acordo com Helmute, outro obstáculo que tem afastado patrocinadores e causado dificuldades para o clube formar uma mesa diretora são os encargos. “O futebol assusta. Os encargos afugentam os investidores, tem sido um desafio mobilizar apoio ultimamente”, declarou.
O atual vice-presidente da equipe de Lucas do Rio Verde, Jaime Binsfield, destacou que a falta de apoio foi determinante para que não despontasse como candidato a sucessor no cargo. “Por mais que Lucas do Rio Verde seja muito forte no ramo do agronegócio, sem apoio, não temos como honrar os compromissos, montar um bom time para a disputa da Série D. Além disto, a presença de público caiu. Muito porque é desafiador fazer futebol aqui. A sensação é que não queriam mais o Luverdense”, disse.
A repercussão nas redes sociais trouxe um alento para quem está envolvido com o clube. “Foi uma repercussão muito grande, que a gente não esperava. Creio que tudo se resolverá na assembleia deste sábado. Vamos ver se, depois deste impasse, o Luverdense pode chegar ao fim deste ano com condições para retomar sua trajetória”, afirma Helmute.
Apoio de longe
A notícia de que o Luverdense corria o risco de fechar as portas despertou solidariedade de clubes de outras regiões. Atualmente na Segundona do Campeonato Brasiliense, o Brasília entrou em contato por meio das redes sociais para propor um vínculo. “Sabemos da dificuldade que é fazer futebol no Brasil. Quando vimos o Luverdense, um clube querido, pedindo ajuda, propusemos uma parceria. O Brasília cederia atletas e estrutura. Mas conversei com o presidente do clube e ele disse que já está sanando os problemas”, disse Bruno Mesquita, diretor de futebol do Colorado Candango, que conquistou a Copa Verde de 2014.
Pelas redes sociais, o Verdão do Centro-Oeste agradeceu o Brasília pelo “coleguismo” e disse: “Apesar da negativa, Lucas do Rio Verde jamais esquecerá uma atitude tão nobre. Respeito imenso!”.
A comoção veio também de quem é fiel ao Luverdense. Torcedor emblemático desde a fundação do clube, Tarciso Luis Trevisan apressou-se a buscar apoio. “Estamos todos envolvidos nesta semana para abraçar a causa e fortalecer o clube. A gente lançou uma campanha entre os amigos para ajudar o Luverdense. Como o clube não tem muitos associados, estamos contribuindo aqui entre a comunidade. Aqui é uma região de muito agronegócio também, né?!”.
“Nunca participei ativamente da diretoria, mas procurei ajudar no que podia o Luverdense. Acredito que o clube tenha condições de estrutura na parte financeira, mas o desafio agora é na parte administrativa. Tenho fé, tudo vai dar certo e em breve as coisas se ajustarão”, disse o torcedor.
Contratação de técnico
De um lado, o Luverdense segue o seu drama fora de campo. Do outro lado, o clube volta suas atenções para a temporada de 2020. Em novembro, a diretoria anunciou que Zé Roberto terá a missão de comandar a equipe em uma temporada na qual projeta a luta para se reerguer no cenário nacional.
De acordo com Helmute, o que falou mais foi a identificação entre o atual técnico e o Verdão do Centro-Oeste. “Ele é nosso ex-capitão aqui, nos tempos de glória do Luverdense ele foi um dos que mais ajudou. Confio no trabalho dele, sempre dei oportunidade para a turma que está começando e tomara que ele faça agora como treinador o que ele já fez dentro de campo”, destacou sobre Zé Roberto que, como zagueiro, fez parte da equipe campeã estadual em 2009 e liderou o time na campanha do acesso à Série B em 2013.
O dirigente também ressaltou que, mesmo em meio à turbulência quanto a uma nova diretoria, manteve o planejamento para a próxima temporada. “Eu tenho responsabilidade de deixar tudo pronto. Nossa apresentação para a pré-temporada já está marcada, com o elenco todo planejado. Tenho certeza de que o ano de 2020 terá boas novidades”, afirmou.
O novo treinador chegou a Lucas do Rio Verde para comandar a equipe. Ele estava morando em Curitiba (PR). A apresentação oficial da equipe para o Campeonato Estadual da primeira divisão que terá início em janeiro ainda não foi divulgada.
O novo treinador é quem deve definir o auxiliar técnico e preparador físico. O clube manteve os 14 jogadores do elenco que foi campeão da Copa Mato Grosso, em outubro e garantiu vaga na Copa do Brasil. A diretoria ainda contratou mais oito jogadores, sendo que alguns deles indicados pelo futuro treinador.