A NASA recebeu no início de outubro uma aeronave totalmente elétrica, chamada X-57 Maxwell. O equipamento passará por testes nos próximos meses, e o primeiro voo está previsto para 2020. O X-57 é o primeiro avião experimental totalmente elétrico da NASA e o primeiro avião tripulado em 2 décadas. Ele foi entregue pela Empirical Systems Aerospace (ESAero) de San Luis Obispo, Califórnia, na semana passada, na primeira das três configurações como uma aeronave totalmente elétrica, conhecida como Modificação II ou Mod II.
“A entrega da aeronave X-57 Mod II à NASA é um evento significativo, marcando o início de uma nova fase nesse emocionante projeto”, disse o gerente de projeto da X-57, Tom Rigney. “Planejamos compartilhar rapidamente lições valiosas aprendidas ao longo do caminho à medida que avançamos em testes de voo, ajudando a informar o crescente mercado de aeronaves elétricas.”
Eletricidade nas alturas
Embora já existam alguns modelos de aeronaves elétricas no mercado, como o avião de treinamento ALPHA Electro da Pipistrel, o projeto X-57 é singular porque está não apenas testando um sistema de propulsão elétrica, mas também estudando como os motores elétricos podem mudar a aerodinâmica da aeronave e criar novos designs.
A fase inicial de testes da aeronave utilizará dois motores elétricos montados sob as asas e hélices giratórias, semelhantes aos motores de pistão convencionais. Os testes progredirão para um design radicalmente diferente: uma asa muito mais fina, com dois motores principais nas pontas das asas e 12 motores menores ao longo da borda principal da asa.
O objetivo é que os motores menores adicionem sustentação extra para decolagem e pouso, dobrando suas hélices durante o voo para reduzir o arrasto. Com uma asa mais estreita, os engenheiros pretendem aumentar a eficiência do X-57 em 500%. Esse projeto não seria viável com motores convencionais.
Aviação e sustentabilidade
Embora a aviação emita cerca de 2,4% das emissões globais de gases de efeito estufa, a demanda por voos está crescendo rapidamente, e as emissões resultantes devem triplicar até 2050. Enquanto isso, os cientistas dizem que, para limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius neste século, o mundo terá que reduzir pela metade as emissões totais até 2030. A X-57 Maxwell é um pequeno passo para tornar realidade a viagem aérea com emissões zero.
A preocupação quanto às emissões cresceu a partir do momento em que as pessoas começaram a refletir sobre como conciliar seus hábitos de viagem e o impacto que elas causam ao meio ambiente. Por isso engenheiros estão tentando encontrar maneiras de descarbonizar as viagens aéreas, e os aviões elétricos são uma alternativa promissora. “Acredito que esse seja um dos tópicos mais importantes no momento em engenharia de aeronaves”, ressalta Andreas Schäfer, professor de Energia e Transporte da University College London.
Além disso, a propulsão elétrica parece ser menos complicada mecanicamente, e isso poderia, em teoria, reduzir os custos operacionais — razão pela qual algumas companhias aéreas desejam aviões elétricos.
Quero voar nele; posso?
Então, quando você poderá comprar uma passagem para um avião elétrico? Além dos testes, os reguladores da aviação precisarão criar novos protocolos de segurança para governar componentes, como as baterias maciças que os aviões elétricos exigirão. E embora a tecnologia da bateria esteja melhorando, ela não chega nem perto do combustível da aviação em termos de densidade de energia, portanto os aviões elétricos serão limitados a rotas mais curtas no futuro próximo.
Isso significa que provavelmente serão necessárias décadas até que as aeronaves elétricas afetem as emissões de carbono das viagens aéreas. Enquanto isso, as questões éticas sobre viagens de avião permanecerão.
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