Cooperar é uma palavra que tem várias definições. Uma delas é operar em conjunto, é – o que podemos dizer – ser coautor(a) de uma mesma obra. Esses “coautores” são chamados de agentes transformadores da sociedade. É assim que tratamos as pessoas envolvidas com o cooperativismo.
Independentemente da área de atuação da cooperativa, o propósito é que as pessoas cresçam juntas, ação que contribui diretamente para a redução da desigualdade econômica e social. E quando se fala em cooperativismo de crédito, dizemos que essa transformação caminha ao lado do empoderamento financeiro.
Leia Também:
-Trinta anos de desafios, sonhos e conquistas
Empoderamento que não se traduz em independência com individualidade, mas sim em independência com união e desenvolvimento coletivo. Ou seja, o cooperativismo de crédito atua criando oportunidades para que as pessoas possam se organizar, planejar, trabalhar e realizar sonhos.
Neste dia 17, na 3ª quinta-feira de outubro, celebramos o Dia Internacional das Cooperativas de Crédito (DICC). A data, comemorada mundialmente, nos faz um convite para refletir sobre a história, as conquistas e os diferenciais do cooperativismo de crédito. Em 2019, a data leva o tema “Serviço local. Alcance global.”, e tem o objetivo de mostrar como a soma da atuação local das cooperativas de crédito resulta em um impacto positivo mundial. Isso porque, os benefícios do cooperativismo de crédito criam raízes, que se ramificam e se estendem a outros territórios, e promovem um efeito cascata de desenvolvimento econômico e social, o que resulta em um mundo melhor e de oportunidade para todos.
O Cooperativismo de Crédito tem tradição e continua sendo moderno, porque é feito de histórias e precursores – em diferentes lugares do mundo – que acreditaram ser este o caminho de uma vida mais igualitária e justa. Desde Friedrich Raiffeisen, na Alemanha, até Theodor Amstad, no Brasil, chegando inclusive a ter um representante de peso em Mato Grosso: o padre João, desbravador do cooperativismo local e considerado patrono do Sicredi em Mato Grosso.
Batizado como Johannes Berthold Henning, o padre João nasceu na Alemanha em 1934 em uma família tradicional. Foi apresentado à religião católica pela avó paterna e aos sete anos já era coroinha.
Após cursar Pedagogia entrou para o seminário e foi ordenado padre em 1962. Cinco anos depois chegou ao Brasil, especificamente em Mato Grosso. A convite do bispo da época, Dom Wunibaldo, assumiu a paróquia de Bom Jesus, em Juscimeira.
Naquela época, o lugar reunia duas glebas (Juscilânia e Limeira) e não tinha nenhuma infraestrutura. Carente de tudo – água encanada, energia elétrica e posto de saúde, por exemplo, e com residências e comércios precários -, foi nesta região que o padre João arregaçou as mangas e colocou em prática o cooperativismo.
Ao unir a fé em Deus e nas pessoas, trabalhou duro para ensinar e encorajar os moradores da região a confiar neles mesmos e a mostrar como o trabalho conjunto os ajudaria chegar mais longe.
Foi assim, com o apoio e orientação do padre João, que os produtores rurais da região se uniram para fortalecer a produção agropecuária – atividade econômica que ainda predomina no município – e assim constituir a Cooperativa Mista Agropecuária de Juscimeira (Comajul), que até hoje serve toda a região e tem papel muito importante na economia local. Padre João foi um dos fundadores da Sicredi Vale do Cerrado, e apoiou na constituição de muitas outras cooperativas de crédito em Mato Grosso.
Assim como o grande líder comunitário que foi o Padre João, o Sicredi está sempre focado no legado do cooperativismo de crédito, e segue engajado num novo projeto: ser signatário dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), do qual o Brasil já é signatário. Quer somar forças para um chamado universal contra a pobreza, para proteção do planeta e para proporcionar que todas as pessoas tenham paz e prosperidade. Para atingir essas metas, uma agenda global com 17 objetivos é listada pela ONU, e provoca ações de governos, do setor privado, sociedade civil e cidadãos para que sejam alcançados.
As ações promovidas pelo Sicredi coincidem com pelo menos 16 ODS, em menor ou maior intensidade. O simples fato de o Sicredi ser a única instituição financeira em mais 200 cidades brasileiras mostra a importância dada às comunidades, independentemente do número de habitantes ou vocação econômica.
Ao oferecer crédito e estimular o desenvolvimento dos associados; desenvolver o Programa A União Faz a Vida nas escolas; arrecadar alimentos, promover passeios ciclísticos e corridas, ou o plantio de mudas de árvores, por exemplo, o Sicredi realiza ações em linha com alguns ODS como: Redução da Pobreza, Educação de Qualidade, Fome Zero e Agricultura Sustentável, Saúde e Bem-estar e Ação Contra a Mudança Global do Clima.
Iniciativas que sempre fizeram parte da agenda do cooperativismo de crédito, desenvolvido há 116 anos no Brasil e vão ao encontro de uma agenda global atual da qual o Sicredi quer fazer parte oficialmente, pelo bem comum das comunidades, dos municípios, do país e do planeta. O desenvolvimento individual pode ser potencializado pelo esforço coletivo. É por isso que o Sicredi, enquanto instituição financeira cooperativa vai além de soluções e trabalha para melhorar a vida financeira de seus associados ao mesmo tempo em que ajuda a trazer qualidade de vida para a comunidade. Para nós, todo dia é Dia Internacional das Cooperativas de Crédito.
*JOÃO CARLOS SPENTHOF é presidente da Central Sicredi Centro Norte e presidente do Conselho de Administração do Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop).