Muita gente usa os termos “desodorante” e antitranspirante” como se eles fossem a mesma coisa. Mas, na verdade, eles são bem diferentes, principalmente em relação aos seus efeitos no corpo. Vamos entender essa história!

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O que faz o desodorante?

O desodorante tem como função apenas aliviar o odor que acompanha a sudorese. Ele possui substâncias antissépticas, como álcool e triclosan, diminuindo o crescimento das bactérias.

O suor, em si, não tem cheiro, uma vez que é composto basicamente por água e partículas de potássio, cloreto, sódio e amônia, por exemplo. As grandes responsáveis pelo odor são, na verdade, as bactérias que habitam sua pele. Esses micro-organismos, ao realizarem a decomposição de alguns dos elementos do suor, acabam criando outras substâncias, que liberam um cheiro desagradável.

Quando aplicar? O ideal é sempre fazer a aplicação do desodorante no início do dia, pela manhã. Talvez você precise reaplicar mais uma vez ao longo do dia, mas caso o odor esteja intenso e constrangedor, é preferível procurar ajuda de um dermatologista ao invés de simplesmente aumentar a frequência do desodorante.

Mito: é bastante comum encontrar histórias sobre a eficácia e efeitos colaterais de desodorantes. Mas nem todas são verdade!

Por exemplo: quantas vezes já ouvimos que é preciso trocar o tipo de desodorante com certa frequência porque o corpo se acostuma com a substância?

Pois saiba que o que afeta, na verdade, a eficácia do produto são as mudanças no seu organismo, que fazem com que você produza mais suor e bactérias, como alterações hormonais, ingestão de medicamentos e um novo estilo de vida.

Qual a função do antitranspirante?

O antitranspirante, como o próprio nome já diz, tem o objetivo de inibir o suor. Através da formação de tampões temporários na superfície da glândula sudorípara, no duto de passagem do líquido para o meio externo, o antitranspirante faz um bloqueio da expulsão de suor.

Isso acontece devido à sua composição à base de sais de alumínio e de zircônio, que desempenham o papel de tampões.

A glândula percebe que o fluxo não está saindo e para de produzir o suor, até você lavar a região e os tampões serem eliminados.

Geralmente esse produto é recomendado para quem tem hiperidrose, quando as glândulas sudoríparas produzem o suor em excesso (até quando a pessoa está em repouso).

Quando aplicar: à noite, antes de dormir e sobre a pele totalmente seca. De manhã cedo, sua ação é mais limitada. Os antitranspirantes levam um período para ter efeito. Por isso, o ideal é aplicar à noite, dando o tempo necessário para a ação durante o sono.

Você também pode fazer a reaplicação durante o dia, se for preciso. E há versões que pedem um espaçamento de dias entre as aplicações – leia os rótulos e converse com seu dermatologista.

Qual escolher

A escolha entre o desodorante e o antitranspirante é uma decisão bastante pessoal e depende apenas das suas necessidade. Se você apresenta umidade excessiva em regiões como axilas, mãos ou pés, e se sente incomodada com isso, o antitranspirante é uma saída, uma vez que ele é a principal forma de controle da produção de suor.

Caso você não sinta que sua transpiração está em excesso, é melhor aplicar apenas desodorante, já que não há necessidade de controlar o trabalho das glândulas sudoríparas.

Outro ponto a ser levado em conta na hora da escolha é o formato do produto: aerosol, spray, roll-on, bastão e creme.

Spray e aerosol são mais refrescantes, porém sua alta quantidade de álcool faz com que sejam mais irritantes, sendo também os que mais mancham as roupas, além de terem durabilidade menor e serem mais poluentes. Já os sólidos, como roll-on e bastão, são mais duradouros e menos sensibilizantes, mas não devem ser compartilhados, pois têm contato direto com a pele. Os que vêm em formato de creme são os mais hidratantes, ideais para quem se depila com lâmina ou cera.

Existem também os antitranspirantes manipulados especialmente para o seu caso, mas para obter um você deve ir ao médico. O dermatologista receita e a farmácia de manipulação faz o produto especificamente para as características daquele paciente. Então eu posso mudar a concentração, perfumes e substâncias antibacterianas. Normalmente, eles são recomendados para quem possui alergia a um ou mais componentes dos antitranspirantes vendidos em farmácias.

Antitranspirante: herói ou vilão?

É um fato que transpirar é muito importante o bom funcionamento do organismo. O suor ajuda a manter a temperatura corporal, porque quando ele evapora, o corpo é resfriado, mantendo a pele hidratada e eliminando substâncias.

Por isso, você deve tomar bastante cuidado ao aplicar produtos que inibem a transpiração. O ideal é conversar com um dermatologista que indique o produto ideal e a forma de aplicação. Isso porque, o excesso da substância pode levar à obstrução dos poros e inflamação da glândula. Outra consequência possível é irritação da pele devido ao alumínio e presença de álcool.

Mito: É provável que você já tenha ouvido que antitranspirante pode causar câncer e outras doenças, como Alzheimer. Por enquanto, não há nada que prove isso! Alguns estudos em fase inicial apontaram a relação entre exposição a alumínio com a formação de tumores em camundongos, mas não foram obtidas evidências que isso pode acontecer em humanos, principalmente devido ao uso de produtos com concentração não muito elevada do metal.

*NATASHA CREPALDI PEREIRA é médica especialista e mestre em dermatologia, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), da American Academy of Dermatology (AAD), e da Academia Europeia de Dermatologia e Venereologia (EADV).

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