A péssima fase do Botafogo em campo, potencializada pela derrota por 2 a 0 para o Cruzeiro em casa, tem deixado os nervos à flor da pele. Esportivamente, o time despenca na tabela do Brasileiro. No âmbito financeiro, os atrasos tornaram-se corriqueiros, e o quadro de asfixia é uma realidade. E o problema político, ultimamente centrado nas brigas entre o grupo político “Mais Botafogo” e seus opositores, teve novo – e triste capítulo – na quinta-feira.

Após o Cruzeiro fechar o placar em 2 a 0 no Nilton Santos, membros do Conselho Fiscal protagonizaram grande confusão no Setor Oeste Inferior. Os atores principais da briga foram Ricardo Wagner (presidente do CF), Alexandre Cardoso (segundo secretário do CF), Joseli Pereira da Cruz (membro do CF), Carlos Eduardo Godinho (membro do CF e único de oposição ao “Mais Botafogo”) e Fred (sócio).

A torcida deu show no Nilton Santos, mas após o jogo houve confusão no Setor Oeste Inferior — Foto: Vicente Seda / GloboEsporte.com

A torcida deu show no Nilton Santos, mas após o jogo houve confusão no Setor Oeste Inferior — Foto: Vicente Seda / GloboEsporte.com

Um sócio presente à confusão, solicitando anonimato, narrou que a confusão se deu após protestos subsequentes ao segundo gol do Cruzeiro. De acordo com ele, Alexandre Cardoso e Ricardo Wagner partiram para cima de Carlos Eduardo Godinho. Ainda segundo o associado, Fred foi defender Godinho e acabou levando dois socos de Alexandre. Fred, em autodefesa, derrubou e imobilizou Cardoso. Por fim, o sócio relata que Fred acabou hospitalizado.

Alexandre Cardoso relata que Joseli Pereira da Cruz tentou defendê-lo de agressões de Fred, mas acabou imobilizado com uma gravata.

Confira os depoimentos abaixo:

Alexandre Cardoso, segundo secretário do Conselho Fiscal e coordenador do “Mais Botafogo”

“O que ocorreu é que eu fui agredido verbalmente e fisicamente pelo Godinho, Fred e pelo Ronaldo, todos do mesmo grupo. Tenho mais de 30 anos de arquibancada e nunca arrumei uma confusão. Mesmo no CF (Conselho Fiscal), não deixo de acompanhar o time na arquibancada junto à torcida.

Assim que acabou o jogo, eles começaram a xingar o Mais Botafogo mesmo sabendo que faço parte do grupo e até aí não vejo problemas, pois cada um tem o direito de achar o que quiser. Apesar de que eu não faria isso caso fosse o contrário, pois acho que o respeito tem que prevalecer.

Por fim, como no setor existem diversas pessoas que se conhecem, a “turma do deixa disso” separou toda confusão sem maiores problemas”.

Carlos Eduardo Godinho, membro do Conselho Fiscal e opositor ao “Mais Botafogo”

“A gente sempre assiste aos jogos juntos ali, não tem negócio de oposição. Fiquei doido com o segundo gol, bati na parede e falei “Acabaram com o Botafogo”. Aí o Alexandre, que estava do meu lado e eu não vi, perguntou: “Você está falando comigo?” Eu disse: “É para toda essa diretoria, que acabou com o clube”.

A partir daí o Alexandre partiu para cima de mim, eu me posicionei para me defender, e o Ricardo Wagner veio pela direita. E eu com a minha filha. Era uma garota que estava no meio, e eles covardemente vieram. O Fred veio me defender dele (Alexandre), que queria me agredir pelas costas. O que aconteceu foi isso”.

Godinho ainda publicou longo texto em suas redes sociais. Confira:

“Em resposta à versão do Sr. Alexandre sobre o ocorrido no setor Oeste do Nilton Santos, gostaria de esclarecer que não xinguei e nem agredi ninguém. Relato o ocorrido: Após o segundo gol, gritei “acabaram com o Botafogo”. Após isso, ele veio na minha direção perguntando se eu estava falando com ele, e eu disse que era para todos da diretoria.

O Ricardo Wagner veio pela direita me xingando, perguntei a ele se ele ia me agredir, e ele sequer respeitou o fato de eu estar com a minha filha ao meu lado.

Quanto ao senhor de 68 anos que supostamente levou uma “gravata”, Alexandre esqueceu de mencionar que ele estava no meio dos agressores, tendo inclusive participado da agressão covarde ao Fred quando ele estava caído no chão. Na verdade, ele foi contido pois veio por trás para me agredir, pedi para soltarem ele e na hora foi feito.

Parece que idade dele só importa agora, pois este mesmo senhor de nome Joseli, membro do Conselho Fiscal, já me mandou me f… e partiu para cima de mim em uma reunião do CF. Na reunião seguinte, ele levou um balde de cerveja e colocou na mesa da reunião do CF.

Acho que não existem duas realidades e será muito fácil saber a verdade, basta solicitar as filmagens do estádio. Ainda sobre duas versões da história, basta ver o histórico da dupla Alexandre Cardoso e Ricardo Wagner. Esta é a quarta vez que tentam agredir um sócio nas dependências do clube, sendo uma delas dentro de uma reunião do Conselho Deliberativo, como foi noticiada na mídia.

Espero que os presidentes do Conselho Diretor e do Conselho Deliberativo tomem uma atitude, pois não é possível que expressar suas opiniões dentro do Botafogo seja motivo para ser agredido fisicamente.

Para finalizar, se acham que este tipo de atitude vai me intimidar e fazer com que eu pare com os questionamentos sobre os contratos do clube, podem esquecer. Eu fui eleito conselheiro para defender os interesses do clube e não os meus. NUNCA recebi ingressos de conselheiro, não frequento camarotes e não pleiteio benemerências.

Saudações alvinegras,

Carlos Eduardo Godinho”.

Fred (sócio):

“Ali é um lugar que vai a família, costumo levar meus filhos. Não conhecia Ricardo nem o Alexandre, não sabia nem quem era o Alexandre. Quando o time perdeu, eu já estava indo embora, procurando minha carona. Godinho ficou revoltado com a situação e foi fazer um protesto. Lembro dele batendo na parede com a filha dele. O Alexandre veio para a esquerda para pegá-lo, e eu falei: “Sai daqui”. Empurrei o cara com a mão e o afastei. O cara ainda tentou me dar dois socos. (Globo Esporte)