Vivemos dias ambíguos. Notícias otimistas são veiculadas todos os dias, como diminuição de taxa de juros, do desemprego, aumento da eficiência da segurança pública, aprovação da Reforma da Previdência, vinda de investimentos externos.
A par disso, conflitos internos também vêm diariamente rondar a tranquilidade do brasileiro. Fake News, manifestações agressivas nas redes, mal-entendidos, acusações vindas tanto da esquerda quanto da direita acabam por estremecer o clima político nacional.
Em que pese os dois quadros internos, manifesto aqui minha preocupação com fatores externos de relevante nocividade, que parecem estar sendo ignorados tanto pelo governo brasileiro quanto pelo povo.
Como sabemos e já aprendemos ao longo dos últimos anos, a esquerda tem alcançado significativas vitórias em vários países, especialmente na América Latina.
Não é novidade que o sonho do socialismo e do comunismo não deu certo em lugar algum do Planeta, mas seus simpatizantes e seguidores carregam consigo uma teimosia cega e persistente que chega a dar inveja na direita conservadora.
A esquerda não se divide. Permanece unida em favor de seu objetivo: estabelecer o socialismo. Aconteça o que acontecer, nada lhes tira o foco. Nem mesmo a prisão e condenação em várias instâncias de seu líder maior no Brasil foi capaz de convencer essas pessoas.
Já a direita, talvez porque recém desperta de um sono profundo, divide-se tanto por desinformação quanto por falta de um objetivo concreto e definido pelo qual lutar. Para piorar, sem objetivo definido, não há como traçar estratégias e a desorganização enfraquece ainda mais os conservadores.
Com esses dados em mente, olhemos para o que vem acontecendo ao nosso redor. O caos está tomando conta dos países fronteiriços e o Foro de São Paulo está cada vez mais forte ao nosso redor.
Não é exagero.
Para os que duvidam, faço aqui um breve resumo dos últimos meses:
Em 23 de setembro passado, o Brasil e outros países do tratado TIAR (Tratado Interamericano de Assistência Recíproca) aprovaram resolução para investigar pessoas e entidades ligadas a Nicolás Maduro com o narcotráfico e Terrorismo. No dia seguinte, o ditador venezuelano viaja à Rússia e seu principal colaborador e cúmplice, Diosdato Cabello, presidente “chavista” da Assembleia Constituinte vai à Coreia do Norte.
Ambos buscaram apoio dos aliados comunistas para a manutenção de Maduro no mandato, que é ignorado por cerca de 60 países. Detalhe: a Rússia é a segunda maior credora da Venezuela e Moscou tem importantes investimentos petrolíferos e interesse em venda de armas para Caracas. O apoio russo foi corroborado há poucos dias em Moscou, durante o Foro de Países Exportadores de Gás.
Em 30 de setembro outro vizinho brasileiro entra em colapso. Por conta de grave crise interna, o Congresso é fechado e as nomeações para o Tribunal Constitucional, suprema corte peruana, são suspensas. O presidente Martín Vizcarra argumentou que a escolha de seis dos sete juízes da corte estaria na contramão da vontade popular e decorreria do fujimorismo para abafar casos de corrupção.
Poucos dias depois chega a vez do Equador. Em 8 de outubro, manifestações tomaram conta do Palácio de Carondelet, que sediava a presidência, e foi necessário transferir a sede do governo de Quito para Guayaquill. O presidente Lenin Moreno atribuiu a Maduro e a seu antecessor a culpa pela instabilidade, que chamou de tentativa de golpe de estado. O pano de fundo da crise seria o aumento de combustíveis, o que levou milhares de camponeses e indígenas aos protestos. Foram doze dias de fúria em Quito contra as medidas de austeridade do governo.
Honduras também é palco de grave crise. No último dia 10 de outubro, a esquerda foi às ruas em protestos violentos exigir a queda do presidente Hernandez. Manifestações desse tipo já vinham ocorrendo desde junho passado, quando a derrota da esquerda completou dez anos. Mais recentemente, em 22 de outubro, a população volta às ruas protestando contra informações de que o presidente teria ligações com o narcotráfico.
México não está fora da lista dos latino-americanos desafortunados. No dia 18 de outubro, homens fortemente armados cercaram as forças de segurança, soltaram mais de 20 presos e aterrorizaram a capital, até que o governo concordasse em soltar Ovídio Guzman, um dos filhos do traficante conhecido como “El Chapo”. Mortes, caos, descontrole pelo Estado. O presidente, de esquerda, vendo a derrota das forças armadas sucumbidas, entregou seu país ao narcotráfico.
O Chile desde o dia 18 de outubro vive a maior crise dos últimos trinta anos. Deflagrada após aumento de tarifas de metrô, culmina com a exigência para que o presidente Sebastian Piñera renuncie. As ruas não dão trégua desde então. Caos, mortes, quebradeiras e decreto de emergência são a realidade chilena atual.
A eleição de Alberto Fernandez e Cristina Kirchner na Argentina dão igual panorama ao país vizinho, que se volta à esquerda.
Não nos esqueçamos que a Colômbia sucumbiu recentemente às FARC e que o Paraguai sofreu tentativa de derrubada do presidente Marito.
Por fim a Bolívia enfrenta, nesses dias, momentos turbulentos, movimentações ao estilo black blocks, mortes, desde a controversa reeleição de Morales ao quarto mandato consecutivo, cheia de suspeitas de fraudes e manipulação de resultados.
Em 22 de outubro passado, o braço direito de Maduro dá prova cabal de que estes movimentos estão todos ligados e articulados estrategicamente. Diosdado Cabello declarou textualmente: “o que está acontecendo no Peru, Chile, Equador, Argentina e Honduras é apenas a brisa. Um furacão bolivariano está chegando”. No mesmo evento, Maduro arremata: “ O plano, como o fizemos, está sendo cumprido. Vocês me entendem. O plano está em pleno desenvolvimento. Todas as metas que nos impusemos no Foro de São Paulo, estamos cumprindo uma por uma. A missão de movimentos sociais, progressistas, revolucionários, nacional-populares de toda a América Latina, Caribe e até do mundo”.
A nomenclatura Foro de São Paulo, na verdade, não existe mais. Deu lugar ao Grupo de Puebla e ao movimento PROGRESSIVAMENTE. A mudança foi necessária pelo desgaste decorrente da perda de poder da esquerda em vários países, o que fez escassear as fontes de financiamento, principalmente pela crise na Venezuela e pela derrota do PT no Brasil, agravada pelo combate à corrupção desde o início da operação Lava Jato
Assim como o Foro de São Paulo, rechaçam o que chamam de perseguição política contra Lula, protestam contra Bolsonaro, Duque, Moreno, miram o grupo de Lima e querem exterminar as ações democráticas da OEA.
O narcotráfico e outros grupos criminosos têm claro interesse na existência desses movimentos e a eventual junção dessas forças teria consequências inimaginavelmente trágicas para qualquer país.
O Grupo de Puebla também atua junto ao Judiciário, incluindo a lawfare (guerra da lei, ou seja, o emprego de manobras jurídico-legais como substituto de força armada, visando alcançar objetivos de política externa ou de segurança nacional de interesse da esquerda). Para além disso, foi recém-criado o Conselho Lationamericano de Justicia y Democracia (CLAJUD), que nada mais é do que a institucionalização do uso do sistema de justiça como arma de guerra política.
Um dos maiores obstáculos do grupo é o Ministro da Justiça Sérgio Moro, não apenas por tudo o que representa, mas pelas ações concretas de combate ao narcotráfico, o que vem descapitalizando constantemente o grupo.
Estamos, pois, diante de uma iminente guerra híbrida, com nosso entorno geográfico politicamente hostil, enfraquecido diante de informações distorcidas por fake news e pela mídia manipulada, quando por outro lado temos a possibilidade do fortalecimento interno da esquerda, com a viabilidade da soltura de Lula.
Daí a necessidade premente de que o Judiciário se mostre isento e forte, assuma a responsabilidade social sobre seus julgamentos e não sucumba aos apelos de Lula Livre, ou de anulação de processos da Lava Jato, sob hipótese alguma.
O legislativo também precisa fazer a sua parte. É necessário que leis que mirem o combate à corrupção, o fim do foro privilegiado e o pacote anticrime sejam votadas e aprovadas com prioridade, sem manipulações políticas e protelações que visem apenas autoproteção.
Nosso presidente Jair Bolsonaro também precisa continuar a fazer a sua parte. Coibir os abusos da Rede Globo e de outras mídias que diariamente denigrem sua imagem, tudo orquestrado por esse grupo criminoso, é fundamental. Divulgar os resultados positivos, tanto em relação à estabilidade econômica, ações da segurança pública, na área de direitos humanos, desenvolvimento e tantas outras é de extrema relevância
Minimizar pequenas crises causadas por declarações equivocadas ou despropositadas, agir de modo mais profissional nas redes sociais, compreender o tamanho e a força que tem, encher o Brasil de otimismo e confiança também é essencial.
É preciso dar a importância merecida a esses fenômenos externos, de modo a prevenir que se repitam no Brasil. Precisamos entender que a eleição de Bolsonaro abalou a esquerda em todo o planeta e que a possibilidade de um contra-ataque não é nada remota.
Trump está sob processo de impeachment e é isso que a esquerda quer repetir no Brasil com Bolsonaro.
É necessário que os países não dominados pela esquerda se unam e não deixem o caos reinar. Nós, brasileiros que confiamos neste governo, que torcemos para que dê certo, não podemos jamais deixar aberta a possibilidade de retomada da esquerda.
A você, leitor e eleitor, peço que cobre essa postura dos parlamentares em quem votou. Estamos diante de um risco que não precisamos correr, desde que haja prevenção e prudência.
*SELMA ROSANE ARRUDA é juíza aposentada e está senadora da República por Mato Grosso
Natural de Camaquã (RS), Selma Rosane Santos Arruda, a senadora Juíza Selma, eleita com 678.542 votos, parlamentar mais votada de Mato Grosso, dedicou grande parte da sua vida à magistratura. Ganhou a titularidade de “Moro de Saias” ao tornar-se a juíza responsável por decisões que entraram para a história de Mato Grosso.