A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo, ela se estende por nove países e abrange uma área de 7 milhões de km². No Brasil, o ecossistema ocorre em nove estados: Acre, Amapá, Pará, Amazonas, Rondônia, Roraima e parte dos estados do Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. Toda essa região é conhecida como Amazônia Legal, nome dado pela lei 1.806 de 06 de janeiro de 1953. Conforme estimativas do IBGE (2019) residem nos estados situados na Amazônia Legal 28.990.627 pessoas, população maior que a soma de países como Suécia, Noruega e Dinamarca.
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É indiscutível a importância e função da Amazônia para o mundo. A maior floresta tropical do planeta preserva uma biodiversidade sem igual e possui funções ambientais essenciais. Mas nesse território também existem milhões de pessoas que precisam ter acesso à educação, saúde, emprego e outras necessidades sociais essenciais.
A baixa densidade demográfica da Amazônia traz com ela muitos desafios. Qualquer serviço que for desenvolvido possui um custo maior que em outras regiões. Um exemplo está na educação, para se garantir acesso ao ensino em alguns locais na região amazônica, as pessoas precisam se transportar por longas distâncias e, mesmo assim, as turmas, em geral, possuem um número menor de alunos que nos grandes centros. Com isso o custo para se garantir a educação para um jovem pode em alguns casos ser bem mais elevado que em outras regiões.
Comecei esse texto falando de educação, pois acredito que essa seja a base para qualquer modelo de desenvolvimento. Na Amazônia temos grandes desafios desde o ensino básico até a pós-graduação. Hoje, por exemplo, não temos nenhum programa de pós-graduação com nota 7 (maior nota) na Amazônia Legal. Isso demonstra também que temos muito que avançar em relação ao desenvolvimento de ciência nesta região do país, uma vez que, no Brasil, os programas de pós-graduação são hoje os grandes responsáveis pela produção científica nacional.
Os desafios do mundo atual trazem também para região amazônica oportunidades. A região pode se transformar em um centro de desenvolvimento de pesquisa e geração de empregos verdes. Para o leitor que não está habituado com o termo, empregos verdes são aqueles gerados por atividades que reduzem o impacto ambiental ou não geral impacto. Tais atividades podem ser certificadas e com isso assegurar para o mercado a procedência sustentável dos produtos e com isso agregar valor.
Nos últimos anos, Mato Grosso vem realizando esforços para fomentar a geração de empregos verdes e demonstrar no âmbito nacional e internacional relevância das ações de desenvolvimento sustentável. Iniciativas como a estratégia Produzir, Conservar e Incluir (PCI) e a Partnership for Action on Green Economy (PAGE) demonstram o compromisso da sociedade civil, governo e empresários na construção de iniciativas sustentáveis.
O caminho escolhido pelo estado de Mato Grosso com certeza tem mais possibilidades de trazer muitos frutos positivos para economia, sociedade e meio ambiente, do que o caminho escolhido pelo governo federal, que apresenta um discurso retrogrado onde se insiste em negar a importância de diversos aspectos ambientais.
Precisamos garantir oportunidades e desenvolvimento para as pessoas que vivem na Amazônia Legal, e a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável é a melhor forma para assegurar a preservação desse importante ecossistema, e ao mesmo tempo, gerar oportunidades para as pessoas que nele vivem. Mas para isso, é preciso tratar o tema com seriedade no âmbito estadual e federal.
*CAIUBI EMAUEL SOUZA KUHN é professor do Instituto de Engenharia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
CONTATO: www.facebook.com/caiubi.kuhn