Depois da goleada por 5 a 0 do Flamengo sobre o Grêmio e a vaga assegurada na final da Libertadores, Jorge Jesus apareceu rouco para conceder entrevista coletiva no Maracanã. O treinador exaltou a torcida rubro-negra e chamou de “sonho” a classificação desta quarta-feira.

– Estou um pouco rouco! Quero agradecer aos jogadores por este feito, por este sonho que a torcida do Flamengo há muitos anos estava procurando. E eles nos mostraram o por quê… São únicos, diferentes, apaixonados. Fizeram um ambiente único no mundo. Não sei se a final vai ser no Chile, mas vamos estar. Chega na final é importante, mas o mais importante é ganhar. Vamos desfrutar e depois pensar no jogo de domingo, que é muito importante também.

Perguntado sobre qual é o melhor time do Brasil, Jesus evitou entrar em polêmica.

– Não quero ser eu o dono da verdade. Cada pessoa e cada treinador tem sua opinião. Transmito minha opinião naquela altura pelo fato do Flamengo ser o líder do campeonato e não mais que isso. Não é o fato de ganharmos por 5 a 0 que vou mudar a opinião que o Grêmio é uma equipe de muita qualidade, capaz de disputar os primeiros lugares do Brasileirão. Temos que dar parabéns aos vencidos. O Flamengo foi muito forte, fez quatro gols de bola parada, trabalhamos muito essa semana, e estamos na final.

Veja outras respostas do treinador:

Rafinha e Arrascaeta
– O Flamengo não é só jogadores, comissão técnica. Somos todos. A qualidade do departamento de futebol e do departamento clínico do Flamengo. Não nos falta nada. A equipe como um todo tem uma estrutura muito grande para enfrentarmos as dificuldades. A equipe não descansa, joga sempre e demonstra que é competitivo. Quero agradecer por estar no Flamengo. Vamos seguir com muita alegria. Ainda não conquistamos nada.

Emocionado pelo 5 a 0?
– Não estou emocionado, estou rouco (risos). Claro que não imaginava 5 a 0. Tenho muito respeito pelo Grêmio. Não esperava que seria fácil. Em Porto Alegre, o VAR salvou o Grêmio. Sabia que íamos ganhar a eliminatória. A equipe é muito confiante. Em quatro meses, está jogando de olho fechado. É um time que tem prazer de jogar e não sente a pressão.

Repercussão em Portugal
– Sei que o jogo foi transmitido em Portugal, começou 1h da manhã, terminou 3h da manhã, e sei que os índices de audiência foram top. Quero mandar um abraço para Portugal.

Jorge Jesus comemora com os jogadores do Flamengo no gramado do Maracanã — Foto: André Durão

Jorge Jesus comemora com os jogadores do Flamengo no gramado do Maracanã — Foto: André Durão

O que mudou no Flamengo?
– Mudou a proposta que apresentamos e eles acreditaram na nossa ideia de jogo. Isso passa por muitas nuances. Uma coisa é ensinar e outra é saber ensinar. Fizemos uma proposta de uma dinâmica de jogo onde cada vez mais eles se conheceram. Foi uma demonstração contra o Grêmio de quatro gols de bola parada. Os jogadores têm qualidade individual para decidir essas competições. Cheguei para comandar uma equipe em Portugal como o Flamengo que não ganhava títulos e hoje ganha. Um grande clube tem que ter história e títulos. Se calhar, esse é o primeiro passo para o Flamengo ter a hegemonia no futebol brasileiro.

Campo neutro
– Acho que uma final em campo neutro e um só jogo é muito mais apaixonante, interessante, mística para os próprios clubes. Eu defendo.

Finais continentais
– É minha terceira muito importante. Tive duas, infelizmente perdi, uma nos pênaltis e outra aos 92 minutos. Só perde e ganha quem chega. Quem não chega, nunca vai perder. Entre a resolução, a tristeza e a satisfação, há muita proximidade. Em Portugal, costumamos dizer que vamos a final para ganhar. E é isso que pensamos.

Escalação
– 
Tenho que escalar quem está em melhor condição. E na semana eu trabalhei com o Arrascaeta e o Rafinha, e sabia que ambos poderiam colaborar com sua fantasia. Provaram que estavam em condição. Não ficaram muito tempo parados. Quando se é treinador, tem que tomar decisões e riscos. Penso pela minha cabeça, foi assim que fiz, e tenho que definir minhas condições.

Duelo tático
– O Grêmio entrou bem no jogo. Projetamos essa equipe de que seria diferente em termos gerais, visto que o Luan e o Jean Pyerre estavam fora e iam jogar no 4-3-3. Já tinham feito isso contra o River no ano passado e sabíamos qual dinâmica seguir se fosse assim. Não é fácil parar o Grêmio quando entra na zona ofensiva. Portanto, foi mais isso. Percebi a ideia do treinador de fechar o corredor central e fizemos coisas para que isso não tivesse efeito. (Globo Esporte)