Três homens foram assassinados a tiros no final da tarde desse sábado (26) no garimpo ilegal de Aripuanã, a 978 quilômetros ao Norte de Cuiabá. Segundo a Polícia Civil de Aripuanã, as vítimas estavam em uma caminhonete e morreram no local.
A Polícia Judiciária Civil informou que investiga o caso para identificar os autores do crime e a motivação.
Osmir Zeferino, de 48 anos, e o filho dele, Matheus Paes Zeferino, de 20 anos, foram assassinados no garimpo de Aripuanã — Foto: Facebook/Reprodução
O motorista foi identificado como Osmir Zeferino, de 48 anos. No banco do passageiro estava o filho dele, Matheus Paes Zeferino, de 20 anos. O genro de Osmir, Klidio Henrique Richieri Pereira, de 26 anos, estava no banco de trás.
O triplo assassinato ocorreu a 14 km da cidade dentro do garimpo alvo de uma operação para desocupação da área há menos de três semanas.
Corpos de pai, filho e genro estavam em caminhonete no garimpo ilegal de Aripuanã — Foto: Polícia Civil de Aripuanã(MT)
Os policiais foram informados por moradores que encontraram as vítimas na caminhonete. Uma força-tarefa de policiais civis e militares foi ao local e encontrou os corpos.
De acordo com a Polícia Civil, que analisou o local do crime, as vítimas não tiveram nenhuma chance de se proteger. A suspeita é de que eles estavam falando com o ou os autores do crime no momento dos disparos. Os corpos foram removidos para exame de necrópsia.
Até a manhã deste domingo (27) não havia nenhum suspeito preso ou identificado pela polícia.
Operação em Aripuanã foi feita por policiais federais — Foto: Polícia Federal de Mato Grosso/Assessoria
O garimpo
Há quase um ano o garimpo ilegal atrai aventureiros e curiosos em busca de ouro na região de Aripuanã. A situação já foi alvo de investigação da Polícia Federal em 2018 e reuniu autoridades, no entanto, a exploração continuava sem qualquer tipo de controle.
A área explorada ilegalmente registrou acidentes, soterramentos, mortes e assassinatos ao longo de quase um ano.
Estrutura montada por garimpeiros em Aripuanã — Foto: Cláudio Alfonso e Sérgio Gouvea/TV Centro América
No dia 7 de outubro, a Polícia Federal realizou a 2ª fase da ‘Operação Trype’ e retirou mais de 700 garimpeiros do local.
A estrutura montada em meio a floresta amazônica impressionou a polícia. Foram encontradas 25 retroescavadeiras, que eram usadas para escavar as encostas. Grandes geradores faziam a ventilação em crateras por onde garimpeiros desciam até 60 metros de profundidade para encontrar jazidas.
Imagens feitas do alto revelam o tamanho do estrago na região do garimpo. São quilômetros de mata devastada, onde, segundo a Polícia Federal, estavam vivendo cerca de 2 mil pessoas. Estradas foram abertas e casas construídas.
Garimpo ilegal fechado em operação tinha quadrilha que extorquia garimpeiros em Aripuanã — Foto: Cláudio Alfonso e Sérgio Gouvea/TV Centro América
Depois da desocupação do garimpo ilegal pelas forças de segurança, o prefeito Jonas Rodrigues da Silva, o Jonas Canarinho (PR), decretou situação de emergência social no município.
Um levantamento feito pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) aponta que os casos de malária aumentaram 195%, entre 2018 e 2019, em Aripuanã. No ano passado foram registradas 180 notificações da doença. De janeiro a outubro deste ano, foram 532 novos registros.
Operação Trype é realizada em garimpo ilegal em Aripuanã — Foto: Ciopaer
A SES afirma que esse aumento, provavelmente, está relacionado à instalação do garimpo ilegal, na região. Ainda segundo a secretaria, essa quantidade de casos é considerada surto da doença, no município.