Com o auditório da Câmara de Vereadores de Juína lotado, mais de 315 pessoas participaram   de uma audiência pública para discutir a implantação de uma Escola Cívico-Militar no município. Foram mais de quatro horas de discussão, mostrando que o anseio da maioria da população juinense é pela instalação de uma unidade escolar neste modelo. Os deputados estaduais, Delegado Claudinei e Sílvio Fávero, ambos do PSL, participaram do evento, representando a Assembleia Legislativa de Mato Grosso.

“Mês passado eu e Silvio estivemos em Jaciara, também para uma audiência púbica. Foi uma solicitação do prefeito que está na fase final da construção de uma escola municipal, com mais de 400 vagas em um bairro de alto índice de criminalidade. Lá, o prefeito nós procurou porque quer implantar nessa unidade uma escola militar e para isso está dando um prédio novo e mobiliado. Isso é um exemplo e fora Jaciara tem mais de 70 municípios que solicitaram essa escola militar”, informa Claudinei.

De acordo com o parlamentar, o Governo Estadual tem dado preferência para municípios que tenham Risp (Região Integrada de Segurança Pública), como é caso de Juína, que possui a Delegacia Regional da Polícia Civil e também abriga o 8º Comando Regional da Polícia Militar. Segundo ele, muitos professores sofrem violência e ameaças dentro da escola. Além disso, recebem ligações de dentro da penitenciária, sendo ameaçados porque algum de seus alunos é filho de pai ou mãe de um preso dentro da cadeia.

“Em um distrito de um município da região sul um aluno chegou a envenenar o professor, que só não morreu porque recebeu atendimento rápido. A Escola Militar, com a gestão compartilhada entre militares e professores da Seduc, trabalham a disciplina, o respeito aos professores, a seus pais, aos seus próximos. Trabalha o respeito a seu país, o Brasil. Há 40 anos eu cantava o hino do Brasil, quando estudava no Ensino Fundamental, e tinha orgulho de cantar”, ressaltou o deputado.

O deputado Silvio Fávero, autor da lei 10.922/2019, que dispõe sobre a implantação de escolas cívico-militar em Mato Grosso, em conversa com a secretaria municipal de Educação, Vera Lúcia Granja, disse que há uma escola estadual alternativa em Juína com capacidade de abrir até mil vagas, contando os três turnos. Lembrou também que o ministro Sérgio Moro aprovou um decreto em que destina R$ 51 milhões para instalação de novas escolas militares pelo país.

“O governador deve sancionar na terça-feira uma lei para que o Estado receba R$ 71 milhões que vão vir das lotéricas. Serão R$ 1 bilhão para a Segurança Pública de todo país e Mato Grosso é o terceiro estado a se habilitar. Esse valor é destinado para a Segurança e não vai cair na conta da Fonte 100. Agora, cabe ao governador criar o conselho e administrar o recurso. E sobre a escola militar, quem não quer o filho bem educado e bem formado? Falta nas escolas disciplina, hierarquia, princípios básicos, civismo, o respeito a leis, acima de tudo a família, aos professores e Deus. Os números mostram como as escolas militares estão à frente das tradicionais”, disse Fávero, lembrando no estado existem apenas oito escolas militares.

O tenente-coronel que está à frente do 8º Comando Regional de Juína, Wender Sodré, disse que o civismo não é símbolo de autoritarismo. “Cultuamos o civismo e isso pode ser feito em qualquer escola. O que temos feito dentro das escolas militares é dar o exemplo, sempre. Não vamos contra a legalidade porque senão o Conselho de Educação não teria liberado. A gestão militar cria um ambiente diferenciado. A farda não afasta ninguém, ela é para proteger e não para intimidar”, explanou Sodré.

O autor da audiência, vereador Aélcio Moreira, conhecido como Neguinho Borracheiro agradeceu a participação de todos e que é um sonho de vários alunos estudarem nessa escola militar, por isso, fez a indicação. “Estou aqui mais para ouvir do que falar. Coloquei essa indicação para ouvir a comunidade de uma forma em geral. Juara tem escola militar e nada mais justo que trabalharmos no apoio desse projeto”, explanou Neguinho.

O prefeito de Juína, Altir Peruzzo, enviou um comunicado justificando sua ausência no evento por motivos de cuidados com a saúde. A secretária municipal de Educação, Vera Lúcia Pereira Granja, participou do evento e disse que o projeto tem que ser analisado, ouvindo os assessores pedagógicos, bem como os aspectos jurídicos e epistemológicos. “Não é uma questão de ser a favor ou contra nas discussões. No campo das ideias, não se aceita acesso restrito”, afirmou Vera.

O presidente da Câmara de Vereadores, Eduardo Rodrigues da Silva, se posicionou a favor da escola militar. “Trouxemos essa demanda para o município e essa discussão já deveria ter acontecido. Tenho certeza que Juína será agraciada com a escola cívico-militar”. O ex-prefeito Hilton Campos também é favorável à implantação desse modelo educacional. “Sou totalmente favorável às escolas militares em Juína e em todos os municípios brasileiros”.

Também participaram da audiência pública o diretor da escola militar Tiradentes, em Juara, tenente-coronel Waldir Félix de Oliveira; vereadores Geraldinho, Paulo Tiepo, Saulo Evangelista, Tonhão do Rancho; representantes do Exército Brasileiro e do Corpo de Bombeiros, médicos e empresários da região.

DEMANDAS 

Antes da audiência, os deputados estaduais, Delegado Claudinei e Sílvio Fávero, cumpriram agenda no município. Eles conheceram o 8º Comando Regional da Polícia Militar em Juína, onde viram a necessidade de indicar uma viatura, já que o comando representa 17 municípios e hoje conta apenas com uma caminhonete para atender as ocorrências. Os parlamentares estiveram na Cooperativa dos Produtores Rurais para Ajuda Mútua (Copropam), onde também receberam algumas demandas. Por fim, estiveram na Delegacia Regional da Polícia Civil, onde faltam viaturas e efetivos, principalmente, de delegados.