“Nas tumbas dos lugares religiosos encontraram-se espelhos sepultados cujo propósito, ostensivamente, era guiar os mortos em sua viagem além túmulo. Opacos, côncavos, polidos contém uma centelha de luz nascida no meio da obscuridade… E prossegue – “…ou no cruel espelho social de Los caprichos de Goya, onde a vaidade é ridicularizada e a sociedade não tem como enganar a si mesma, quando mira no espelho da verdade: acreditavas que era galã? Olha, na realidade és um macaco”. (Espelho Enterrado, Carlos Fuentes, Editora Rocco/2010 – pag. 11).
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Pois é, a nossa vaidade nos impede de enxergar a realidade que não nos agrada e preferimos continuar nos enganando. Será que enxergamos nós e o Brasil como realmente são, ou continuamos fugindo do espelho? Creio que o leitor tem esta resposta!
Talvez a palavra mais consentânea seja o fracasso. O nosso redondo e estrondoso fracasso que evitamos enxergar e vamos protelando a nossa cegueira “ad infinitum”.
Por que o Brasil não dá certo? Difícil de responder esta pergunta! Democracia, ditadura, golpes, revoluções, impeachment (s), esquerda, direita e derivativos. O círculo vicioso que se repete sem encontrar a solução para este dilema que aflige toda América Latina: o subdesenvolvimento. Sai de uma situação diz que a solução é outra. Sai da outra afirma-se que a solução é anterior. E nós continuamos batendo no peito das vaidades: nós somos nós, macaúba é um coco!
Não seria o caso de olharmos no espelho e nos conscientizarmos da imagem que nele se reflete, que não é de um galã, mas de um macaco? E a partir daí procurarmos uma solução ou um caminho? Ou vamos continuar ignorando o espelho e prosseguir fingindo que somos o que não somos?
A citação a seguir de Carlos Fuentes, no livro Adão no Éden, Porto Editora/2012, pag. 162, guardadas as devidas proporções, se aplica perfeitamente ao Brasil: “o México é um país apaixonado pelo fracasso, todos os revolucionários acabam mal, os contrarrevolucionários só disfarçam o fracasso, há uma falsidade enorme em tudo isto, cunhado, às vezes acreditamos que só a violência revolucionária nos salvará, às vezes que só a falsa paz contrarrevolucionária é a nossa saúde, vê o que se passa, usamos a violência sem revolução, a paz sem segurança, a democracia com violência, é o círculo vicioso, Adão como saímos dele?”
P.S – Se Thomas Edison tivesse acreditado em fracasso … nós ainda estaríamos vivendo na escuridão. Se Henry Ford tivesse desistido, nós ainda estaríamos nos locomovendo a cavalo … Se Alexander Graham Bell tivesse se rendido ao fracasso, gastaríamos menos tempo olhando para essas pequenas coisas de plástico, que chamamos de celulares)….” (Jader Meneses – 20 Citações sobre o fracasso que vão a inspirá-lo ter sucesso – Internet).
*RENATO GOMES NERY é advogado em Cuiabá e ex-presidente da OAB – Seccional de Mato Grosso.
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