A tomada de decisões dentro de uma empresa costuma ser pautada, muitas vezes, em dois aspectos: o econômico e o financeiro. Por outro lado, nem sempre os empresários compreendem muito bem esses conceitos dentro da gestão – cuja área acaba sendo designada a profissionais especializados. No entanto, adquirir esse conhecimento pode ser a chave para compreender melhor o negócio e facilitar a tomada de decisões – possibilitando elevar a performance.

De acordo com o professor associado da Fundação Dom Cabral (FDC), o especialista em finanças empresariais e estatística Agostinho Rocha Sant’Ana, o primeiro passo é desmistificar o que é o aspecto econômico e o aspecto financeiro, bem como compreender quais são as suas aplicações dentro da empresa. Com cerca de três décadas de atuação na área, o professor abordou o tema durante o programa Gestão Econômico-Financeira da FDC – que teve início nesta quarta-feira (6.11), em Cuiabá. A atividade segue até sexta (8.11).

“Tecnicamente, ‘econômico’ não é ter bens e patrimônios: é ter resultados. Lucro é um resultado positivo, enquanto que prejuízo é um resultado negativo. O ‘econômico’ não tem jeito de esconder. Você divulga: seja um novo produto ou o crescimento da empresa. Já ‘financeiro’ é o dinheiro – o pagar e receber (tesouraria/caixa). É íntimo e tem que ser assim, com poucas pessoas tendo acesso. Ele não deve ser divulgado nem para o público interno, nem para o público externo. Até porque o ‘financeiro’ deve ser estratégico”, ressaltou.

Neste viés, Agostinho citou exemplos cotidianos. “Do momento em que acordamos até quando vamos dormir, realizamos fatos ‘econômicos’ e ‘financeiros’. Por exemplo, trabalhar todos os dias é o fato ‘econômico’ e quando recebemos o salário no fim do mês é o fato ‘financeiro’. Em alguns negócios, o ‘econômico’ acontece primeiro e o ‘financeiro’ depois – algo que também pode ocorrer ao contrário. Em outros, os dois andam juntos. O que não pode é a empresa acabar controlando um e esquecer o outro”.

O professor reforçou que um negócio nada mais é do que um captador de recursos – seja humano, material ou natural. Estes, por sua vez, são aplicados a curto ou longo prazo com objetivo de gerar um resultado – ganhar algo. “Tanto que o processo decisório envolve definir qual o tipo de recurso você precisa e saber onde captá-lo, bem como escolher onde será aplicado e se isso será visando a curto ou longo prazo. Depois, é preciso apurar esse resultado. Saber qual tipo de lucro se refere (existem uns 20 tipos diferentes)”.

Agostinho explicou que o “econômico” em uma empresa é o retorno do recurso investido e o “financeiro” é o reflexo da sua política financeira – quanto mais liberal for, maior o risco. “A propósito, existem duas fontes de captação de recursos: própria ou de terceiros (a curto e longo prazo). Cada empresa tem que saber o que é mais vantajoso para ela. Saber o quanto está custando o capital de terceiros de curto prazo (passivo circulante) e de longo prazo (passivo não circulante) é uma informação que precisa estar na mesa dos empresários”, alertou.

Para Elaine Bottan, sócia-proprietária do Grupo Adriana – empresa que atua na área do agronegócio na produção de soja, milho e algodão –, expandir o conhecimento acerca desses conceitos básicos, como o que é “econômico” e “financeiro”, já contribuirá para aprimorar os negócios. “Trabalho com gestão de pessoas, mas sentia a necessidade de ampliar o meu entendimento sobre a área econômico-financeira. Entender a diferença entre o que é cada coisa é muito significativo e auxiliará a entender o negócio como um todo. Ter uma outra visão”, reiterou.

FDC 

Considerada a 10ª melhor escola de negócios do mundo em 2019 pelo jornal britânico Financial Times, a FDC foi criada em Belo Horizonte em 1976 e tem como missão a educação executiva, com atividades no Brasil e no exterior. Em Mato Grosso, a Fundação Dom Cabral é associada ao Grupo Valure. Mais informações pelo telefone (65) 3318-2600.