O juiz Leonísio Salles de Abreu Júnior, da 1ª Vara Cível de Chapada dos Guimarães, a 68 quilômetros ao Norte de Cuiabá, o Estado de cobrar do Santuário de Elefantes aproximadamente R$ 50 mil em Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) pela elefanta Ramba, que foi resgatada de um circo no Chile e está a caminho de Mato Grosso.
O magistrado atendeu pedido urgente da associação que conseguiu a transferência do animal de 5 toneladas que chegará ao Brasil nesta quarta-feira (16).
O animal de 52 anos estava abrigado em uma propriedade no Chile, após ser resgatado de um circo no qual fora vítima de maus tratos por 30 anos. O juiz de Chapada dos Guimarães argumentou que em termos práticos, a elefanta Ramba não foi adquirida pela entidade e nem a pertence em termos patrimoniais, para que seja considerada como mercadoria ou bem adquirido onerosamente para fins de importação.
“Sua posição, longe de ser de mercadoria (como era na vida de exploração que seus antigos donos lhe submetia), é agora a de hóspede, que procura para si um novo destino à margem daquilo que a maldade humana já lhe causou”, ponderou, na decisão.
Além disso, a retenção do animal para fins de ordem tributária no caso em questão iria ferir Constituição Federal, que veda quaisquer práticas que submetam os animais à crueldade.
“Donde se avulta o risco de dano irreparável, a autorizar o deferimento da tutela liminar. Afora a questão de natureza tributária, não se pode olvidar a que a cobrança do imposto, com possível retenção aduaneira, implicaria demasiado sofrimento a Ramba, potencializado pelo imenso desgaste físico e emocional ocasionados pelo transporte aéreo. Assoma-se a isso, a impossibilidade estrutural de permanência do animal já informada de forma veemente e com certa preocupação pela administração do aeroporto de Viracopos, local em que desembarcará a aliá, a seu novo lar”, concluiu o magistrado.
Elefanta Rana se encontra no Santuário de Elefantes Brasil (SEB), em Chapada dos Guimarães — Foto: TV Centro América/Divulgação
A transferência de Ramba é resultado de uma parceria de vários anos entre o Global Sanctuary for Elephants (GSE), da organização Ecópolis do Chile e da Associação Santuário de Elefante do Brasil. A elefanta Ramba ficará na companhia de Maia e Rana (as duas anfitriãs do Santuário).
Ramba foi comprada em 1980 na Argentina. No final dos anos 80 começou a se apresentar em vários circos, onde vivia acorrentada e forçada a obedecer ordens e a participar de apresentações no picadeiro. Chegou ao Chile em 1995 e foi confiscada pelo Serviço Agrícola e Pecuário do Chile por questões relacionadas a abusos, maus tratos e posse ilegal de animais.
Em 2012, uma ONG Chilena soube que Ramba estava na cidade com o circo e, após o impacto da triste situação em que se encontrava, começou uma campanha para seu resgate. Somente por ordem judicial, Ramba foi removida do circo e levada ao Parque Safári Rancágua onde permaneceu em um pequeno celeiro. Todavia não se adaptou ao rigoroso inverno chileno e com o solitário habitat.
Agora ela vai viver no Santuário, em Chapada dos Guimarães, com os outras duas elefantas.