Dizem que uma das raríssimas vantagens da velhice é a diminuição da agressividade que acontece, como garantem os entendidos, pela menor oferta do hormônio testosterona ao organismo.
Como vivente que já está gozando – ou sofrendo – a última idade (aquela que alguns românticos costumam chamar de melhor idade) posso confirmar o déficit de testosterona e, mais ainda, a raridade das vantagens da velhice.
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Para dar a exata dimensão deste “raro” busquei, sem encontrar no português, um termo que superlativasse o superlativo “raríssimo”. Socorro-me então na língua de tribos indígenas do Amazonas: eles se valem de truques da oralidade para expressar grandezas maiores espichando as sílabas. Com esse suporte confirmo que são “rariiiiiiiiiiissimas” as vantagens da velhice.
Mas alguns de nós, mesmo tendo a testosterona diminuída pela idade, preserva a agressividade atávica e muitos se orgulham dela. É o caso do ex-presidente Lula que saiu da cadeia soltando fogo pelas ventas, atirando pra todo lado, inclusive, leviana e perigosamente sugerindo ao povo que use a violência nos protestos.
O Lula tem um dom especial de trabalhar, através da oratória própria para cada momento, a emoção do povo. Ele começou a carreira política como um sisudo e contundente líder sindical que confrontava a elite da época. Com essa máscara disputou e perdeu três eleições presidenciais. Mas, percebendo que precisava mudar se quisesse ser eleito, jogou no lixo a máscara de mal humorado e vestiu outra, a do “Lulinha Paz e Amor”. Com esta ganhou quatro eleições seguidas.
Nos discursos pós-cadeia o ex-presidente já indicou que vai usar as mais absurdas mentiras para convencer seus eleitores de que o Ministério Público, a Polícia Federal e o juiz Sérgio Moro é que são os bandidos não ele e sua turma.
Mentiras desse naipe ditas por líderes convincentes e inescrupulosos, principalmente com a facilidade de divulgar besteiras nas mídias sociais, têm um sério risco de criar situações que podem sair do controle e descambar para um confronto de consequências imprevisíveis.
O atual e delicado momento vivido por diversos países, principalmente da América do Sul, patrocinado na maioria deles por jovens, que são, pela imaturidade própria da idade, inconsequentes e facilmente manipulados, demanda governantes sensatos e responsáveis que ponham as coisas no lugar.
O Lula não tem o perfil para essa difícil missão, pois aos 74 anos de idade continua o mesmo mitomaníaco aferrado às mentiras que inventa e em que parece acreditar. Demonstra também não ter aprendido com muitas benesses e algumas asperezas da própria vida. Também não serve o belicoso Bolsonaro que escolhe sempre a via do conflito em desfavor de soluções diplomáticas. Ambos são, a meu ver, totalmente desqualificados para gerir possíveis turbulências futuras. Aliás, eles são causadores delas.
É um perigo institucional o confronto dos “Guerreiros do Povo Brasileiro” que agora estão soltos – e sem tornozeleira – com os defensores da volta do AI-5; cada um com 30% de preferência dos eleitores.
E o outro concorrente com chance – Ciro Gomes – é também um sessentão desequilibrado e briguento, doido pra botar gasolina na fogueira.
Deus nos livre dessa velharada com perfil de chefe de torcida organizada.
*RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor em Mato Grosso.
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